Trump discursa no Congresso com agenda controversa

Trump manteve postura rígida em relação à imigração, à taxação de parceiros comerciais, guerra na Ucrânia e ameaças à Groenlândia 
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Desde sábado (1) Trump está taxando em 10% produtos de origem chinesa. Foto: Governo dos Estados Unidos/Wiki Commons

Em seu primeiro discurso no Congresso após assumir a presidência dos Estados Unidos para um segundo mandato, Donald Trump delineou ontem (04) suas principais diretrizes para o futuro do país. 

Em uma fala de 1h40 — a mais longa da história do Congresso americano —, Trump declarou que “o sonho americano é imparável”. O presidente foi aplaudido por republicanos e vaiado por democratas. 

Trump manteve sua postura rígida em relação à repressão à imigração, à taxação de parceiros comerciais dos EUA, à guerra na Ucrânia e ao avanço transnacional, incluindo ameaças à Groenlândia. Confira mais em TVT News.

Principais pontos do discurso de Trump 

Logo no início, Trump destacou as ações de seu governo nos primeiros 43 dias, incluindo cortes regulatórios, mudanças em políticas de imigração, incentivos fiscais e o fim de regulamentações ambientais e sociais para beneficiar empresas americanas. 

O presidente também enfatizou os esforços para fortalecer a economia e reduzir a dependência dos EUA de insumos estrangeiros. Como parte dessa estratégia, anunciou tarifas de 25% sobre produtos do México e Canadá, além de uma taxação extra de 10% sobre importações chinesas. 

“As tarifas vão tornar a América rica novamente e grande novamente. E está acontecendo. Vai acontecer rapidamente. Haverá uma pequena perturbação, mas estamos preparados para isso”, declarou. 

Guerra comercial e menção ao Brasil

Trump criticou a política comercial de outras nações, mencionando diretamente o Brasil: “A União Europeia, China, Brasil, Índia, México, Canadá e muitas outras nações nos impõem tarifas muito mais altas do que cobramos deles. Isso é extremamente injusto”. 

O aumento das tarifas sobre parceiros comerciais dos EUA entrará em vigor em 2 de abril. 

Groenlândia e segurança nacional 

O presidente voltou a pressionar a Dinamarca para desistir de interferir na Groenlândia, argumentando que a ilha tem importância estratégica para os EUA, tanto por sua localização quanto por seus recursos minerais e petrolíferos. 

“Precisamos da Groenlândia para a segurança nacional e até mesmo para a segurança internacional. Estamos negociando com todos os envolvidos para garantir isso. E vamos conseguir, de um jeito ou de outro”, afirmou. 

Ucrânia e Zelensky 

Trump comentou o recente incidente com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky na Casa Branca e revelou que recebeu uma “carta importante” do líder ucraniano, no qual ele se dizia pronto para negociar a paz. Zelensky aceitou os termos dos EUA um dia após Trump suspender toda a ajuda militar à Ucrânia. No entanto, o presidente americano não confirmou se o acordo foi finalizado. 

Leia também: Trump repreende Zelensky: “você está sendo desrespeitoso com os EUA”

Elon Musk e cortes orçamentários 

Trump agradeceu a Elon Musk, atual chefe do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE). “Obrigado, Elon. Ele está trabalhando muito duro. Não precisava fazer isso”, disse Trump, enquanto republicanos aplaudiam e democratas erguiam cartazes com frases como “Musk rouba” e “Mentira”. 

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Elon Musk comanda o DOGE. Foto: Official White House/ Daniel Torok

O presidente exaltou os cortes promovidos por Musk, incluindo a eliminação de um financiamento de US$ 8 milhões para iniciativas LGBTQI+ em Lesoto, na África. O DOGE declarou já ter economizado US$ 105 bilhões, embora veículos de imprensa americanos tenham apontado erros contábeis nos números apresentados. 

Imigração 

Trump reiterou sua promessa de deportar “milhões e milhões” de imigrantes com antecedentes criminais. No entanto, o ritmo das remoções tem frustrado o presidente, pois ainda não superou os números registrados no último ano do governo Biden. 

Ele também anunciou que um refúgio de vida selvagem no Texas será renomeado em homenagem a Jocelyn Nungaray, menina de 12 anos assassinada em junho de 2024. A mãe da vítima, Alexis Nungaray, foi convidada pela primeira-dama Melania Trump para assistir ao discurso no Congresso. 

Desde a posse de Trump, o número de imigrantes cruzando ilegalmente a fronteira sul caiu para o menor nível em pelo menos 25 anos. 

Inflação e custo de vida 

Trump atribuiu a inflação atual, que atingiu 3% no último mês, ao governo Biden, mas pesquisas mostram que apenas 33% dos norte-americanos aprovam seu manejo da economia. Além disso, apesar de afirmar redução recorde na imigração ilegal, o ritmo de deportações ainda não supera o do último ano de Biden.

O discurso, repleto de promessas e confrontos, reflete a estratégia de Trump de polarizar para consolidar sua base, enquanto enfrenta resistência de opositores e desafios para cumprir suas metas.

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