A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou hoje (30), por ampla maioria, uma nova resolução que condena o bloqueio econômico dos Estados Unidos contra Cuba. As restrições duram mais de seis décadas. Com 187 votos a favor, a resolução reforça a posição contrária da comunidade internacional à medida. Apenas Estados Unidos e Israel votaram contra o documento, enquanto a Moldávia se absteve. O embargo sufoca o povo cubano, dificultando e impedindo o comércio global com a ilha.
Essa votação foi uma das mais significativas em repúdio ao embargo, evidenciando o isolamento dos EUA no tema. Países tradicionalmente aliados de Washington, como as nações europeias, Japão e Austrália, também apoiaram a resolução. O Brasil, que, durante o governo de Jair Bolsonaro, havia se posicionado ao lado dos Estados Unidos, retomou, sob o governo Lula, o apoio ao fim do embargo.
O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, reforçou a posição do Brasil, apelando para que o governo norte-americano retire as sanções. “O Brasil sustenta firmemente que as únicas sanções legítimas no âmbito do direito internacional são aquelas adotadas pelo Conselho de Segurança, nos termos do Capítulo VII da Carta das Nações Unidas”, afirmou Vieira durante o debate na ONU. “A persistência da medida afeta diretamente o exercício dos direitos humanos do povo cubano, limitando o acesso a bens essenciais, como medicamentos e tecnologias indispensáveis ao desenvolvimento.”
Brasil contra o bloqueio
O ministro ressaltou que o embargo, além de ser prejudicial ao povo cubano, é particularmente grave diante da atual crise energética em Cuba. A ilha enfrenta uma situação crítica com apagões e racionamento, agravada pela passagem do furacão Oscar, que trouxe perdas humanas e destruição em regiões do leste cubano. Segundo Vieira, a inclusão de Cuba na lista de “Estados patrocinadores do terrorismo” intensifica as dificuldades enfrentadas pela população, dificultando inclusive a resposta humanitária às emergências.
Para amenizar a crise de energia, Mauro Vieira iniciou, nesta semana, negociações com o governo cubano para coordenar uma ajuda humanitária ao abastecimento na ilha. Em Nova York, ele se reuniu com o chefe da diplomacia cubana, Bruno Rodriguez Parrilla, para definir os detalhes do apoio. “Instamos os Estados Unidos a reconsiderar sua política em relação a Cuba: levantar as sanções, retirar Cuba da lista de Estados patrocinadores do terrorismo e promover um diálogo construtivo baseado no respeito mútuo e na não ingerência”, concluiu o chanceler.
A resolução da ONU, ainda que simbólica e não vinculativa. Contudo, representa um dos maiores apelos globais contra o embargo norte-americano. O dia de hoje na ONU reafirmou o desejo internacional por uma mudança na política dos EUA em relação a Cuba.