49% veem Lula mais forte após encontro com Trump; 79% apoiam isenção do IR

Pesquisa Quaest também mostra rejeição à anistia, à PEC da Blindagem e apoio às medidas de justiça fiscal do governo
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65% acreditam que Lula deve adotar postura amigável com presidente americano. Foto: Mark Garten/UN

A nova pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (8) revela que 49% dos brasileiros acreditam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu mais forte politicamente após o encontro com Donald Trump, realizado durante a Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. O levantamento também indica apoio massivo à principal pauta econômica do governo: 79% dos entrevistados são favoráveis à isenção do pagamento de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês, contra 17% que se opõem. Leia em TVT News.

Lula Trump

Os números mostram que a agenda recente de Lula e temas centrais do debate político nacional têm ressonância positiva entre a maioria dos brasileiros, em especial entre eleitores que se declaram independentes ou sem forte identificação partidária.

Encontro com Trump amplia percepção de força política

O resultado sobre o encontro com o ex-presidente americano reforça a leitura de que a aproximação foi bem recebida pela opinião pública. Para 46% dos entrevistados, Lula deveria se empenhar para realizar uma nova reunião com Trump, enquanto 44% defendem que o presidente seja cauteloso e espere mais tempo. Já 65% acreditam que Lula deve adotar uma postura amigável com o republicano em eventual novo encontro, e apenas 25% defendem uma atitude mais dura.

A pesquisa mostra ainda que 51% dos brasileiros acham que Lula e Trump “vão se dar bem” caso voltem a se encontrar, contra 36% que acham o contrário. O levantamento indica, portanto, que a maioria vê a relação como estratégica e potencialmente vantajosa para o Brasil.

Isenção do IR até R$ 5 mil tem apoio quase unânime

Entre as propostas econômicas do governo, a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais é uma das medidas de maior aceitação popular. O apoio chega a 79% dos entrevistados, enquanto apenas 17% são contrários.

O estudo também testou a reação à proposta de aumentar a tributação sobre os super-ricos — com alíquota mínima de 10% para quem ganha mais de R$ 600 mil por ano — como forma de compensar a renúncia fiscal da isenção. Nesse caso, 64% dos brasileiros disseram concordar com a medida, mostrando ampla adesão ao discurso de justiça tributária defendido pelo governo.

A pesquisa aponta ainda que 90% acreditam que a reforma trará alguma melhora nas finanças pessoais, sendo 41% os que esperam uma melhora importante e 49% os que veem um impacto pequeno.

Maioria rejeita anistia e redução de penas para condenados do 8 de janeiro

No campo político e judicial, o levantamento revela rejeição crescente à anistia e à redução de penas dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.

De acordo com a pesquisa, 47% dos entrevistados são contra qualquer tipo de anistia, enquanto 35% defendem o perdão geral, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, e 8% apoiam anistia apenas para manifestantes de menor envolvimento.

Sobre o projeto de “dosimetria”, que busca reduzir as penas dos condenados sem conceder perdão total, 52% dos brasileiros se opõem à iniciativa e 37% são favoráveis, considerando que houve exageros nas punições.

Esses índices consolidam uma tendência observada desde o início do ano: o endurecimento da opinião pública em relação aos responsáveis pelos ataques antidemocráticos, reforçando a percepção de que há pouca tolerância social a pautas que relativizem o golpe de 8 de janeiro.

PEC da Blindagem é rejeitada e manifestações fortalecem governo

Outro tema que desperta resistência majoritária é a chamada PEC da Blindagem, proposta que pretendia transferir para a primeira instância do Judiciário os processos contra deputados e senadores, afastando o julgamento direto pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo a Genial/Quaest, 63% dos entrevistados são contra a PEC, enquanto 22% se dizem a favor e 15% não souberam opinar. A desaprovação é majoritária em todos os segmentos — entre eleitores de centro, de esquerda e também entre parte dos simpatizantes de direita não bolsonarista.

As manifestações populares contra a anistia e a PEC da Blindagem, realizadas em capitais no fim de setembro, também repercutiram positivamente para o governo. 39% dos entrevistados afirmam que Lula saiu mais forte politicamente após as mobilizações, e apenas 30% consideram que ele saiu mais fraco.

Expectativas econômicas e percepção do país

Embora a avaliação geral do governo tenha sido tema de outra reportagem, a Genial/Quaest também investigou percepções sobre economia e futuro do país. Nos últimos 12 meses, 38% avaliam que a economia melhorou ou se manteve estável, enquanto 52% dizem que piorou. Ainda assim, 46% acreditam que a economia vai melhorar nos próximos 12 meses, o que representa um leve otimismo em relação ao cenário anterior.

A percepção de que o Brasil está “indo na direção certa” também cresceu entre os que se dizem sem posicionamento político definido — grupo considerado estratégico eleitoralmente.

Síntese

Os resultados reforçam um momento de recomposição política favorável ao governo Lula, tanto em temas internacionais quanto nas pautas econômicas e democráticas internas. A leitura predominante é de que o presidente ganhou terreno político após o episódio com Trump, mantém alta legitimidade nas propostas de justiça fiscal e encontra apoio majoritário na defesa da democracia e na rejeição à anistia dos golpistas.

Com aprovação estável e percepção de fortalecimento em pontos simbólicos, a pesquisa Genial/Quaest indica que a comunicação do governo segue encontrando respaldo em parcelas amplas da sociedade — especialmente quando as pautas combinam crescimento econômico com defesa institucional e política social.

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