Mauro Cid faz novo depoimento e Moraes mantém acordo de delação

Alexandre de Moraes mantém acordo de delação premiada após Mauro Cid ter dado novas informações
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Tenente-coronel Mauro Cid em depoimento de 2023 na CPI dos atos golpistas. Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Nesta quinta-feira (21), o braço direito do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid, foi ouvido novamente por Alexandre de Moraes, do STF, após a Polícia Federal (PF) apontar omissões e contradições nos depoimentos anteriores. A delação premiada, que garantiu a liberdade de Cid, foi mantida após o depoimento. De acordo com a jornalista Natuza Nery, Mauro Cid implica Braga Netto no novo depoimento, o que manteve a delação.

Acordo de delação de Mauro Cid é mantido

O ministro Alexandre de Moraes manteve o acordo de colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).

“Após três horas de audiência, o ministro Alexandre de Moraes confirmou a validade da colaboração premiada de Mauro Cid. O ministro considerou que o colaborador esclareceu as omissões e contradições apontadas pela Polícia Federal. As informações do colaborador seguem sob apuração das autoridades competentes”, disse o gabinete do ministro Alexandre Moraes, em nota.

O depoimento de Mauro Cid durou duas horas.

Blog diz que Mauro Cid implica Braga Neto

De acordo com o blog da jornalista Natuza Nery, no depoimento a Alexandre de Moraes, Mauro Cid deu mais informações sobre a participação de Braga Netto na tentativa de golpe. Ainda de acordo com o blog, quem teve acesso ao depoimento descreveu a audiência como ‘ótima’.

Segundo fontes ouvidas pelo blog, houve novidade nas declarações do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro: Cid implicou o general Braga Neto.

Enquanto Mauro Cid depõe, Bolsonaro é indiciado pela PF

Polícia Federal indiciou Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado na tarde de quinta, no mesmo momento em que Mauro Cid fazia o depoimento.

No total, 37 pessoas foram indiciadas por tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito e organização criminosa; entre elas Bolsonaro e integrantes da alta cúpula do governo por abolição violenta do Estado democrático de Direito. Segundo o relatório, Bolsonaro sabia dos planos de assassinar o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, Geraldo Alckmin e o ministro do STF, Alexandre de Moraes.

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Polícia Federal indicia Bolsonaro e Mauro Cid por Golpe de Estado. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Agora cabe à Procuradoria Geral da República (PGR) denunciar ou não os indiciados ao Supremo. Caso a Corte aceite a denúncia, Bolsonaro e os outros se tornarão réus e serão julgados pelos crimes referentes à tentativa de golpe de Estado.

Em nota oficial, a PF disse que “as provas foram obtidas por meio de diversas diligências policiais realizadas ao longo de quase dois anos, com base em quebra de sigilos telemático, telefônico, bancário, fiscal, colaboração premiada, buscas e apreensões, entre outras medidas devidamente autorizadas pelo poder Judiciário”.

Mauro Cid no centro das investigações

Na última terça-feira (19), Mauro Cid depôs à PF negando ter conhecimento de qualquer plano para um golpe de Estado que previa matar Lula, Alckmin e Moraes, em dezembro de 2022. Na mesma data, quatro militares (o general de brigada da reserva Mario Fernandes, o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, o major Rodrigo Bezerra Azevedo e o major Rafael Martins de Oliveira) e um agente da PF foram presos acusados de planejarem o ataque golpista e homicida intitulado “Punhal Verde e Amarelo”.

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Tenente-coronel Mauro Cid em depoimento de 2023 na CPI dos atos golpistas. Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Saiba mais: Plano de execução de Lula e Alckmin foi discutido na casa de Braga Netto

Segundo a PF, foram recuperados dados apagados de um computador de Cid que demonstra conversas com Mario Fernandes sobre ações golpistas. Os materiais recuperados sustentam a alegação de que o depoimento de Mauro Cid apresenta omissões de informações cruciais para as investigações.

O ministro do STF, Alexandre de Moraes, foi o responsável por fechar a delação premiada com Cid. Na condição de delator, o braço direito de Bolsonaro deveria dizer a verdade aos investigadores. Nessas condições, o magistrado será quem definirá se de fato houve ou não descumprimento do acordo pela parte do tenente-coronel.

“Em virtude das contradições existentes entre os depoimentos do colaborador e as investigações realizadas pela Polícia Federal na PET 13.236, designo a realização de audiência para oitiva de Mauro Cid no dia 21/11/2024, às 14h, na sala de audiências do STF, para esclarecimentos relacionados aos termos da colaboração (regularidade, legalidade, adequação e voluntariedade)”, escreveu o magistrado.

Golpe não aconteceu por detalhe, afirma ministro

O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, avaliou que o plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes “só não ocorreu por detalhe”.

“Estamos falando de uma ação concreta, objetiva, que traz elementos novos, extremamente graves, sobre a participação de pessoas do núcleo de poder do governo [Jair] Bolsonaro no golpe que tentaram executar no Brasil, impedindo a posse do presidente e do vice-presidente eleitos”, disse, ao conversar com a imprensa em meio à programação do G 20, no Rio de Janeiro.

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