A ministra do STF e presidente do TSE, Cármen Lúcia, rebateu nesta segunda-feira (30) a declaração de Pablo Marçal (PRTB) sobre a participação das mulheres na política. Em debate do UOL e da Folha de S.Paulo durante a manhã, o candidato da extrema-direita disse que “Mulher não vota em mulher, porque mulher é inteligente”.
Para Cármen Lúcia, inteligente é a pessoa que acha que mulheres e homens são iguais em direitos, e que todos têm o direito de participar.
“Não existe isso de mulher não votar em mulher por qualquer causa. Eu a acho que a inteligência está na compreensão de mundo feita de humanos: mulheres e homens. É isso que nós temos e é por isso que temos lutado nós todos. Os seres humanos impõem a inclusão de todas e todos neste processo. Eu não vejo que tenha nada de inteligência nesta observação, no sentido de que alguém não é menos inteligente por votar em quem quer que seja”, declarou a ministra.
Além disso, a ministra lembrou também que o eleitorado brasileiro é composto por 52% de mulheres, e que a participação feminina é um avanço civilizatório para todos aqueles que querem civilização e civilidade.
“Imagine o ônus que tem sido, historicamente, a não participação efetiva, o olhar de mulheres somado aos olhares dos homens, para que a gente tenha formulação de normas, de leis.”
Mulher não vota em mulher?
Durante o debate, Marçal disse que a candidata Tabata Amaral (PSB) não seria eleita porque “mulher não vota em mulher”. Ele também sugeriu que Tabata tenta se mostrar a mais sábia, mas que, se houvesse realmente apoio feminino, ela venceria no primeiro turno.
“Ela quer provar para você que é mulher. Ô, Tabata, se mulher votasse em mulher, você ia ganhar no primeiro turno. A mulher não vota em mulher, ela é inteligente. Ela tem sabedoria, ela tem experiência. Ela olha pra você e vê você sempre nesse embate, não vai votar em você”, disse o candidato do PRTB.
Em resposta, Tabata disse que Marçal sofre rejeição do eleitorado feminino. Assim ela convidou as mulheres a votarem nela para “se posicionarem politicamente”. “Vocês sabem que a gente está sempre sendo subestimada. A barra para nós é sempre mais alta. Então eu tenho um pedido: eu sei que as mulheres, muitas vezes, estão tão atarefadas que não conseguem parar para se posicionar politicamente. Eu conto demais com vocês, com homens e mulheres”, disse a candidata.