A 29ª Conferência das Nações Unidas sobre o Clima e Mudanças Climáticas (COP29), realizada em Baku, no Azerbaijão, acabou hoje (22). O encontro não alcançou consenso sobre o financiamento climático. A proposta inicial, apresentada no mesmo dia, previa que os países desenvolvidos contribuíssem com US$ 250 bilhões anuais até 2035 para apoiar as nações em desenvolvimento na adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
Apesar de prolongar as negociações além do prazo previsto, o impasse permaneceu. A divisão entre os países ricos e as nações em desenvolvimento marcou o debate: enquanto os primeiros hesitaram em assumir compromissos financeiros mais significativos, os segundos exigiam um suporte mais robusto, proporcional às suas necessidades urgentes.
Declarações do clima
O representante do Panamá, Juan Carlos Monterrey Gomez, expressou indignação com a proposta inicial em uma publicação no X (antigo Twitter). “Os US$ 250 bilhões oferecidos por países desenvolvidos são um cuspe na cara de nações vulneráveis como a minha. Eles oferecem migalhas enquanto nós carregamos os mortos. Ultrajante, maligno e implacável”, escreveu.
Os principais atores considerados para liderar o financiamento incluíam a União Europeia, Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Austrália, Noruega, Canadá, Nova Zelândia e Suíça. Contudo, representantes desses países demonstraram resistência em ampliar seus compromissos financeiros.
Próximos passos para o clima
A falha em alcançar um acordo ocorre em um momento de urgência para a agenda climática global. Estudos apontam que o mundo está longe de limitar o aumento da temperatura média global a 1,5°C, conforme previsto no Acordo de Paris. O financiamento climático é visto como uma peça-chave para que países em desenvolvimento possam adotar energias renováveis, reduzir emissões de gases de efeito estufa e se adaptar aos impactos inevitáveis do aquecimento global.
A conclusão frustrante da COP29 coloca pressão adicional sobre a próxima edição do evento, a COP30. Ela acontecerá em Belém, em 2025. Lá questão do financiamento continuará a ser um dos pontos mais sensíveis em relação ao combate às mudanças no clima.
Confira a declaração final da COP29
Ao longo do ano, a Presidência da COP29 tem pressionado por uma nova meta de financiamento climático justa e ambiciosa, levando em consideração as necessidades e prioridades das Partes
dos países em desenvolvimento. Conduzimos um processo de consulta amplo e inclusivo que se estendeu até as primeiras horas da manhã.
Demos a todos os grupos a oportunidade de reagir ao pacote de textos que divulgamos ontem de manhã e agradecemos a eles por seu engajamento construtivo. Levando em consideração as opiniões
expressas durante as consultas e o que ouvimos das Partes na reunião de ontem, publicamos agora textos atualizados.
Esses textos formam um pacote equilibrado e simplificado para a COP29. A Presidência da COP29 insta as Partes a estudarem esse texto atentamente, para abrir caminho para o consenso, sobre as poucas opções restantes.
Como uma primeira reflexão das indicações das Partes, a decisão da Nova Meta Quantificada Coletiva contém um apelo a todas as Partes para que trabalhem juntas para aumentar o financiamento aos países em desenvolvimento para ações climáticas de todas as fontes públicas e privadas para pelo menos US$ 1,3 trilhão por ano até 2035.
Além disso, refletindo a submissão das partes dos países desenvolvidos, inclui uma decisão de definir uma meta que estende a meta de mobilizar conjuntamente US$ 100 bilhões por ano, com as partes dos países desenvolvidos assumindo a liderança, para US$ 250 bilhões até 2035 para as partes dospaíses em desenvolvimento para ação climática.
Continuaremos nos envolvendo com as Partes para concordar coletivamente com os ajustes finais para as poucas questões pendentes, porém importantes. Continuaremos trabalhando duro, de forma inclusiva e transparente, para pressionar todas as partes em direção ao resultado mais ambicioso possível.