8 de março: mulheres da CUT vão às ruas

Mulheres da CUT vão às ruas contra o feminicídio e por lutas históricas
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Atos pelo 8 de março acontecem por todo o país. Foto: Dino Santos/CUT-SP

Atos do Dia da Mulher acontecem em cidades em todo o Brasil. Em São Paulo, concentração será na Avenida Paulista. Veja como serão os atos das mulheres da CUT em TVT News.

Mulheres da CUT vão às ruas contra o feminicídio e por lutas históricas

Reportagem de Girrana Rodrigues

Neste ano, o Movimento das Mulheres da CUT vai às ruas no dia 8 de março com o tema “Pela Vida de Todas as Mulheres: ainda estamos aqui”, uma referência ao filme vencedor do Oscar e dirigido por Walter Salles, e ao aumento no número de feminicídios que afeta as mulheres em todo o mundo e também no Brasil.

Apesar do recuo de 5% nas mortes por feminicídio registradas em 2024, de acordo com dados do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp), entre janeiro e outubro do ano passado, os estados e o Distrito Federal contabilizaram 1128 mortes por feminicídio.

Para a secretária da mulher trabalhadora da CUT-SP, Márcia Viana, o tema do ato do 8 de março reforça a resistência pela vida das mulheres. “Avançamos, mas no governo Bolsonaro retrocedemos e agora estamos na retomada. Quando falamos: ‘ainda estamos aqui’, queremos dizer que ainda estamos na luta, mesmo com um Congresso tão reacionário onde os homens estão legislando contra nossas vidas e nossos corpos”, afirmou.

Mulheres pela redução da Jornada 6×1

A redução da jornada 6×1 também é um dos slogans da campanha. O tema ganhou visibilidade neste ano, com a Proposta de Emenda à Constituição 8/25, da deputada federal Erika Hilton que propõe quatro dias de descanso na semana.

A secretária da Mulher Trabalhadora da CUT Nacional, Amanda Corcino, destaca que as mulheres trabalham muito mais do que a jornada de 8 horas do trabalho formal. “Existe uma invisibilização do trabalho de cuidado, que não é remunerado.” De acordo com o IBGE, em 2022 as mulheres dedicaram 9,6 horas por semana a mais do que os homens aos afazeres domésticos ou ao cuidado de pessoas.

A tripla jornada das mulheres está diretamente ligada a outra luta histórica: a Política de Cuidados. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou em dezembro de 2024 a Lei 15.069 de 2024 que institui a Política Nacional de Cuidados. A lei é uma marco que reconhece a política de cuidados como uma corresponsabilidade entre o Estado, as famílias, o setor privado e a sociedade civil. A manifestação do dia 8 vem para lembrar que a lei precisa ser implementada. “Precisamos que as cozinhas comunitárias, creches integrais, lavanderias comunitárias, tenham orçamento e cheguem para a população principalmente em estados bolsonaristas como São Paulo”, pontua Márcia Viana.

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Outra luta histórica das mulheres é a tripla jornada, diretamente ligada à Política de Cuidados. Foto: Dino Santos/CUT-SP

“Sem Anistia”

Tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei que prevê anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A Procuradoria-Geral da República (PGR) já apresentou denúncia por tentativa de golpe de Estado contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas.

A secretária da Mulher Trabalhadora da CUT Nacional, Amanda Corcino, afirma que não existe democracia plena sem a participação das mulheres e que elas são as mais impactadas em períodos de retrocesso. “Desde o golpe dado na presidenta Dilma, tiraram nossos direitos trabalhistas, previdenciários e sociais. Nós estamos aqui para dizer não à Anistia!”.

Mato Grosso: maior taxa de femicídios do Brasil

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública 2024 mostram que o estado do Mato Grosso registrou a maior taxa de femicídios do país em 2023, com 2,5 mortes para cada grupo de 100 mil mulheres. Ao todo foram 46 feminicídios. Já em 2024, o estado registrou entre janeiro e novembro, 42 feminicídios entre janeiro e novembro.

Mulheres no Carnaval e no Mercado de Trabalho

“O Dia Internacional das Mulheres, celebrado em 8 de março, coincide com o ‘sabadão’ da ressaca do Carnaval, oferecendo uma oportunidade de refletirmos sobre a presença das mulheres na maior festa popular do Brasil, lembra a professora Duda Quiroga.

“Embora o Carnaval mostre um crescente protagonismo feminino, com blocos como os que sairão neste sábado, 8 de março, da Anitta e o Mulheres de Chico, no Rio de Janeiro, o Saias na Folia, em Niterói, entre outros, a realidade das grandes produções carnavalescas e das escolas de samba ainda revela profundas desigualdades de gênero”.

Duda Quiroga é professora, psicopedagoga, poetisa e feminista, integrante da Executiva Nacional da CUT (dirigente do SinproRio, Sepe e CNTE) e faz reflexão e convite para este final de semana:

O Carnaval, como espelho da cultura brasileira, precisa se tornar mais inclusivo e representativo, com as mulheres ocupando posições de liderança e criando um impacto mais significativo na cultura popular. A luta por igualdade no trabalho e na cultura popular é um reflexo das barreiras estruturais que ainda precisamos quebrar, para que as mulheres possam, finalmente, ocupar todos os espaços que lhes pertencem, seja no samba, no mercado de trabalho ou na política.

São muitos desafios e lutas diárias, mas também temos conquistas a serem celebradas. Diante disso, convocarmos todas as mulheres para celebrarmos o nosso dia com muito samba no pé, na Sapucaí, na Intendente Magalhães ou nos blocos, reforçando ainda a campanha pelo Feminicídio Zero.

Na próxima segunda-feira, 10/3, esperamos todas para marcharmos por um mundo, um Brasil e um Rio de Janeiro mais justo, igualitário e seguro para todas nós.

Atos das mulheres pelo Brasil

Veja a lista dos atos de 8 de março:

São Paulo – SP

Coletivo de Mulheres da CUT

Local: Avenida Paulista, em frente ao Banco Central, às 13h

Mote: Ainda Estamos , Pela Vida de Todas as Mulheres,contra o racismo, o machismo, o facismo. Sem Anistia

Manaus – AM

Mulheres da Amazõnia pela Vida e por Direitos

Manaus

Local: Praça do Relógio, 15h.

Mote: O medo não vai nos parar

João Pessoa – PB


Festejo Feminista de Carnaval de Rua
Praça Dom Adalto, 10H30

Mote: Ainda Estamos Aqui, Vivas e Festejando

Aracaju – SE


Bloco Siri na Lata no Dia Internacional das Mulheres
Local:Praça Fausto Cardoso, 08h
Mote: Redução de Jornada, Sem Anistia

Salvador – BA

Cortejo Vivas, Livres e sem medo
Local: concentração do Cristo até o Farol da Barra, às 14h
Mote: Vivas, Livres e Sem Medo

Fortaleza – CE


08 de março unificado
Local: Praça da Bandeira/CE
Mote: Mulheres contra as guerras, o racismo e as violências, pela legalização do aborto, por democracia e sem anistia para golpistas.

Distrito Federal – DF


08 de março unificado
Local: Torre de TV, às 13h
Mote: Ainda Estamos , Pela Vida de Todas as Mulheres, contra o racismo, o machismo, o fascismo. Sem Anistia

Por Girrana Rodrigues

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