Cultura, ancestralidade e cooperação internacional marcaram a missão oficial ao Benin liderada pela ministra da Cultura, Margareth Menezes. A comitiva cumpriu cinco dias de compromissos institucionais e culturais. Veja mais sobre a relação entre Brasil e Benin na TVT News.
Brasil e Benin se aproximam
Durante a missão da ministra Margareth Menezes, os representantes brasileiros visitaram locais sagrados e culturais do país, como o Museu Panthéon Noir et Africain (Panteão Negro e Africano) e a Grande Mesquita, ambos em Porto-Novo, considerada a cidade mais brasileira do Benin.
Outro destaque da viagem foi a instalação do Comitê de Implementação dos Acordos Culturais, como forma de ampliar a cooperação nas artes, audiovisual e no patrimônio cultural. A instalação ocorreu durante o Festival das Culturas Ancestrais, nas cidades de Cotonou e Uidá, no Benin, quando são celebradas a espiritualidade e as tradições do país da África Ocidental.
A viagem reforçou a importância dos laços históricos e culturais que unem Brasil e Benin. Os dois países compartilham costumes e tradições fundamentais para a formação da identidade brasileira, herdadas de pessoas escravizadas.
Em dezembro do ano passado, Sueli Carneiro, uma das principais filósofas brasileiras, foi oficialmente reconhecida como cidadã beninense em uma cerimônia na cidade de Cotonou — ela foi a primeira brasileira a receber o título. O momento foi registrado pela equipe do documentário “Mulheres Negras em Rotas de Liberdade”, produzido pela Acarajé Filmes e Mulungu Realizações Culturais.
A ministra Margareth Menezes explicou os objetivos da viagem. “Expandir essa relação [entre os dois países] e fortalecê-la ainda mais. Para nós, é uma grande honra representar o presidente Lula e o governo brasileiro nesse primeiro movimento de fortalecimento das relações entre Benin e o Brasil”, disse ela.
O Ministro da Cultura do Benin, Jean-Michel Abimbola, também se manifestou sobre a visita. “É com grande alegria que trabalhamos com essa delegação projetos do futuro, de reconexão, projetos em comum, patrimônio, artes e cultura e, sobretudo, programas que vão permitir, a partir de agora, que nossos irmãos não fiquem mais separados.”
Comitê irá ampliar cooperação cultural entre Brasil e Benin
Brasil e Benin instalaram nesta semana o Comitê de Implementação dos Acordos Culturais entre os países, como forma de ampliar a cooperação nas artes, audiovisual e no patrimônio cultural. A instalação ocorreu durante o Festival das Culturas Ancestrais, nas cidades de Cotonou e Uidá, no Benin, quando é celebrada a espiritualidade e as tradições do país da África Ocidental. O evento vai até este domingo (12).
A programação teve apresentação do Balé Folclórico da Bahia.
Uma missão com representantes do governo federal, liderada pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, cumpriu agenda no país, que incluiu reuniões com autoridades do Benin, entre elas, o prefeito de Uidá, Christian Houétchénou. A delegação brasileira é integrada pela secretária do Audiovisual, Joelma Gonzaga; o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass; o presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge; e representantes dos ministérios das Relações Exteriores, da Igualdade Racial, do governo da Bahia e da prefeitura de Salvador.
De acordo com o Iphan, a criação do comitê foi acertada durante a vinda do presidente do Benin, Patrice Talon, ao Brasil, em 2024. Na visita, foi firmado um acordo para “dinamizar a cooperação cultural, artística, museológica e patrimonial entre os dois países”.
Conforme o instituto, o Acordo de Cooperação Cultural, datado de 11 de julho de 1972, prevê iniciativas bilaterais na agricultura, saúde, educação, infraestrutura e no esporte.
“A África está no coração do Brasil, e hoje posso dizer que o Benin ocupa esse espaço de forma ainda mais importante. O Festival das Culturas Ancestrais conecta o nosso passado ao presente, promovendo o futuro da nossa ancestralidade comum”, declarou a ministra Margareth Menezes, em nota publicada pelo ministério.
Por Ana Carolina Alli, para a Agência Brasil
Relação Brasil e África foi tema da redação do Enem
O tema da redação do Enem 2024 foi: desafios para a valorização da herança africana no Brasil. Com base neste tema, as e os estudantes devem fazer redação que demonstre domínio da Língua Portuguesa, utilizar conhecimentos para argumentar sobre o tema e elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.
O tema da redação do Enem exige a produção de um texto em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo, com até 30 linhas a partir da situação-problema proposta, dos textos motivadores e dos conhecimentos construídos ao longo de sua formação.
O tema da redação do Enem, sobre a valorização da herança africana, aumenta a visibilidade sobre diversas lutas contra o racismo, como o Dia da Mulher Negra Latino-americana, celebrado em 25 de julho.
“O 25 de julho é uma maneira de vocalizar as vozes apagadas, silenciadas, esquecidas das milhares de mulheres negras latino-americanas que deram seu suor e sangue para erguer nações. É restaurar memórias daquelas que chegaram antes de nós nesta terra para a qual fomos trazidas à força e sofremos tantas violência e resistimos até hoje”, explica a pesquisadora da História da África, Carolina Morais.
FAQ – Quais as relações históricas entre Brasil e Benin?
Qual é a origem da conexão histórica entre Benin e Brasil? |
A relação entre Benin e Brasil remonta ao período da colonização, especialmente ao tráfico transatlântico de pessoas escravizadas. Muitas delas vieram do antigo Reino do Daomé, localizado onde hoje é o Benin, trazendo as culturas e religiões para o Brasil. |
Como as religiões afro-brasileiras estão ligadas ao Benin? |
O Benin é conhecido como a terra do vodum, que influenciou diretamente religiões afro-brasileiras como o candomblé. Muitos orixás cultuados no Brasil têm origem nos voduns venerados na África Ocidental. |
Quais aspectos culturais do Benin estão presentes no Brasil? |
Além das religiões, o legado pode ser visto em práticas como a culinária afro-brasileira, as danças, a capoeira e festas populares. Palavras e expressões do idioma iorubá também estão incorporadas no português brasileiro. |
Por que fortalecer os laços culturais entre Benin e Brasil é importante? |
Reforçar esses laços permite reconhecer e valorizar as raízes africanas na formação da identidade brasileira, além de promover intercâmbios culturais e históricos que combatem o racismo e celebram a diversidade. |
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