Além dos milhares de trabalhadores e trabalhadoras que lotaram o Paço Municipal de São Bernardo do Campo neste 1º de maio, em festa promovida por 23 sindicatos ligados à CUT, outras manifestações pelo Brasil também marcaram o Dia do Trabalhador. Confirma na TVT News.
Dia do Trabalhador em SP: centrais sindicais e governo pelo fim da escala 6×1
No maior evento do Dia do Trabalhador na capital paulista, centrais sindicais e representantes do governo federal convergiram nesta quinta-feira (1º) em defesa da pauta do fim da escala 6×1, com redução da jornada de trabalho e sem diminuição de remuneração. Os sindicatos e os ministros presentes também reforçaram as reivindicações da isenção de imposto de renda de até R$ 5 mil, igualdade salarial entre homens e mulheres e diminuição dos juros.
Participaram do evento, na Zona Norte de São Paulo, os ministros do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho; da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo; e das Mulheres, Aparecida Gonçalves.
O ato político, que ocorreu na Praça Campo de Bagatelle, teve início por volta das 11h e foi organizado pelas centrais sindicais Força Sindical, Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Nova Central Sindical de Trabalhadores, e pela Pública – Central do Servidor. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) participou como convidada.
“A jornada de trabalho tem que ser reduzida. A última redução que nós tivemos da jornada foi em 1988. Nós temos certeza de que, hoje, nós temos condições de trabalhar até menos do que as 40 horas semanais. Temos que ter mais tempo para descanso, para família, para estudar, ainda mais no momento em que a gente tem muitos problemas relacionados à saúde mental”, disse o presidente da Força Sindical, Miguel Torres.
De acordo com ele, a aprovação da redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6×1 dependerá, no entanto, da mobilização popular e do convencimento de um Congresso Nacional conservador.
“O trabalho que nós vamos ter é de convencer a maioria do Congresso, que é conservador, da necessidade de pensar no Brasil como um todo, pensar nas pessoas, em num país mais desenvolvido, com mais segurança na saúde das pessoas”, acrescentou.
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, disse que a proposta tem apoio do governo, mas necessita de diálogo com o empresariado, principalmente dos setores de comércio e serviço, além do convencimento do Congresso Nacional.
“É preciso de uma construção, de várias mãos, que passa pelo diálogo com o empresariado, que passa especialmente pelo comércio e serviço. E passa, especialmente, pelo diálogo político com o Congresso Nacional”, disse.
Segundo ele, o Congresso deve avaliar o quanto a medida poderá fazer bem para a economia brasileira e para o ambiente de trabalho. “É assim que temos que olhar. Não é uma coisa ‘A’ contra ‘B’, é preciso olhar o interesse do país”, acrescentou Marinho.
Já o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, disse ver chances reais de as pautas do fim da escala 6×1 e a isenção do imposto de renda de até R$ 5 mil passarem pelo Congresso. Segundo ele, a redução da jornada de trabalho é uma medida “civilizatória”.
“Eu acho que tem chance de avançar, é uma pauta civilizatória. A escala 6×1 é um crime contra o trabalhador, é cruel contra a classe trabalhadora. Nós todos não precisamos só de trabalho digno e salário justo. É necessário ter tempo para viver, ter tempo para estar com a família, ter tempo para fazer o que gosta, para jogar seu futebol, para ouvir música, para estar com os filhos”, disse.
Isenção no IR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva entregou, no último dia 18, ao Congresso Nacional o projeto de lei da isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil. O texto que será analisado também cria desconto parcial para aqueles que recebem entre R$ 5 mil e R$ 7 mil, reduzindo o valor pago atualmente.
“Eu acredito que vai ser aprovado no Congresso Nacional porque é outra pauta que caiu no imaginário coletivo muito positivamente. A isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil significa dizer: quem ganha menos não paga imposto e quem ganha mais paga o imposto justo”, disse Macêdo.
“Eu acho que vai passar, tem uma mobilização boa na sociedade, o clima é bom, eu tenho muita esperança que isso passe”, acrescentou.

1º de Maio Internacional das Centrais do Cone Sul
Foz do Iguaçu, no Paraná, foi palco de uma celebração do 1° de Maio que reuniu, além da CUT, centrais sindicais do Brasil e dos vizinhos Argentina e Paraguai para o 1º de Maio Internacional das Centrais do Cone Sul. A atividade foi realizada no Campus Jardim Universitário da Universidade Federal de Integração da América Latina (Unila) e organizada pela CUT-Paraná, pela Confederação Sindical das Américas (CSA) e pela Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul (CCSCS).
A escolha do local – a região da tríplice fronteira – foi estratégica para reforçar a importância da unidade das trabalhadoras e dos trabalhadores de toda a região. “temos uma tarefa de construir a unidade da classe trabalhadora no extremo sul do nosso continente porque sabemos que é com unidade, respeito, responsabilidade e mobilização que alcançaremos as conquistas que essa classe trabalhadora precisa e, acima de tudo, merece”, disse, durante o evento, o secretário-adjunto de Relações Internacionais da CUT, Quintino Severo.
“Nós queremos garantir que a classe trabalhadora latino-americana, caribenha, mas em especial a classe trabalhadora aqui do Mercosul, possa andar livremente aqui na nossa região”, pontou o dirigente, que também é Secretário-Geral da CCSCS.

Pautas comuns aos trabalhadores dos países
Além do livre trânsito de trabalhadores entre os países, Quintino afirmou que é preciso defender, sobretudo, a democracia nos três países. “Precisamos banir da nossa região o que já conseguimos banir do Brasil, que foi o Bolsonaro, um antidemocrático”, disse Quintino, citando a reforma trabalhista em curso no Paraguai, “para prejudicar os trabalhadores e para prejudicar os aposentados”.
O presidente da CUT Paraná, Márcio Killer, fez uma avaliação positiva do encontro na tríplice fronteira. Ele destacou a semelhança dos problemas enfrentados pelos trabalhadores nos três países.
“Foi um grande ato e que cumpriu com seu objetivo. Reunimos trabalhadoras e trabalhadoras dos países do Cone Sul, aqui na Tríplice Fronteira, em mais um 1º de Maio Internacional. Novamente pudemos observar que nossos problemas são semelhantes e por isso precisamos discutir, debater e encaminhar soluções conjuntas, que possam ampliar a integração entre nossos países a classe trabalhadora. A presença de dirigentes sindicais de diversos países reforça esta tese. Seguiremos ajustando ações em parceria para que possamos ampliar a unidade da Pátria Grande!”, apontou o dirigente.
Fim da escala 6×1 une movimentos no 1º de Maio do Rio
O fim da escala 6×1, com redução da jornada de trabalho sem diminuição salarial, foi o tema principal da manifestação de 1º de maio, pelo Dia do Trabalhador, na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro. O ato reuniu representantes de movimentos sociais, centrais sindicais e sindicatos, como o movimento Vida Além do Trabalho (VAT), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), a Intersindical e a Força Sindical.
O coordenador nacional do Movimento VAT, Wesley Fábio, defendeu que o 1º de maio é um dia histórico e, por isso, o VAT entendeu que seria um dia de ir às ruas para exigir o fim dessa escala. O movimento tem a proposta de mobilizar os trabalhadores de forma nacional em favor da derrubada da escala 6×1, que prevê seis dias trabalhados e apenas um dia de folga semanal.
“Os trabalhadores estão voltando a pautar os seus benefícios, aquilo que querem e o que de fato vai fazer diferença na vida deles. A gente acredita que essa manifestação vai dar uma resposta para o Congresso Nacional e para o Hugo Motta [presidente da Câmara dos Deputados], de que a classe trabalhadora está organizada e querendo o fim da escala 6X1. O Movimento VAT conseguiu unir diversas centrais sindicais, movimentos e partidos em prol de uma luta que é real, justa e urgente”, disse à Agência Brasil.
Para Roberto Santana Santos, da Central Intersindical da Classe Trabalhadora, o ato desta quinta-feira na Cinelândia marca o início de uma série de mobilizações nacionais pelo fim da escala 6X1.
“A gente compreende que só com mobilização, só estando nas ruas e praças, é que a gente vai conseguir ter força política para acabar com essa escala escravocrata que existe ainda hoje para milhões de trabalhadores do Brasil. É uma pauta que uniu todas as centrais sindicais, movimentos populares, organizações da classe trabalhadora, associação de moradores, ocupações. É um tema que ganhou as ruas e está presente nas redes. As pessoas estão discutindo o fim da escala 6X1 ”, contou à reportagem.
Odisséia Carvalho, integrante do Conselho Fiscal do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe), lembrou que a igualdade salarial entre homens e mulheres, a isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil, proposta pelo governo federal, e a valorização do salário-mínimo também são pautas importantes neste Dia do Trabalhador.
“São lutas nossas. A gente não pode deixar de ter a garantia desses direitos e conquistar mais, porque a gente precisa lutar para ir em busca de mais direitos. Por isso, estamos aqui reunidos: partidos políticos, movimentos organizados, pessoas comuns”, afirmou à Agência Brasil.
O presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Hugo Silva, destacou que a questão da redução da jornada é importante para o presente e o futuro dos estudantes, porque também toca a vida dos estudantes e da juventude do país que está inserida no mercado de trabalho informal, por não conseguir conciliar os estudos com as limitações impostas por uma escala com seis dias trabalhados e apenas uma folga.
“Muitas das vezes, essas pessoas estão na escola e saem para ir para o mercado de trabalho informal por causa dessa escala 6×1. Então, para nós, é fundamental lutar contra essa escala. A gente está falando aqui sobre a dignidade da vida humana, a dignidade da nossa juventude e de não ter tempo para estudar, conhecer a cidade, ter acesso à cultura e ao lazer”, disse em entrevista à Agência Brasil.
Com informações da Agência Brasil e da CUT