A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP inaugurou, na quarta-feira (17), o Centro de Estudos Palestinos (CEPal). O novo centro de pesquisa busca reunir produções em diversas áreas de humanidades que tenham como foco a questão palestina e a cultura do povo da região.
Estiveram presentes na inauguração do Centro de Estudos Palestinos autoridades como Paulo Sérgio Pinheiro, ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos, e o ex-chanceler Francisco Rezek, além do escritor palestino Atef Abu Saif. O atual ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o embaixador brasileiro na Palestina durante os últimos quatro anos, Alessandro Candeas, enviaram vídeos para a solenidade. O evento foi coordenado pelas professoras da FFLCH Arlene Clemescha e Adma Fadul, que organizaram a criação do CEPal.
O CEPal recebeu também o escritor palestino Atef Abu Saif que é nome confirmado na
Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Ele está aproveitando a passagem pelo Brasil para lançar o livro Quero Estar Acordado Quando Morrer: Diário do Genocídio em Gaza (Elefante, 2024). A obra documenta os três meses que Atef esteve preso entre os bombardeios de Israel e Palestina acompanhado de seu filho.
Mestranda da FEA criou o logo do Centro de Estudos Palestinos
A logomarca do CEPal foi escolhida por meio de concurso aberto a alunos, ex-alunos, professores e funcionários da Universidade. Entre as 15 propostas recebidas, a banca de conselheiros do Centro escolheu o projeto elaborado por Juliana Argollo, estudante de mestrado da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA).
Formada em Design pela Universidade do Estado da Bahia (UEB), Juliana tem como objeto de mestrado o poder do branding – processo de construção de identidade de uma marca. Pela criação da logo, ela recebeu uma kufiya – cachecol tradicional palestino – e o livro Palestina: manual de ocupação, da escritora Bárbara Caramuru.
A marca do CEPal possui as cores da bandeira palestina e está inspirada no tatreez, forma de bordado tradicional que inclui flores, árvores e pássaros. Além disso, apresenta uma chave, símbolo utilizado para representar a esperança de retorno à casa daqueles que foram expulsos da região após a fundação de Israel.
Qual o papel do centro de estudos da Palestina?
Como um grupo ligado à universidade, o principal objetivo é reunir os pesquisadores de todas as áreas que tenham a Palestina como tema de pesquisa, aumentando as relações de troca de informação e ampliando o conhecimento sobre o assunto. Além disso, o CEPal irá buscar soluções de auto-emancipação, convivência e paz na região.
Em entrevista ao Jornal do Campus, em setembro, Arlene Clemesha, professora doutora em História Econômica do Oriente Médio e diretora do CEPal, explicou que a ideia de criação do centro possui relação com os eventos recentes na região. “A Palestina é, de certa forma, o centro de uma série de pautas globais, e é necessário que se dê enfoque ao genocidio que vem sendo conduzido contra o povo palestino”, pontuou.
Terá a promoção de palestras e cursos com pesquisadores visitantes, organizar grupos de estudos interdisciplinares dedicados à questão palestina, realizar o intercâmbio acadêmico com universidades palestinas e com acadêmicos palestinos. Além disso, irá responder às demandas da sociedade brasileira e da mídia por entrevistas, aulas e formação em geral.
Segundo o CEPal, a criação do núcleo reflete o reconhecimento dos estudos palestinos pela USP. “Sua criação expressa o reconhecimento de que a Questão Palestina constitui responsabilidade mundial – desde que a ONU dividiu o território da Palestina histórica para a criação de dois estados, mas foi incapaz de apoiar efetivamente a autodeterminação nacional do povo palestino”, escreveu o projeto em nota.
Por Emilly Gondim, com informações da edição on-line do Jornal do Campus
O Jornal do Campus é uma publicação dos estudantes de Jornalismo da ECA-USP