O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofreu uma queda no banheiro do Palácio do Planalto na noite de sábado (19/10), resultando em um pequeno sangramento cerebral e levando ao cancelamento de sua viagem à cúpula do Brics na Rússia. De acordo com boletim médico do Hospital Sírio-Libanês, o presidente Lula apresentou um ferimento corto-contuso na região occipital, na parte de trás da cabeça, e foi liberado após atendimento.
Confira o estado de saúde do presidente Lula na TVT News
De acordo com o neurocirurgião Victor Hugo Espíndola, “quando há uma queda como essa, o impacto na região occipital, que é a parte posterior da cabeça, pode causar uma lesão corto-contusa. No caso do presidente, esse corte precisou ser suturado, e a batida provocou um hematoma cerebral do tipo contragolpe, que ocorre quando a movimentação brusca do cérebro faz com que ele se choque contra a base do crânio.”
O médico esclarece que, “na base do crânio, existem espículas ósseas, e o movimento brusco do cérebro pode levar ao cisalhamento dessas estruturas, causando o sangramento. Esse tipo de quadro precisa ser monitorado para verificar se o hematoma evolui.”
Ele ressaltou que, na maioria dos casos, o corpo consegue reabsorver o hematoma sem a necessidade de cirurgia. “Geralmente, o paciente evolui bem e sem sequelas. No entanto, há casos mais graves em que o sangramento pode aumentar, exigindo intervenção para evitar complicações, como a hipertensão intracraniana.”
- Vídeo: Veja as repercussões do mundo político com a cirurgia do presidente Lula
Acompanhe o estado de saúde do presidente Lula
- O presidente foi internado às pressas, no fim da noite da segunda-feira (9), no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo
- Na madrugada, Lula passou por cirurgia para drenagem de um hematoma
- O presidente está internado na UTI e “encontra-se bem”, informou o hospital.
- Lula está conversando normalmente e passou pelo procedimento de forma consciente.
- Janja está acompanhando o presidente, mas segundo médicos não há visitas por enquanto.
- A previsão é que Lula volte para Brasília até o início da próxima semana para atuar como chefe de Estado. O prazo não é definitivo, mas a expectativa é que na segunda-feira (16) ele já esteja apto para trabalhar.
FAQ: Entenda o que aconteceu com o Presidente Lula
O que é um hematoma subdural e quais são as causas mais comuns desse tipo de sangramento intracraniano? |
Os hematomas subdurais são geralmente causados por sangramento das veias, incluindo as veias comunicantes, localizadas entre a camada média e a camada externa do tecido que reveste o cérebro (meninges). Esse hematoma pode ser causado, principalmente, por traumatismo craniano, que pode acontecer durante quedas, acidentes de carro, moto ou bicicleta, ou ainda durante atividades esportivas. |
Quais são os sinais e sintomas que indicam a presença de um hematoma subdural, e como ele é diagnosticado? |
Vai depender do caso. Quando o sangramento é repentino e severo, pode ocorrer a perda de consciência imediatamente. Em situações menos graves, os sintomas podem aparecer depois de alguns dias, e o paciente começa a lentamente tornar-se confuso e, então, ficar inconsciente. Os sintomas característicos são: dor de cabeça; confusão; mudança de comportamento; tonturas; sonolência excessiva; fraqueza; apatia; incapacidade de fala e problemas de visão. |
Como é o procedimento de drenagem de um hematoma subdural e o que essa cirurgia envolve? |
O procedimento se chama trepanação (uma pequena perfuração do crânio), ou uma craniectomia descompressiva, no qual é feito um ou dois orifícios no lado do crânio onde está o coágulo para que o sangue saia. Depois a cavidade, deixada pelo hematoma, é lavada com soro fisiológico. Isso geralmente faz o sangramento parar e elimina o problema. Em alguns casos, pode ser deixado um dreno para expelir algum eventual resquício de hematoma. Geralmente o dreno é retirado um ou dois dias depois da cirurgia. |
Quais são os principais riscos e complicações associados à cirurgia para tratar um hematoma subdural, especialmente em pacientes idosos como o presidente Lula? |
A cirurgia possui um risco baixíssimo de complicação, tanto queuma das poucas cirurgias que podem ser realizadas em idosos acima de 90 anos, dependendo do caso. Porém, eles não são inexistentes, tem possibilidade de ocorrer um sangramento maior do que aquele que já existia antes talvez seja o problema mais sério a ser enfrentado. Também existe a chance de infecção, que costuma ser maior em pacientes idosos com saúde precária. |
Quais são as recomendações para o período de recuperação pós-cirúrgico e os cuidados necessários para prevenir possíveis complicações futuras? |
Após o procedimento, o paciente geralmente fica 2 semanas afastados de suas atividades e é necessária a avaliação do neurocirurgião para o paciente voltar às suas atividades.Mas, na maioria das vezes, o paciente se recupera bem e pode voltar às suas atividades habituais em pouco tempo. |
Respostas enviadas pelo neurocirurgião Orlando Maia, membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia e da World Federation Neuroradiology.
- Vídeo: Neurocirurgião explica o que aconteceu com o presidente Lula