Greve e protestos contra Milei param a Argentina

Paralisação de 24h afetou linhas de trens, metrô e de ônibus interurbanos. Portos e aeroportos também foram afetados
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"Paramos para rechaçar o plano repressivo e de ajueste deste governo", disse dirigente metroviário. Foto: Reprodução/Infonews

Uma nova greve no setor de transportes paralisou a Argentina nesta quarta-feira (30). Trens de carga e de passageiros não circularam em todo o país. Linhas de metrô e de ônibus interurbanos também aderiram ao “paro“, assim como a maioria das linhas aéreas do país. Os principais portos do país também foram afetados, com os estivadores de braços cruzados, impedindo a carga e descarga dos navios.

Até mesmo os taxis da capital Buenos Aires não saíram às ruas. Apenas os ônibus urbanos e carros de aplicativo estão operando ao longo do dia.

A paralisão foi convocada pela Mesa Nacional do Transporte, que reúne as principais entidades sindicais do setor. Os trabalhadores protestam contra a política de ajuste do governo Milei. Eles reclamam da queda do poder de compra dos salários e do plano de privatizações e aumento de tarifas que a Casa Rosada pretende levar adiante.

“Paramos para rechaçar o plano repressivo e de ajueste deste governo. Somos otimistas em colocar organizadamente a classe trabalhadora em movimento”, afirmou Claudio Dellecarbonara a uma rádio local. Ele é um dos dirigentes da associação que congrega os trabalhadores do metrô de Buenos Aires.

Para a deputada Myriam Bregman, da Frente de Esquerda, é necessário um plano de luta unificado para derrotar o presidente ultraliberal Javier Milei. Ela lamentou a divisão entre setores sindicais, que não aderiram unanimemente à greve.

“A greve de hoje demonstra a enorme potência do movimento operário para enfrentar o plano antioperário de Milei. Se se unissem com os estudantes em luta e demais setores atacados, seria imparável”, afirmou a ex-candidata presidencial.

Professores e movimentos sociais se somam à greve

A secretária geral da Associação Docente de Ensino Secundário e Superior da Cidade de Buenos Aires (ADEMYS), Mariana Scayola, disse nesta quarta-feira que a categoria aderiu à greve porque as políticas do de Milei “atacam seus salários e a educação orçamento”.

Em entrevista a uma rádio local, ela sublinhou que também os professores também “exigem” que se faça “uma greve geral” nos próximos dias e que “embora o Governo Nacional não queira enxergar, está perdendo socialmente”.

“A reforma educativa de Milei vai degradar ainda mais o sistema educativo. Há uma reação de setores que apoaram este governo e que saíram às ruas para protestar porque o mau humor social está crescendo, como resultado do ajuste”, afirmou.

Além disso, o Sindicato dos Trabalhadores da Economia Popular (UTEP) em união com as organizações sociais e sindicais, realizou um dia luta nacional contra a fome, com mais de 500 bloqueios de estradas e refeitórios sociais.

“Saímos às ruas para denunciar a situação crítica da fome. Os alimentos ainda não chegam às cozinhas comunitárias, a situação nos bairros é muito complexa. Dezembro está chegando e é importante exigir que o governo restabeleça a entrega de alimentos. Todos os dias há mulheres que vêm aos nossos restaurantes pedir algo para se alimentarem, avós, cada vez mais pessoas sem-abrigo”, disse Dina Sánchez, representante da UTEP.

Milei dispara mensagens contra a greve

Como reação à mobilização dos trabalhadores dos transportes e dos professores, o governo Milei usou altofalantes e o aplicativo institucional MiArgentina para atacar os grevistas. De acordo com o portal argentino Infonews, trata-se de uma medida “distópica e ameaçadora”.

“Os sindicalistas não deixam você trabalhar”, indicou a notificação que os usuários do aplicativo receberam ainda na véspera dos protestos. “Devido a uma medida de força dos sindicalistas Moyano e Biró para zelarem por seus privilégios, nesta quarta-feira não haverá serviço de transporte. Se o obrigarem a parar, ligue para 134″.

O recado faz referência a Hugo Moyano, secretário-geral do Sindicato dos Caminhoneiros de Buenos Aires, e Pablo Biró, secretário-geral da Associação de Pilotos de Linhas Aéreas. O mesmo texto também soou nos alto-falantes dos terminais ferroviários. O porta-voz presidencial, Manuel Adorni, partilhou na sua conta Instagram um vídeo onde o anúncio é ouvido num altifalante de uma estação.

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