Produtos lícitos como álcool e cigarros dão mais lucros para o PCC do que o tráfico de drogas, aponta estudo. Veja mais em TVT News.
Levantamento anual do Fórum Brasileiro de Segurança Pública ainda aponta que crimes virtuais e furto de celulares geraram receita de R$ 186 bilhões para o crime, entre 2023 e 2024
Um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta semana, revela que a principal facção criminosa do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC), lucra muito mais com o contrabando de combustíveis, bebidas e ouro do que com o tráfico de cocaína. Em 2022, essas atividades ilegais movimentaram cerca de R$ 146,8 bilhões. Confira mais em TVT News.
No período analisado, a receita do crime organizado com o tráfico de cocaína ficou em torno de R$ 15 bilhões. A extração e produção ilegal de ouro geraram R$ 18,2 bilhões (12,4%), enquanto o comércio clandestino de cigarros somou R$ 10,3 bilhões (7%).
O maior volume de lucro do PCC, contudo, veio do contrabando de combustíveis e lubrificantes, que movimentou R$ 61,5 bilhões, representando 41,8% do total. Em seguida, o mercado ilegal de bebidas rendeu R$ 56,9 bilhões (38,8%).
As fraudes no setor de combustíveis resultaram em perdas fiscais de R$ 23 bilhões, com a comercialização irregular de 13 bilhões de litros em 2022. No mercado de bebidas, a desativação do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (SICOBE), do governo federal, causou um apagão de dados e facilitou uma evasão tributária de R$ 72 bilhões no mesmo ano.
A mineração e o comércio ilegal de ouro movimentaram R$ 40 bilhões entre 2015 e 2020, afetando áreas protegidas e terras indígenas. Já o contrabando de cigarros gerou um prejuízo fiscal de R$ 94,4 bilhões ao longo de 11 anos.
Crimes Digitais e Roubo de Celular
Os crimes virtuais e o roubo de celulares superaram o contrabando, gerando uma receita de R$ 186 bilhões para o crime organizado entre julho de 2023 e julho de 2024, segundo o estudo.
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As fraudes digitais, como golpes em dispositivos móveis e digitais, causam um prejuízo médio de R$ 1.702 por vítima no uso indevido de cartões de crédito. Os golpes envolvendo Pix e boletos falsos têm um impacto médio de R$ 1.470 por vítima. Outras fraudes apresentam valores menores, como clonagem de celular (R$ 699), vazamento de dados pessoais (R$ 390) e compras suspeitas em redes sociais (R$ 335).
Metodologia
A pesquisa “Rastreamento de Produtos e Enfrentamento ao Crime Organizado no Brasil”, realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o Instituto Datafolha, integra informações de fontes oficiais, entidades acadêmicas, setor privado, organizações da sociedade civil e mídia especializada, além de depoimentos de especialistas do setor.
A metodologia adotada cruzou dados dos mercados legal e ilegal com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), baseadas na Pesquisa Industrial Anual (PIA) e na Pesquisa Anual do Comércio (PAC). Dessa forma, foi possível estimar a receita gerada por atividades ilícitas nesses setores.
O estudo destaca que o crime organizado no Brasil vai muito além do tráfico de drogas e armas, expandindo-se para mercados clandestinos altamente lucrativos. No total, esse mercado ilegal movimenta R$ 348 bilhões anualmente, evidenciando a necessidade urgente de ações estratégicas para enfraquecer suas fontes de financiamento.