O surto de gripe aviária que atingiu os Estados Unidos está provocando uma escassez significativa de ovos no mercado norte-americano, levando a uma disparada nos preços do produto. Confira mais em TVT News.
Ovos nos EUA estão caros; solução foi importar do Brasil
Apenas em fevereiro, o valor dos ovos aumentou mais de 50% no país. Diante desse cenário, os EUA quase dobraram as importações de ovos brasileiros no mês passado para tentar conter a alta dos preços.

De acordo com a agência de notícias Reuters, o volume importado pelo Brasil cresceu 93% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Antes da crise sanitária, os ovos brasileiros eram destinados apenas à produção de ração animal. No entanto, diante da escassez, o governo do presidente Donald Trump avalia permitir o uso desses ovos em produtos industrializados. Apesar disso, os ovos brasileiros continuam proibidos de serem vendidos in natura nos supermercados americanos devido à doença de Newcastle, que, embora não seja endêmica no Brasil desde 2006, ainda restringe a comercialização direta.
Cerca de 170 milhões de aves, incluindo galinhas, perus e outras espécies, morreram nos EUA em decorrência do vírus da gripe aviária. Essa redução drástica no estoque de ovos tem impactado diretamente os preços nos supermercados e restaurantes do país. Para enfrentar a crise, o governo americano lançou um plano de US$ 1 bilhão focado na prevenção da doença e no desenvolvimento de vacinas. Além do Brasil, os EUA também estão ampliando as importações de ovos da Turquia, Coreia do Sul e países europeus.
O preço dos ovos deve aumentar no Brasil?
Com o aumento das exportações brasileiras para os EUA, há preocupação de que a população brasileira também seja afetada pelo aumento do custo dos ovos no mercado interno. O Brasil já enfrenta uma escalada nos preços do produto desde o início de 2025, com alta de 40% nos primeiros meses do ano, impulsionada pela baixa oferta e maior demanda – tendência comum no início do ano, mas intensificada por fatores como clima e câmbio.
Portanto, com o crescimento das exportações para os EUA, existe o risco de novas altas nos preços dos ovos no Brasil. Entretanto, o governo federal tem anunciado medidas para conter a inflação dos alimentos. Segundo dados do IBGE, os alimentos ficaram 7,7% mais caros no ano passado, influenciados pela alta do dólar e por condições climáticas adversas.
Leia mais: Tebet diz que preço dos alimentos vai baixar em 60 dias
Na terça-feira (26), durante entrevista ao programa Bom Dia, Ministra, produzido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Simone Tebet, afirmou que os preços dos alimentos devem recuar nos próximos 60 dias, graças às ações implementadas pelo governo federal.

Entre as medidas adotadas, destaca-se a desburocratização das regras de comercialização de ovos entre diferentes unidades federativas, eliminando a necessidade de um selo nacional. Isso deve reduzir custos ao longo da cadeia produtiva, tornando o produto mais acessível.
Além da pressão externa, o aumento da demanda interna também é impulsionado por fatores sazonais. A população brasileira tem buscado substituir o consumo de carne por fontes alternativas de proteína, como os ovos, para reduzir custos. Além disso, o período da Quaresma – evento cristão que incentiva a abstenção do consumo de carne por 40 dias, neste ano entre 5 de março e 17 de abril – também contribui para elevar a procura pelo produto.
Para 2025, estima-se que a produção brasileira alcance 59 bilhões de ovos, gerando um consumo per capita de 272 unidades. Esse número representa cerca de 40 unidades acima da média global, evidenciando a importância da proteína na dieta dos brasileiros. Contudo, sem ajustes eficazes na cadeia produtiva, o país pode enfrentar desafios para equilibrar oferta e demanda, tanto internamente quanto no mercado internacional.