No programa Geopolítica em Foco, da Rede TVT, desta segunda-feira (19), o sociólogo e escritor Lejeune Mirhan, comenta pesquisa Ipsos, divulgada ontem pelo jornal americano The Washington Post, em que Kamala Harris (49%) aparece com quatro pontos percentuais à frente de Donald Trump (45%) na corrida eleitoral dos Estados Unidos.
“Ela vai vencer as eleições, não tenho dúvida disso”, afirma o professor. “Lá o identitarismo é muito forte. Mulher, negra, filha de imigrantes, tudo isso tem um peso muito grande. E indicou esse vice (Tim Walz) branco, cara de um vovô simpático, mais à esquerda que ela.
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Para ele, a chapa democrata é “muito equilibrada” e “favorita” na eleição presidencial de 5 de novembro. Desse modo, afirma que Kamala é de centro-esquerda, para os padrões americanos, enquanto que Walz seria de esquerda, segundo ele. Ao mesmo tempo, destaca que o Partido Comunista dos Estados Unidos apoia os democratas. “Não é porque gostam dela. É o voto anti-trump, é o voto antifascista.”
Nesse sentido, crítica setores progressistas da imprensa brasileira que classificam tanto Kamala, como o atual presidente, Joe Biden, como “fascistas”. Do mesmo modo, outros setores minoritários da esquerda brasileira que defendem Trump como a melhor opção.
Guerras pelo mundo em foco
Em conversa com a apresentadora Nahama Nunes, o analista ridicularizou a mídia Ocidental que aponta a invasão ucrâniana ao território russo, na região de Kursk, como um “ponto de virada” no conflito, que ja dura mais de dois anos e meio.
“É uma peça de propaganda. Como disse o vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, o Medvedev, isso aí é uma peça para eles alimentarem o pouco que restou do seu exército, para dar um ânimo. E também para os seus senhores do Ocidente, para lhes darem um pouco mais de uma ração – tanto de armas, como de dinheiro. Mas isso não vai afetar em nada o curso da Guerra”.
Sobre a guerra de Israel contra os palestinos na Faixa de Gaza, Lejeune considerou “um passo atrás” a nova proposta de cessar-fogo capitaneada pelos Estados Unidos. Isso porque o plano americano considera a manutenção da presença na Cisjordânia. O Hamas, que se recusou a participar da atual rodada de negociações, também rejeitou prontamente a nova proposta. “É inaceitável, um passo atrás. A Corte Internacional de Justiça já decidiu: território ocupado, considerado pela ONU como território dos palestinos, não pode ter presença israelense”.
Venezuela em foco
Durante o Geopolítica em Foco, Lejeune voltou a lamentar a postura do presidente de Luiz Inácio Lula da Silva, que ainda não reconheceu a vitória de Nícolas Maduro nas últimas eleições da Venezuela. “Será que o presidente Lula não percebe que nós estamos violando a soberania nacional de um país irmão? E que essa insegurança está levando pequenos países da América Latina, e alguns africanos, a também gerarem uma certa dúvida e ainda não reconhecerem a eleição venezuelana”.