O programa Geopolítica em Foco, da Rede TVT, desta quinta-feira (15) analisa a recente invasão das tropas ucrânianas à região de Kursk. É a incursão militar mais significativa dos ucrânianos em solo russo, desde o início da guerra entre os dois países, que começou em fevereiro de 2022. Em pouco mais de uma semana, Kiev afirma que ocupou cerca 1.150 quilômetros quadrados e mantém cerca de 100 soldados russos como prisioneiros.
Para o sociólogo e escritor Lejeune Mirhan, esta ofensiva não tem capacidade para alterar os rumos do conflito. De acordo com ele, a Ucrânia praticamente não conta mais com tropas necessárias para um conflito de tal magnitudade, e vem fazendo uso sistemático de mercenários.
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“É pastel de vento. Quer comemorar essa vitória militar? Comemora, não tem problema. Mas se achar que isso vai significar a derrota militar da Federação Russa, aí pode tirar o cavalinho da chuva. Eu como analista militar, analista política, eu digo: Foi uma derrota momentânea, isso é inegável, não posso negar os fatos. Mas isso não significará a derrota da Rússia”, disse Lejeune à apresentadora Talita Galli.
Nesse sentido, a Rússia começou a redirecionar parte de suas tropas na Ucrânia para repelir a invasão. Trata-se de uma longa fronteira, porosa, pouco defendida, o que facilitou a invasão das forças ucrânianas. A expectativa dos ucrânianos é utilizar esse avanço em território russo como moeda de troca, já que a Rússia controla atualmente cerca de 20% do país vizinho, notadamente no leste do país. Ao mesmo tempo, as autoridades russas esperam retomar a região invadida nos próximos dias.
Nordstream: “Quem mandou explodir?”
Lejeune e Talita também comentam a decisão da Alemanha, que emitiu um mandado de prisão contra um instrutor de mergulho ucraniano que supostamente fazia parte da equipe que explodiu os gasodutos Nord Stream, em 2022. O suspeito, que ainda está foragido, teria fugido para a Polônia.
Para Lejeune, importa mais identificar quem foram os mandantes da sabotagem do Nord Stream, gasodutos que ligam a Rússia à Alemanha. “Quero saber quem mandou os mergulhadores irem até lá, quem deu o dinheiro, quem pagou para eles, quem que deu os os explosivos”, frisou o analista.
Além disso, também nesta o jornal americano Wall Street Journal revelou que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, aprovou plano para explodir o Nord Stream, mas teria tentado cancelar após alerta dos Estados Unidos. Nesse sentido, Lejeune afirma que o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, “sabe” que a Ucrânia está por trás da sabotagem aos gasodutos. Ainda assim, disse que a Alemanha vai manter apoio aos ucrânianos.
Lula isolado?
Lejeune lamentou ainda a posição do governo brasileiro, que segue pressionando pela apresentação das atas das eleições na Venezuela, adotando postura similar a do governo dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, decidiu suspender as conversas que mantinha junto ao Brasil e a Colômbia, sobre o pleito venezuelano.
“O Brasil virou fiscal de urna?”, disse Lejeune, que defende que o governo brasileiro deveria reconhecer a vitória do atual presidente, Nicolás Maduro. “Não esperava isso do presidente Lula, sinceramente. Amigo do maduro, amigo do Chaves, amigo da Revolução Bolivariana… Até quando nós vamos fazer isso? O Petro também vai cair fora, vai ficar o Lula sozinho, isolado no mundo”.