Três deputadas estaduais negras denunciam que foram vítimas de racismo no desembarque do Aeroporto Internacional de Guarulhos. As deputadas Ediane Maria, do PSOL de São Paulo, e Andreia de Jesus e Leninha, do PT de Minas Gerais, se queixam de que passaram por uma revista discriminatória ao desembarcar no Aeroporto de Guarulhos. Saiba mais na TVT News.
Em entrevista exclusiva para o jornal da TVT News Primeira Edição, a deputada Ediane Maria explicou o que aconteceu ao desembarcar após viajar ao México, onde participaram do Painel Internacional de Mulheres Afropolíticas.
A deputada relata que no voo de ida, o procedimento de revista foi normal. Pesaram as malas, passaram pelo raio X e abriram as bolsas. Porém na volta foi diferente: as três mulheres negras foram encaminhadas para uma nova sala, seus pertences foram novamente revistados e não havia informações.
De acordo com as deputadas, o restante do voo era composto por pessoas brancas e apenas elas, negras, que foram paradas, o que deu a sensação de discriminação racial (em outras palavras: racismo).
Durante a entrevista, Ediane disse que não se importa em ser revistada. Ela entende o procedimento como padrão e necessário. Entretanto, a forma como foi ocorrido lhe deixou desconfortável.
Foi alegado que a escolha é aleatória, “qual é o critério real dessas revistas aleatórias? Quem é a pessoa que vai ser colocada novamente para passar pela esteira?”, questiona Ediane. Ela pede para que a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) informe como é definida essa aleatoriedade.
“Não é possível que vivemos numa sociedade onde andar no aeroporto seja o motivo de ser o sujeito de ter uma revista aleatória”, indaga.
A deputada do PSOL ainda explica que há duas portas e que não há clareza da divisão. Ela pergunta qual o motivo de diferentes grupos irem para salas de verificação distintas.
Como o racismo repercute na sociedade?
A apresentadora do programa, Talita Galli, lembrou que recentemente houve outro caso de constrangimento em voos internacionais.
Ela cita que a atriz Ingrid Guimarães foi coagida para trocar de lugar no voo para uma cadeira de qualidade e espaço inferior ao que ela tinha pago.
Na ocasião, a atriz brasileira tentou conversar com a equipe de comissários de bordo, porém não houve abertura para negociação.
Após chegar ao Brasil, Ingrid fez uma série de denúncias nas redes sociais contra a empresa de voos comerciais. Os vídeos viralizaram no país inteiro.
Enquanto o caso de racismo que a deputada Ediane Maria denuncia não houve a mesma repercussão. Ainda sim, ela afirma que recebeu mensagens de outras pessoas falando que passou por situações similares.
O vídeo denunciando o racismo foi gravado ainda no aeroporto enquanto esperava um carro para poder chegar em casa. Ela disse que ainda se sentia muito chateada, mas entendeu como importante denunciar.
Foi registrado um boletim de ocorrência.