Herzog recebe homenagens na UFRGS, espaço de resistência na ditadura

Estudantes irão recolocar placa em homenagem ao jornalista
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Vladimir Herzog foi assasinado pela ditadura em 1975. Foto: Wilson Ribeiro/Acervo Vladimir Herzog

A Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) recebe nessa terça-feira (8) eventos em homenagem ao jornalista Vladimir Herzog, assassinado pela ditadura militar há 50 anos. Saiba mais em TVT News.

No primeiro evento do dia, estudantes e ex-estudantes vão recolocar uma placa em tributo a Herzog. Em 1975, depois da morte do jornalista, uma sala do então Diretório Acadêmico de Biblioteconomia e Comunicação recebeu uma placa e foi renomeada pelos estudantes com o nome de Herzog. Não durou nem 24 horas.

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Em 1975, uma placa em homenagem a Vlado foi retirada pelo diretor da faculdade. Foto: UFRGS/Divulgação

No dia seguinte, o diretor da faculdade, acompanhado de um agente de segurança, tirou a placa e ameaçou de prisão os estudantes. Márcia Turcato, jornalista e ex-estudante de jornalismo da UFRGS, conta que a ideia de retomar a placa veio depois de participar de um passeio virtual pelo campus em 2024.

“Percebi que poucas pessoas sabiam da existência do Vlado e dessa história que aconteceu na universidade. O pessoal mais velho sabia, mas os mais jovens, não. Houve um apagamento. Reunimos um grupo de jornalistas para discutir isso e ver como poderíamos homenagear o Vlado”, explica Márcia.

Também está previsto um debate sobre o papel de Vladimir Herzog na construção de um jornalismo ético, profissional e comprometido com a defesa da democracia e dos direitos humanos. Participam representantes do Diretório Acadêmico da Comunicação e do Centro Acadêmico de Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia, entre outros pesquisadores do tema.

Uma outra iniciativa de ex-alunos da Fabico/UFRGS é o lançamento de uma edição extra do jornal Lampião. A jornalista e pós-graduada em direitos humanos, Ana Barros Pinto, estudou na universidade na década de 1970 e explica que o periódico foi criado em março de 1976 com a ideia de combate à ditadura e à censura.

O jornal era distribuído entre os mais jovens, principalmente em ambientes universitários, e chegou a circular em outros estados. Mas teve vida curta, durou apenas 9 meses, alvo da repressão militar.

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UFRGS publicará edição extra do Jornal Lampião. Foto: UFRGS/Divulgação

“Tivemos edições apreendidas e fomos informados que havia um processo contra nós. Fomos chamados para interrogatório na Polícia Federal. E o jornal parou de funcionar. Tivemos de sair de Porto Alegre, porque era muito perigoso. Temíamos pela nossa integridade física”, conta Ana Barros.

Os eventos na UFRGS buscam manter viva a memória e as reflexões do período militar, em um momento que novas ameaças à democracia ganham força.

“Relembrar Vladimir Herzog é relembrar o horror e a barbárie da ditadura militar. A gente imaginava que fosse página virada e descobriu que parte da sociedade brasileira defende a ditadura, que executou muitas pessoas. E o nosso lema é Para que Não Se Esqueça, Para que Nunca Mais Se Repita. Ditadura Nunca Mais!”, diz Ana Barros.

Serviço:

  • Recolocação da placa e debates sobre Vladimir Herzog

Data: 8 de abril de 2025

Horário: 9h às 11h30

Local: Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Rua Ramiro Barcelos, 2.705 – Auditório 1 – Bairro Santana – Porto Alegre – RS

  • Lançamento da edição extra do Jornal Lampião e roda de conversa

Data: 8 de abril de 2025

Horário: 18h

Local: Espaço Amelie. Rua Vieira de Castro, 439 – Farroupilha- Porto Alegre – RS

Por Rafael Cardoso, repórter da Agência Brasil

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