Campeão da Copa do Mundo e vice-campeão mundial em 2025, brasileiro é o grande favorito na etapa de Foz do Iguaçu do circuito mundial de tênis de mesa. Com apoio do Bolsa Atleta há mais de 15 anos, Hugo lidera geração que transformou a modalidade no Brasil. Confira detalhes da entrevista com o maior atleta do Brasil na atualidade na TVT News.
Com o nome no top 10 do ranking mundial desde 2018 e uma temporada histórica em 2025, Hugo Calderano é a principal estrela da etapa brasileira do WTT (World Table Tennis), em Foz do Iguaçu (PR). Número 3 do mundo e cabeça de chave número 1 da competição, o brasileiro de 29 anos chega como favorito absoluto após uma sequência de quatro finais consecutivas, incluindo os títulos da Copa do Mundo e das etapas do WTT na Eslovênia e na Argentina, onde também venceu a dupla mista ao lado de Bruna Takahashi.
Calderano, que treina e vive na Alemanha há mais de uma década, volta ao país com o status de ídolo consolidado. Um nome que ultrapassa os limites do esporte e se tornou símbolo de excelência e dedicação. Poliglota, com habilidades variadas fora das quadras, Hugo transformou frustrações como a ausência de medalha nos Jogos de Paris 2024 em combustível para um 2025 praticamente perfeito, até agora, foram 22 vitórias em 23 jogos de simples.
“Realmente está sendo o melhor ano da minha carreira em termos de resultado, sem dúvidas. Fico feliz com a visibilidade que isso trouxe, incentivando muita gente a praticar o tênis de mesa. Recebo muitas mensagens sobre clubes e academias com um crescimento grande. Na mídia em geral a gente está aparecendo cada vez mais, e esse sempre foi um dos meus objetivos: ajudar a popularizar o esporte”, afirmou Calderano em entrevista à Secom.
Segundo dados da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa, a modalidade quase triplicou o número de filiados nos últimos três anos, saltando de 3.500 para mais de 10 mil atletas, técnicos e árbitros em junho de 2025. Parte dessa transformação é atribuída diretamente à trajetória do carioca.
Bolsa Atleta: apoio essencial
A presença de Hugo Calderano no topo do tênis de mesa mundial também é reflexo de um suporte contínuo ao longo de sua carreira: o programa Bolsa Atleta. Desde os primeiros passos no alto rendimento, o mesatenista conta com o apoio do Governo Federal por meio da iniciativa, que patrocina diretamente 29 dos 30 brasileiros inscritos no WTT de Foz, um investimento acumulado superior a R$ 3,7 milhões.
“Quando eu era mais novo, ainda não conhecido, o Bolsa Atleta me ajudou a investir na carreira e a participar de competições. Mesmo nas outras fases, quando comecei a ter mais oportunidades, a necessidade de investimento foi crescendo. O tênis de mesa é uma modalidade que sofre com a falta de investimento. O apoio do poder público tem sido especialmente importante”, afirmou Hugo.
Estreia e projeções
Calderano estreia nesta quinta-feira (31) na chave de duplas mistas, ao lado da parceira Bruna Takahashi. A dupla enfrenta os chilenos Alfonso Olave e Sofia Vega às 10h. No individual, o brasileiro entra em quadra na sexta-feira, ainda sem adversário definido, com o objetivo de manter o desempenho das últimas competições.
“É bom voltar ao Brasil para jogar em casa. O público, a torcida sempre me recebe bem, me sinto à vontade. Espero que a galera curta. É claro que o meu objetivo é conseguir mais um título e manter o nível que tenho apresentado, mas tem vários jogadores de alto nível. O principal vai ser curtir esses momentos próximo à torcida”, declarou o atleta.
Com a presença no topo do ranking, conquistas históricas e engajamento crescente de torcedores e novos praticantes, Hugo Calderano representa não apenas a elite do tênis de mesa mundial, mas também uma nova fase para o esporte no Brasil, marcada por visibilidade, estrutura, e, acima de tudo, inspiração para as futuras gerações.
Confira a entrevista completa com Hugo Calderano
Sobre o Bolsa Atleta
Durante a minha trajetória, esse apoio foi muito importante. Quando eu era mais novo, ainda não conhecido, esse recurso me ajudou a investir na carreira e a participar de competições. Mesmo nas outras fases, quando comecei a ter mais oportunidades, a necessidade de investimento foi crescendo. O tênis de mesa é uma modalidade que sofre com a falta de investimento. Não há grandes projetos de patrocínio para a modalidade, então o apoio do poder público tem sido especialmente importante.
Recebo muitas mensagens sobre clubes e academias com um crescimento grande. Na mídia em geral a gente está aparecendo cada vez mais, e esse sempre foi um dos meus objetivos: ajudar a popularizar o esporte”
Ouro com a Bruna Takahashi
A gente já vinha de uma prata em Ljubljana, no Star Contender (da Eslovênia). O nosso jogo encaixou mais. Fizemos ajustes táticos, de estratégia e de estilo. Acho que é importante pensar bastante nisso. Às vezes você só consegue ganhar essa experiência jogando. Os treinos não são suficientes. A gente tem a vantagem de se conhecer bem fora da mesa (são um casal) e de ter uma confiança grande um no outro. Claro que a parte tática e a parte técnica são importantes, mas acho que nesse aspecto a gente tem de sobra. É bom ver a nossa evolução, que a gente está conseguindo ganhar jogos, torneios. E claro, a gente vai buscar bater de frente com os melhores do mundo.
Calendário e próximos passos
Já tenho basicamente todas as competições de que vou participar: tem mais dois Grand Smash, um na Suécia e um na China. Vou participar dessas duas competições. Temos mais três eventos Champions. E o Pan-Americano, que é importante. E, se eu me classificar, o Finals (torneio com os 16 melhores do ano).
Convites na Liga Chinesa
Eu já tive algumas possibilidades de jogar a Liga Chinesa. Já fui convidado, inclusive, antes da pandemia. Estava quase tudo alinhado, mas aí veio a pandemia e não aconteceu. Outras vezes fui chamado e o calendário não bateu. E realmente não sei se agora eu teria mais a ganhar, ou eles a ganhar me conhecendo um pouco mais, me analisando de perto. Então isso não está nos meus planos nesse momento. Talvez no futuro volte com essa ideia.
Eu não acho que jogar num clube, jogar alguma liga, seja lá qual for, seja uma coisa que vai me fazer melhorar, que vai me fazer continuar evoluindo. Eu acho que é seguir o mesmo caminho que venho seguindo desde o início da carreira. Eu acho que eu nunca parei de evoluir, sempre continuo tentando descobrir o que posso fazer para evoluir, para alcançar um novo nível, um nível cada vez mais alto.
Regularidade
Acho que nesse momento é importante manter esse nível que alcancei. Não é fácil estar ali entre os três melhores. Depois da Copa do Mundo, do Mundial, conseguir manter, ganhar mais dois títulos, foi positivo. Essa regularidade no topo do ranking é difícil, porque são muitos jogadores de altíssimo nível. Você pega às vezes um cara que está ali fora do top 50 e é muito perigoso. Então, se você desce um pouco o nível, pode perder. Principalmente nos jogos melhores de cinco, o caso dos WTT. O jogo é curto e qualquer coisa faz diferença.
Eu já mostrei que com o meu jogo tenho capacidade de ganhar desses caras. É claro que vou continuar treinando com algumas coisas específicas em mente, mas acho que é mais uma coisa geral de melhorar o jogo como um todo para ganhar com mais frequência dos melhores chineses”
Futuro
A receita é continuar trabalhando duro, trabalhando inteligente. Acho que isso é o mais importante para eu continuar ali entre os melhores e, de repente, ainda empurrar um pouco mais para chegar ali, no número dois, número um do mundo.
Muitas vezes o tênis não é ciência exata, muitas vezes você sente que melhorou o nível, melhorou algum aspecto, mas se você não tem resultado, não ganha o jogo que vai te dar mais pontos no ranking, não vai subir. Então são as vitórias, os títulos, acho que não é nada específico. Eu já mostrei que com o meu jogo tenho capacidade de ganhar desses caras. É claro que vou continuar treinando com algumas coisas específicas em mente, mas acho que é mais uma coisa geral de melhorar o jogo como um todo para ganhar com mais frequência dos melhores chineses.
Mudanças na raquete
Foi uma diferença absurda. Eu estava passando por uma fase um pouco mais difícil. Acho que há mais de um ano fiz essa troca, em abril de 2024. E logo na primeira competição alcancei a final no Champions da Coreia, ganhando do Fan Zhendong (chinês que era o número um do mundo, bicampeão mundial e atual campeão olímpico). Então fez diferença, senti que conseguia ser muito mais agressivo, ter melhores recepções, ser mais ativo tanto com forehand (golpe de direita) quanto com backhand (golpe de esquerda) e, ao mesmo tempo, tendo uma regularidade alta. Essa borracha híbrida te dá uma curva maior, e isso te dá uma segurança maior nos golpes também.
