China é elogio ao comunismo

Artigo de Paulo Salvador relata viagem de jornalistas brasileiros à China. Eles visitaram três regiões do gigante asiático
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A presença do PCCh é discreta, bandeira em poucos lugares

Por Paulo Salvador

Pelo exemplo chinês, a palavra comunista virou elogio e revela o enorme atraso de quem a usa como palavrão. China é um país muito rico, que usou o desenvolvimento da ciência e da tecnologia para empreender gigantesca industrialização, já criou uma classe média de 480 milhões de pessoas e acabou com a pobreza extrema, preservando a cultura milenar.

Em uma visita de 15 dias por três províncias da República Popular da China, a convite do Partido Comunista Chinês, intermediado pelo Partido dos Trabalhadores, presenciei um país rico e exuberante, que se empoderou com a industrialização, com o uso do que há de mais atual na ciência, mas mantendo as tradições milenares. O resultado é um povo mais feliz.

Comitiva de jornalistas brasileiros em visita à China. Foto: João Tavares

Nas cidades de Beijing (Pequim), Chengdu, Wuhan e Mianyang não vi um papel jogado na rua, tudo muito limpo. As cidades são abundantemente arborizadas, o trânsito é intenso, silencioso e suave. Ao tirar o celular para uma foto percebi a neura de olhar para os lados para ver se seria roubado, algo inexistente na China. Amigos disseram que as permanentes recordações do século da vergonha, quando o país foi tomado pelo uso do ópio, faz com que não seja comum o uso de drogas como estimulante e o resultado é o fim da delinquência. O noticiário é farto de prisões por corrupção na alta administração.

Antes de continuar é preciso uma ressalva, as ideias deste texto se baseiam em depoimentos apresentados em visitas e passeios, com amigos, autoridades e membros em diversas esferas das administrações e do PCCh. Opto por tomar as informações como verdades e para serem melhor estudadas. Listar nomes, empresas e entrevistas tornariam enfadonho e impossível este que é um relato de impressões de viagem.

As ruas abarrotadas de bicicletas – das clássicas fotos da China – foi substituída pelas motos elétricas de baixa potência e bicicletas de livre uso por aplicativos, que trafegam por faixas próprias, por calçadas e onde quiserem – só não andam do alto e de baixo. Carregam de crianças a volumosos pacotes, os pilotos e pilotas checam celulares em movimento e do jeito que quiserem. Só não circulam por pontes, viadutos e autoestradas. Vi algumas blitzes policiais checando documento e capacete. Ainda do trânsito, é impressionante as conversões nos cruzamentos, com um respeito tácito na velocidade. Nas ruas, só carrões de luxo. Em algumas cidades é obrigatório buzinar. E por citar polícia, nada de rotas, caveirões e que tais. Aqui e ali um postinho policial na esquina. Estudantes brasileiros de Hubei falam do bem-estar de não se sentirem ameaçados por bandidos e por policiais, como no Brasil.

Os edifícios são gigantes, recém-construídos e cercados de conjuntos residenciais. Ainda sobrevivem quadras inteiras de pequenos comércios e, ao fundo deles, as residências com acesso por vielas. Açougues, lojas de material de obra, óticas, mercadinhos cerealistas, lavanderia, lanchonetes e casas de chá fazem ponte com passado recente. A noite é um espetáculo de neon vermelho e amarelo. Metrô simples, sem as estações luxuosas de São Paulo.

Homens cortam cabelo na moda reco e, fora o uso do terno, usam chinelão, bermuda e camiseta. Mulheres fazem o sofisticadamente simples com peças estilo do tradicional moderno chinês.
Nada de camelô, manteiro, pixação, grafite ou poluição visual.

Com foco na comunicação internacional, visitamos enormes complexos de rádio e televisão, mais redes sociais, o que valeu a construção de relacionamento e producao de conteudo para o veículos da mídia progressista. Os trabalhadores desses espaços eram majoritariamente jovens. Aliás, transparece uma política de valorização do jovem, e como diz uma fonte, isso é resultado das novas diretrizes do partido após as manifestações de 1989 na praça Celestial.

Nos dizem que a internet cobre 97% daquele imenso país e que tem uma função social nas áreas rurais e no combate à pobreza extrema – o mantra de sucesso atual. O WeChat é o aplicativo universal na China e com ele se faz tudo, de conversadora a serviços financeiros, então imagine todos os aplicativos em um só.
Vi uma pequena multidão jogando xadrez embaixo de viaduto, outras praticando ginásticas, taichi e a experiência gastronômica é um capítulo a parte. Primeiro pela organização de banquetes com as clássicas mesas redondas giratórias da cozinha chinesa. Não vi pessoas com sobrepeso em toda a visita e credito à fórmula de alimentação com proteína, legumes, verduras e frutas. Um e outro docinho. Muito chá, baixo álcool, pouco trigo e comida de verdade.

A China vive poesia, Confúcio, natureza, mitos e histórias milenares. Há uma hipervalorização de instrumentos antigos de música. A relação entre estatal e privado é uma miscelânea que merece um estudo mais profundo. Para dirigentes chineses democracia é um processo de muitas etapas de decisão e não só uma votação. Serviu de anti exemplo a decisão de renúncia de Biden em favor de Kamala forçado pela retirada de contribuições financeiras.ao Partido Democrata.

Como falar em alternância de poder sem derrubar qualquer planejamento estratégico e continuidade administrativa. A presença do PCCh é discreta, bandeira em poucos lugares, uma foto de Mao Zedong (Mao Tsé-Tung) na Praça da Paz Celestial. Nada de estrelinha, bonés, camisetas e ingressar no partido exige cursos e provas. O atual mandatário Xi Jiping foi reprovado por 10 vezes. Hoje ele publica uma série de livros sobre sua gestão que, segundo um site da Ásia, teve 6 milhões de exemplares e foi republicano em muitos países. O noticiário local fala muito das parcerias com África. Sobre o novo Cinturão e Rota da Sede repetem dois mantras, de que levam o bem-estar para os 151 países aderentes e pregam a paz.
Para melhor conhecer a China recomenda-se estudar a história do PCCh, da revolução comunista e da sua história. Quer passear, China é muito mais alegre do que se imagina, ainda mais com tantos aplicativos de tradução.

Giro pela China

O giro de visitas, passou por gigantes de comunicação como o Grupo de Comunicações Internacional, a CGTN, reuniões no Departamento Internacional de Rádio e Televisão do Comitê Centeal do PCCh, participação no Fórum Internacional de Mídia do Cinturão e Rota da Seda, no Centro Internacional de Comunicação de Sichuan, visita ao Kwai, incubadora de empresas de alta tecnologia, empresas produtoras de insumos para baterias, produtoras de energia fotovoltáica que cobrem cidades inteiras, fabrica de telas que respondem por 25% de todas as telas do mundo, passeio de carro e ônibus sem motorista controlados a distância, metrô suspenso tipo teleférico e teste de um SUV elétrico de luxo.

Como turismo, a comitiva caminhou na Grande Muralha e na Cidade Proibida, passeou no parque do pântano de Hubei, assistiu espetáculo na Casa da Garça Amarela, visitou o Museu de Hubei, a agrovila de Panhai Youli, as montanhas da Vila Shiyi Qiang e apreciou a vista na Torre Yuewang. Fora da agenda, fez compras em shoppings, nos becos de Chengdu, nos comércio noturno de alimentos de rua e teve encontro com estudantes brasileiros à margem dos rios Han e Yangtzé. Além disso, a comitiva assitiu ao espetáculo da troca de máscara e chá do Parque do Povo e o Zoo de pandas gigantes, ambas em Chengdu.

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