Dia da Língua Portuguesa: dicas para educadores

Segundo o IBGE, 62% da população brasileira é alfabetizada, mas ainda há o desafio de valorizar a diversidade cultural e linguística no ensino
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Língua portuguesa reflete a diversidade do Brasil e reforça o papel da educação em valorizar nossa identidade cultural / Foto: Reprodução

No dia 5 de novembro comemora-se o Dia da Língua Portuguesa. A TVT News destaca dicas para trabalhar a data nas escolas. Veja dicas de atividades sobre o Dia da Língua Portuguesa com a TVT News.

Dia da Língua Portuguesa no ensino básico

Em 5 de novembro, comemora-se o Dia da Língua Portuguesa, uma data que nos leva a refletir sobre o papel central do idioma na construção da identidade cultural brasileira. O Dia da Língua Portuguesa reflete a complexidade de nossa história e herança, incorporando influências de povos indígenas, africanos e europeus.

Falada por aproximadamente 250 milhões de pessoas em todo o mundo, a língua portuguesa representa um elemento essencial para preservar a diversidade cultural e promover o diálogo entre as culturas que compõem a sociedade brasileira. Celebrar essa data é, portanto, um convite para valorizar o peso histórico de cada palavra e reconhecer o papel do idioma em nossas relações sociais.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 62% da população brasileira é alfabetizada. No entanto, ainda persiste o desafio de construir um ensino que reconheça e valorize a pluralidade cultural e linguística do país. Em escolas como a Ágora, onde a interação com a natureza é parte integrante do aprendizado, a língua portuguesa é não só ensinada, mas vivida, refletindo a riqueza e a diversidade cultural brasileira.

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Dia Nacional da Língua Portuguesa: o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa foi organizado e publicado pela ABL. Foto: Academia Brasileira de Letras

Para incluir a temática do Dia da Língua Portuguesa no ensino infantil e fundamental, educadores podem tratar cinco práticas eficazes. São elas:

  • Realizar contação de histórias com mitos e lendas brasileiras, utilizando uma abordagem lúdica para enriquecer o vocabulário;
  • Estimular a criação de poesias coletivas, dando espaço para que os alunos expressem suas vivências;
  • Debater sobre as contribuições das culturas africanas e indígenas na construção do português brasileiro;
  • Aplicar jogos de palavras e rimas, tornando o aprendizado mais dinâmico e divertido;
  • Promover atividades ao ar livre, aproveitando a biodiversidade da Mata Atlântica que circunda a Escola Ágora, para estimular a criatividade e o vínculo com o meio ambiente.

Beta, psicanalista e pedagoga da Escola Ágora — a primeira Green School da América Latina —, destaca: “Integrar o ensino da Língua Portuguesa ao meio ambiente é fundamental para que as crianças desenvolvam um senso de pertencimento e respeito pela cultura local. O contato com a natureza amplia a imaginação e enriquece a linguagem, tornando o aprendizado mais profundo e significativo.”

Dia da Língua Portuguesa: heranças africana e indígena

A convite da TVT News, a professora Loretana Paolieri Pancera, presidente do Centro do Professorado Paulista, traz dicas sobre como aproveitar o Dia da Língua Portuguesa para tratar das heranças indígena e africana em sala de aula.

“A Língua Portuguesa, falada por milhões de pessoas ao redor do mundo, é mais do que um simples meio de comunicação; ela é um reflexo da história, da cultura e das influências diversas que moldaram as sociedades que a utilizam. Ao examinar a riqueza dessa língua, é essencial considerar as heranças africanas e dos povos originários que contribuíram para a sua formação e evolução.

Historicamente, o Brasil, como ex-colônia portuguesa, recebeu um grande número de africanos escravizados que trouxeram consigo não apenas suas tradições culturais, mas também suas línguas. O contato entre o Português e as línguas africanas gerou um fenômeno linguístico rico e complexo. Palavras de origem africana se incorporaram ao vocabulário cotidiano, enriquecendo a língua com expressões que refletem uma cultura vibrante e diversificada. Termos como “moleque”, “samba” e “candomblé” são apenas alguns exemplos da influência africana na Língua Portuguesa falada no Brasil.

Além disso, é fundamental reconhecer a contribuição dos povos indígenas. Antes da chegada dos colonizadores europeus, diversas línguas nativas já eram faladas em todo o território brasileiro. A interação entre os colonizadores portugueses e os povos originários resultou em trocas linguísticas significativas. Palavras como “tapioca”, “abacaxi” e “piranha” são heranças desse contato, evidenciando a diversidade cultural que permeia nossa língua.

No entanto, ao celebrarmos essas influências, também é crucial promover um debate mais profundo sobre a valorização dessas culturas na sociedade contemporânea. Muitas vezes, as contribuições dos africanos e dos povos indígenas são invisibilizadas ou desvalorizadas nos discursos oficiais. A promoção de uma educação bilíngue que respeite as línguas nativas e a inclusão da história africana nas escolas são passos importantes para reconhecer essa herança.

A discussão sobre a Língua Portuguesa não pode ser desvinculada das questões sociais e políticas que envolvem a identidade cultural do Brasil. Ao refletirmos sobre nossa língua, somos levados a considerar quem somos como nação e como podemos honrar as vozes daqueles que vieram antes de nós.

Portanto, ao falarmos em Língua Portuguesa, devemos também falar em pluralidade cultural. É uma oportunidade de reconhecer as raízes profundas da nossa identidade nacional e de celebrar a riqueza que vem da diversidade étnica. A Língua Portuguesa é um patrimônio coletivo que deve ser protegido e valorizado em todas as suas nuances.”

Sobre a autora:

Loretana Paolieri Pancera é Bacharel em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Nove de Julho, em São Paulo. Ingressou no Magistério Paulista em agosto de 1953. Exerce atualmente a presidência do Centro do Professorado Paulista, entidade a qual sempre esteve conectada e continua lutando pelos direitos do magistério e da educação.

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