Em assembleia realizada na quarta-feira (29), os metalúrgicos da Movent, em Diadema, denunciaram que a empresa, em processo de recuperação judicial, vem desde o início do mês impedindo o retorno dos trabalhadores aos postos de trabalho e não efetuou os pagamentos do adiantamento dos salários de janeiro, além da segunda parcela do 13º salário, do plano médico de 100 trabalhadores, além de não recolher o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) dos trabalhadores. Veja mais em TVT News.
Trabalhadores da Movent em luta pelos direitos
Durante a assembleia na Movent, em Diadema, os portões e o estacionamento foram mantidos fechados pela administração da fábrica, que não retornou nenhum contato com os representantes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC desde o início de 2025.
Para o coordenador de área da Regional Diadema do Sindicato, João Paulo de Oliveira, a empresa tem demonstrado, com todas as ações que tem tomado, que não tem viabilidade. “Estamos cobrando respostas. A Movent está em um processo de recuperação judicial que exige que mostre perspectiva de melhora. Queremos saber quando ela irá comprar matéria-prima e voltar a funcionar, quando irá realizar os pagamentos dos salários atrasados e quando irá mostrar viabilidade”, afirmou o dirigente.
O coordenador da regional Diadema do Sindicato, Antônio Claudiano da Silva, destacou que a empresa tem agido de má-fé com os trabalhadores e que a atual gestão da Movent também tentou fazer uma manobra para vender os imóveis de sua propriedade, mas a justiça anulou a venda. “Esta é uma empresa que não tem produção, não tem um plano viável de recuperação, que não tem um cliente. Esperamos que os credores não aprovem o plano de recuperação na assembleia, pois não tem nenhuma efetividade”, disse.
O representante sindical reforçou ainda que o departamento jurídico dos Metalúrgicos do ABC já deve notificar a Justiça sobre a postura da fábrica e que o Sindicato permanece na luta pelos direitos dos trabalhadores. “Nós vamos lutar para que os bens da empresa sejam utilizados para garantir o pagamento dos direitos dos trabalhadores. O companheiro ou companheira que tiver interesse em entrar com ação na Justiça do Trabalho deve procurar o nosso departamento jurídico, que vai cobrar os direitos judicialmente. Não vemos mais outra saída.”
A assembleia de credores que vai definir o processo de recuperação judicial deverá ser retomada no dia 26 de fevereiro.
Histórico da Movent
A crise toda começou em julho de 2018 quando a empresa Dana (Diadema) foi adquirida pelo Grupo Movent. Os atrasos salarias e o não pagamento do FGTS passaram a ser frequentes. Além disto, outros problemas como atrasos em salários, férias, 13º, PLR (Participação nos Lucros e Resultados), plano médico e outros direitos também se tornaram rotina.
Em início 2023, a empresa mantinha cerca de 440 trabalhadores, contudo, a partir de abril daquele ano, passou a reduzir drasticamente o número de metalúrgicos. Foram 282 demissões em diferentes períodos do ano sem pagamento das verbas rescisórias. Além disto, a empresa fez diversos acordos na Justiça do Trabalho para parcelamento das verbas, mas não cumpriu. Ainda em 2023, a autopeças ingressou com um pedido de recuperação judicial.
Em 2024, a empresa voltou a demitir em massa trabalhadores, com a mesma postura de não pagamento de direitos. Ao longo de todo este período, foram vários acordos celebrados entre Sindicato e Movent, todavia jamais cumpridos integralmente pela empresa.