DeepSeek: China apresenta IA fora dos controles da extrema direita

Chineses sacodiram o mundo da tecnologia com a DeepSeek, ferramenta de inteligência artificial fora das garras das big techs de Musk e outros
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Lançado em 20 de janeiro, o DeepSeek rapidamente impressionou especialistas em inteligência artificial antes de conquistar a atenção global. Imagem: Jernej Furman/Wikimedia Commons

O mundo da tecnologia foi sacudido pelo lançamento do DeepSeek, uma inteligência artificial chinesa que alcançou o topo dos downloads na Apple Store em todo o mundo. Veja mais sobre o DeepSeek na TVT News.

Deep Seek: a inteligência artificial da China que sacudiu o mercado

O impacto foi tão grande que levou a uma perda de mais de US$ 1 trilhão no valor de mercado de gigantes americanas do setor de tecnologia.

Lançado em 20 de janeiro, o DeepSeek rapidamente impressionou especialistas em inteligência artificial antes de conquistar a atenção global. Sua capacidade de operar com eficiência, apesar de ser desenvolvido com um orçamento muito menor do que os concorrentes ocidentais, levantou questionamentos sobre o futuro dos investimentos bilionários no setor.

Além disso, por se tratar de uma empresa chinesa e livre, existe uma expectativa positiva neste sentido. Isso porque as grandes empresas de tecnologia norte-americanas apoiam abertamente a extrema direita. Na prática, isso significa que existem inseguranças sobre o tratamento da informação em plataformas de inteligência artificial comandadas por extremistas como Mark Zuckerberg (da Meta) e Elon Musk (do X). Estas plataformas já anunciaram que defendem a mentira livre contra minorias e ataques contra a democracia, por exemplo.

“Trata-se de uma IA generativa que pode rivalizar com a OpenAI (do ChatGPT). Ela não opera de modo tão ágiul, mas isso é uma questão de tempo. Uma vantagem é que os dados que o DeepSeek coleta não vão parar em bancos de dados de supremacistas brancos e apoiadores de Donald Trump. Será? Ainda estou analisando”, afirma o professor da Universidade Federal da ABC (UFABC), especialista em software livre e novas tecnologias, Sérgio Amadeu.

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DeepSeek levou a uma perda de mais de US$ 1 trilhão no valor de mercado de big techs. Foto: DeepSeek

Um alerta vindo do Oriente

Não à toa, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, classificou o sucesso do DeepSeek como um “sinal de alerta” para as empresas americanas. “Precisamos nos concentrar em competir para vencer”, declarou ele, destacando a necessidade de inovação nos EUA frente à ascensão tecnológica da China.

O DeepSeek utiliza um modelo de linguagem chamado R1, com 670 bilhões de parâmetros, tornando-se o maior modelo de código aberto já lançado. A tecnologia é capaz de competir em eficiência com o modelo mais recente da OpenAI, o O1, mas foi desenvolvida a um custo de apenas US$ 6 milhões – um valor irrisório em comparação aos mais de US$ 100 milhões gastos na criação de tecnologias similares nos Estados Unidos.

Impacto no mercado

O lançamento do DeepSeek provocou uma queda vertiginosa no mercado de tecnologia, com destaque para a Nvidia, que perdeu US$ 588 bilhões em valor de mercado em apenas um dia – a maior perda diária da história americana. O impacto também atingiu as chamadas “7 Magníficas” (Apple, Nvidia, Alphabet, Tesla, Microsoft, Meta e Amazon), que juntas registraram uma queda de US$ 643 bilhões.

Especialistas apontam que o sucesso do DeepSeek coloca em xeque o modelo de negócios das grandes empresas do setor. “A indústria bilionária está sendo questionada. É como se um time de ‘Série B’ ganhasse um campeonato. Agora, o mercado se pergunta se as gigantes da tecnologia merecem esses bilhões”, analisa Fabro Steibel, diretor-executivo do ITS Rio, ao WW.

Um novo paradigma

O diferencial do DeepSeek é seu modelo de código aberto, que permite a desenvolvedores de todo o mundo adaptar a tecnologia às suas necessidades. Além disso, a ferramenta utiliza menos memória e chips menos avançados para executar tarefas complexas, desafiando a ideia de que a inovação depende de investimentos exorbitantes.

Liang Wenfeng, fundador da DeepSeek, tornou-se uma figura central no debate sobre o futuro da IA. Formado em engenharia e ciências da computação pela Universidade de Zhejiang, Liang também lidera um fundo de investimento focado em análises financeiras baseadas em IA. Em 2019, ele destacou que a China não poderia mais ser apenas uma seguidora no setor de tecnologia: “Se os Estados Unidos podem desenvolver sua inteligência artificial, por que não a China?”

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Índice Latino-Americano de Inteligência Artificial apontou Chile, Brasil e Uruguai como os mais preparados para o uso da tecnologia de IA. Foto: Adobe SanseIA/Gerado por IA

DeepSeek: opção chinesa

Com o sucesso meteórico do DeepSeek, especialistas preveem mudanças no mercado de inteligência artificial. Empresas como Nvidia, que antes dominavam o setor, agora enfrentam questionamentos sobre a sustentabilidade de seus modelos de negócios.

Para Fabro Steibel, o DeepSeek inaugura uma nova era para a IA: “A ferramenta chinesa provou que é possível fazer mais com menos, e isso muda completamente as regras do jogo.”

Enquanto a China celebra sua conquista tecnológica, o Ocidente encara o DeepSeek como um lembrete de que o domínio global da inovação é cada vez mais competitivo e imprevisível, e que a China encara de frente os desadios contemporâneos, o que pode oferecer uma saída ao imperialismo supremacista e radical dos Estados Unidos.

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