O faturamento real da indústria de transformação, que exclui os efeitos da inflação, registrou um crescimento de 5,6% em 2024. Esse resultado representa o maior avanço anual desde 2010, conforme os dados divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta sexta-feira (7). Confira mais em TVT News.
Apesar de uma queda de 1,3% entre novembro e dezembro, o setor encerrou o ano com um desempenho positivo, impulsionado pelo aumento da produção e do consumo ao longo dos meses.
De acordo com a CNI, diversos fatores contribuíram para esse crescimento expressivo. Entre eles, destacam-se a queda no desemprego, o aumento dos gastos do governo e a maior oferta de crédito, que ajudaram a sustentar o consumo e os investimentos. Esses elementos mantiveram o setor industrial aquecido, garantindo um crescimento contínuo ao longo de 2024.
Horas trabalhadas e capacidade instalada
O número de horas trabalhadas na produção industrial cresceu 4,2% em 2024, quando comparado ao ano anterior. Esse indicador é um dos principais termômetros da atividade industrial, refletindo o dinamismo do setor. No entanto, no último mês do ano, houve uma redução de 1,3% nas horas trabalhadas, indicando uma desaceleração no ritmo da atividade produtiva. Esse comportamento pode ser reflexo de ajustes sazonais comuns no período, além de fatores macroeconômicos que influenciaram a demanda e a produção.
Outro indicador importante é a utilização da capacidade instalada (UCI), que mede o quanto as indústrias estão utilizando do seu potencial produtivo. Em dezembro de 2024, a UCI registrou uma queda de 0,8 ponto percentual, fechando o ano em 78,2%.
No entanto, a média anual foi 0,6 ponto percentual superior à de 2023, o que mostra que, ao longo do ano, o setor operou em um patamar mais elevado em comparação ao ano anterior. Isso indica que a indústria conseguiu manter um nível de produção mais robusto durante a maior parte de 2024, apesar da desaceleração observada nos últimos meses.
Mercado de trabalho
O desempenho positivo da indústria em 2024 também teve reflexos no mercado de trabalho. O número de empregos no setor aumentou 2,2% ao longo do ano, acompanhando a tendência de crescimento da atividade industrial. Além disso, a massa salarial, que representa o total pago em salários aos trabalhadores do setor, registrou uma alta de 3%. Esse crescimento indica que, além do aumento no número de postos de trabalho, houve uma valorização da remuneração média dos trabalhadores industriais.
O rendimento médio dos trabalhadores da indústria também apresentou um leve crescimento, com alta de 0,8% no ano. Esse aumento é um fator positivo, pois demonstra uma melhoria nas condições salariais da categoria. No entanto, nem todos os meses do ano apresentaram crescimento contínuo.
Em dezembro, por exemplo, os indicadores do mercado de trabalho mostraram sinais de enfraquecimento. O número de postos de trabalho permaneceu estável, mas tanto a massa salarial quanto o rendimento médio registraram queda de 0,5% no mês.
Essas oscilações no final do ano indicam que, apesar do crescimento sólido ao longo de 2024, a indústria ainda enfrenta desafios relacionados à estabilidade do mercado de trabalho e à manutenção dos níveis de remuneração dos trabalhadores. Esses fatores serão determinantes para avaliar a continuidade da recuperação do setor nos próximos anos.
Os dados apresentados fazem parte da pesquisa Indicadores Industriais, realizada desde 1992 pela CNI em parceria com as federações estaduais da Indústria. Esse levantamento monitora mensalmente a evolução da atividade industrial e é um dos principais instrumentos para acompanhar o desempenho do setor no Brasil.
A pesquisa abrange estados que, juntos, representam mais de 90% da produção industrial do país, oferecendo um panorama detalhado e confiável sobre a economia industrial brasileira.
O ano de 2024 foi marcado por uma recuperação significativa para a indústria brasileira, refletida no aumento do faturamento, na geração de empregos e na elevação da renda dos trabalhadores do setor. Apesar do bom desempenho ao longo do ano, o último trimestre indicou uma leve desaceleração, o que reforça a necessidade de acompanhar de perto os desafios que podem surgir nos próximos meses.