Por Emilly Gondim
A mistura de calor, tempo seco, fuligem e fumaça das queimadas transformaram o ar de São Paulo em no mais poluído do mundo na manhã desta segunda (9). Os dados foram registrados às 10h da manhã pelo site suíço IQAir, que monitora a poluição em todo o globo. A capital paulista superou as cidades de Ho Chi Minh, no Vietnã, e Lahore, no Paquistão, além de Pequim, na China.
Em meio à série de queimadas no estado de São Paulo — e no Brasil todo — a Fiquem Sabendo, organização sem fins lucrativos especializada em transparência pública, revelou que a cidade de SP não possui Conselho Municipal de Proteção e Defesa Civil, órgão que seria responsável por elaborar estratégias eficazes contra desastres, como focos de incêndio.
O mesmo relatório também informa que a capital paulista não conta com Plano Municipal de Redução de Riscos. As instalações do conselho e do plano são recomendadas pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil.
Tecnologia disponível, falta ação
Uma plataforma gerada pela Imagem Geosistemas detectou no mês de agosto mais de 14 mil focos de calor, a partir de dados fornecidos por um satélite da NASA.
A mesma empresa tem fornecido informações para auxiliar o Corpo de Bombeiro a localizar os focos e atuar de forma direcionada, uma vez que o mapa é atualizado a cada 15 minutos e de funcionamento 24h. “Com informações em tempo real, é possível direcionar as equipes com maior rapidez e precisão, reduzindo o tempo de resposta e minimizando os danos causados pelos incêndios”, comenta o especialista em ESG e Desastres Naturais da Imagem Geosistemas, Vitor Zanetti.
A América do Sul aparece quase inteiramente vermelha, cor que representa os focos, registrando aproximadamente 7 mil registros de incêndio, com exceção de parte da região respectiva ao interior da Floresta Amazônica — informação foi verificada no dia 09 de setembro.
Conforme registros do Imagem Geosistemas, é possível perceber uma onda massiva de incêndios na Amazônia boliviana. Na área da Amazônia Legal foi registrado o maior número de focos de fogo em 19 anos, com focos concentrados no sul da região, respectivamente nos estados do Amazonas, Pará e Mato Grosso.
“São muitos casos, mais do que a média registrada, mas também estamos vindo de uma fase de seca e de estiagem ainda maior do que nos últimos anos e podemos dizer que estamos vivendo um ano de extremos”, disse Zanetti.
A situação tem se agravado cada vez mais ao se instalar uma nuvem de fumaça por todo o país que tem dado o efeito de sol avermelhado e causado problemas respiratórios na população. O efeito é bonito para fotos, mas péssimo para a saúde.