O secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou as “contribuições significativas” do Brasil na agenda global durante um encontro bilateral com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A reunião ocorreu durante a Cúpula do G20, no Rio de Janeiro.
Lula e Guterres enfatizaram a necessidade de aumentar a ambição global para conter o aquecimento global, com foco na meta de limitar o aumento da temperatura a 1,5°C. Ambos reiteraram o compromisso de implementar ações decisivas nas próximas conferências climáticas da ONU: a COP29, no ano que vem, e a COP30, que será realizada no Brasil.
A declaração conjunta reforçou a urgência de que os países ajustem suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) para alinhá-las ao Acordo de Paris, especialmente em um cenário onde apenas seis anos restam para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Super-ricos no G20
Paralelamente à Cúpula, especialistas independentes da ONU lançaram um apelo aos líderes do G20 para que adotem a taxação de bilionários como uma medida crucial para financiar os ODS e combater a pobreza. Trata-se de uma proposta defendida por Lula.
Segundo o grupo, a transferência de apenas 0,14% da riqueza global acumulada poderia erradicar a pobreza até 2030. Eles apoiaram uma proposta defendida pelo Brasil de criar um imposto global de 2% sobre os super-ricos — cerca de 3 mil pessoas que possuem mais de US$ 3 bilhões em ativos. A estimativa é que a medida arrecadaria entre US$ 200 e 250 bilhões anualmente.
Críticas à acumulação de riqueza
Os especialistas afirmaram que a concentração de riqueza nas mãos de poucos está frequentemente ligada à exploração do planeta e de populações vulneráveis. Além disso, destacaram que os 10% mais ricos são responsáveis por 75% a 80% das emissões que contribuem para o aquecimento global.
A taxação de bilionários, segundo o apelo, é uma questão de justiça social e ambiental. “Trata-se de uma compensação modesta pelos danos causados pela forma como os ativos acumulados alimentam a crise climática”, afirmaram os peritos.
Desafios no G20
Apesar do apelo, algumas economias têm resistido à ideia, relegando a proposta a debates futuros. O comunicado final da Cúpula refletiu um compromisso mais moderado: os países prometeram cooperar para garantir que indivíduos de altíssimo patrimônio líquido sejam tributados de forma efetiva.
Os especialistas alertaram que a inércia atual coloca 84% das metas globais fora do alcance e que o momento exige ações concretas. Eles também pediram fontes de financiamento inovadoras que não agravem a dívida dos países em desenvolvimento, apontando a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza como uma iniciativa que precisa ser traduzida em ações práticas.
Proposta de Lula no G20, Aliança Global contra a Fome e a Pobreza tem ampla adesão
A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que será lançada na abertura da cúpula do G20, nesta segunda-feira (18), já teve adesão de 81 países. A proposta foi idealizada pelo Brasil com o objetivo de acelerar os esforços globais para erradicar a fome e a pobreza, prioridades centrais nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Entre os países que já aderiram estão 18 dos 19 integrantes do G20. Apenas a Argentina ainda não anunciou a adesão. Segundo o governo brasileiro, os argentinos ainda estão negociando a entrada na Aliança.
Além dos países, anunciaram a adesão as uniões Europeia e Africana, que são membros do bloco, 24 organizações internacionais, nove instituições financeiras e 31 organizações filantrópicas e não governamentais.