24 militares, como Bolsonaro, foram denunciados pela PGR

A data do julgamento ainda não foi definida. Considerando os trâmites legais, o caso pode ser julgado ainda neste primeiro semestre de 2025
24-militares-como-bolsonaro-foram-denunciados-pela-pgr-dos-24-denunciados-seis-sao-generais-e-um-e-almirante-foto-antonio-cruz-agencia-brasil-tvt-news
Dos 24 denunciados, seis são generais e um é almirante. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou nesta terça-feira (18) o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 33 pessoas ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. Destes, 24 são militares. Veja quem são eles na TVT News.

Veja quem são os militares denunciados pela PGR junto ao ex-presidente Jair Bolsonaro

  • Ailton Gonçalves Moraes Barros: major reformado do Exército, foi considerado incapaz de permanecer no Exército. De acordo com uma ação do Superior Tribunal Militar, ele foi denunciado pelo Ministério Público militar pela prática de violência contra militares. Barros foi candidato a deputado estadual pelo PL no Rio de Janeiro em 2022. Durante a campanha eleitoral, se descreveu como “01 de Bolsonaro”, terminou eleito como suplente. Em 2023, ele afirmou em áudio para Mauro Cid que sabe quem mandou matar Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, em 2018. Ainda em 2023, Barros foi preso na Operação Verine, por falsificação de dados vacinais da covid-19 no Ministério da Saúde. Ele é formado em Direito.
  • Almir Garnier: Almirante de Esquadra, foi o comandante da Marinha durante o governo Bolsonaro. Segundo a investigação da Polícia Federal (PF), ele chegou a preparar tanques para a tentativa de golpe de Estado — na época a Marinha negou que as forças da instituições seriam usadas para fins anti-democráticos (saiba mais na TVT News).
  • Angelo Martins Denicoli: major da reserva do Exército, formado pela Academia Militar das Agulhas Negras. Durante o governo Bolsonaro, foi nomeado diretor de monitoramento e avaliação do Sistema Único de Saúde (SUS) pelo então ministro Eduardo Pazuello. Nesse período, ele teria sido responsável pela produção de desinformação relacionada a pandemia de covid-19, segundo Operação Tempus Veritatis. Ele também está sendo denunciado pela produção desinformação sobre o processo eleitoral e realização de ataques virtuais a instituições e autoridades que ameaçavam os interesses do grupo golpista.
  • Augusto Heleno: General da reserva do Exército. Ele era capitão durante a ditadura militar de 1964 a 1985. Segundo o documento da PGR, Heleno fazia parte do alto escalão do grupo golpista, era deles que partiam as principais decisões. Ele também contribuiu para a produção e propagação de informações falsas sobre o sistema eleitoral.
  • Corrêa Netto: coronel do Exército. Ele foi preso na Operação Tempus Veritatis, da PF, por tentativa de golpe de Estado e envolvimento nos atos de 8 de janeiro de 2023. Ele era integrante do “kids-preto”, grupo de elite do Exército. Netto foi responsável por intermediar convite de participação ao golpe a outros integrantes e de marcar uma reunião em Brasília.
  • Cleverson Ney: Coronel de Infantaria, ex-oficial do Comando de Operações Terrestres. Ele também foi subcomandante do Centro de Instruções de Guerra na Selva (CIGS).
  • Estevam Theophilo: general e ex-chefe Comandante do Comando de Operações Terrestres (COTER). No cargo, ele aceitou empregar as forças na tentativa de golpe. Ele também era comandante do “kids-preto”. O grupo de elite tinha como objetivo matar o presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
  • Fabrício Moreira de Bastos: coronel e foi adido do Exército em Tel Aviv, capital de Israel, cargo responsável por estreitar relações diplomáticas com o outro país. Ele foi responsável por “ações táticas para convencer e pressionar o Alto Comando do Exército a ultimar o golpe”.
  • Giancarlo Gomes Rodrigues: subtenente do Exército, foi chefe da Abin durante o governo Bolsonaro. Ele é acusado usado as ferramentas da inteligência para monitorar o advogado Roberto Bertholdo sem autorização judicial.
  • Guilherme Marques de Almeida: tenente-coronel comandou o comando do 1º Batalhão de Operações Psicológicas em Goiânia (GO).
  • Hélio Ferreira Lima: tenente-coronel da ativa do Exército. Ele foi exonerado do cargo de comandante da 3ª Companhia de Forças Especiais, em Manaus, em fevereiro de 2024.
  • Jair Messias Bolsonaro: ex-militar da reserva do Exército e ex-presidente da República. De acordo com o documento da PGR, Bolsonaro sabia do plano golpista de matar Lula, Alckmin e Moraes.
  • Marcelo Costa Câmara: coronel do Exército. Ele foi assessor especial da Presidência da República, no gabinete pessoal de Jair Bolsonaro.
  • Márcio Nunes de Resende Junior: coronel do Exército. Ele foi responsável por “ações táticas para convencer e pressionar o Alto Comando do Exército a ultimar o golpe”.
  • Mário Fernandes: é general da reserva do Exército. Ele foi responsável por coordenar as ações de monitoramento e neutralização de autoridades pública, de acordo com a PGR.
  • Mauro Cesar Barbosa Cid: tenente-coronel da ativa do Exército. Ele firmou delação premiada, o que possibilitou o acesso a informações pela PF. Alexandre de Moraes levantou sigilo de delação em que Mauro Cid implica Bolsonaro
  • Nilton Diniz Rodrigues: é general do Exército e foi comandante do 1º Batalhão de Forças Especiais e do Comando de Operações Especiais, unidades militares localizadas em Goiânia (GO).
  • Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira: é general da reserva e foi ministro da Defesa durante o governo Bolsonaro.
  • Rafael Martins de Oliveira: tenente-coronel da ativa do Exército e fazia parte do grupo de “kids pretos”, após as eleições de 2022.
  • Ronald Ferreira de Araújo Junior: tenente-coronel do Exército.
  • Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros: tenente-coronel do Exército. De acordo com a PF, ele integrava o ‘núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral’.
  • Reginaldo Vieira de Abreu: coronel da reserva do Exército, ocupou o cargo de chefe de gabinete de Mario Fernandes, então secretário-executivo da Secretária-geral da Presidência da República.
  • Rodrigo Bezerra Azevedo: foi integrante “kid preto”. Participou do monitoramento ilegal da rotina de Alexandre de Moraes.
  • Walter Souza Braga Netto: general da reserva do Exército.

Governo Lula já aguardava denúncia da PGR

De acordo com o Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, o governo já estava esperando a denúncia de Bolsonaro e dos militares. “Há um constrangimento, mas o bom é que isso acabe logo. Ninguém aguenta mais. Precisamos virar essa página”, disse o ministro a jornalistas.

O presidente Lula recebeu a notícia ainda na noite de terça-feira, através de Múcio, em um jantar no Palácio Itamaraty. A reunião homenageava o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, que está em visita ao Brasil. Lula estava acompanhado da primeira-dama Janja e ministros do governo, além dos presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta e Davi Alcolumbre, e o ministro do STF, Luís Roberto Barroso, atual presidente da Suprema Corte.

*Em atualização

Assuntos Relacionados