Líder da Igreja por mais de uma década, Francisco ficou conhecido por sua postura progressista e seu apelo constante por paz, diálogo e justiça social. Confira 10 declarações que definiram seu pontificado na TVT News.
1. “Se uma pessoa é gay, busca o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?”
Em uma entrevista coletiva, durante viagem ao Brasil em 2013,, o papa Francisco afirmou que os gays não devem ser marginalizados, e sim integrados à sociedade. A frase foi uma das que mais repercutiu durante todo o seu papado.
“Se uma pessoa é gay, busca o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la? O Catecismo da Igreja Católica explica e diz que tais pessoas não devem ser marginalizadas e devem ser integradas à sociedade”, afirmou.
2. “O papa é argentino e Deus é brasileiro”
Durante sua primeira visita ao Brasil como pontífice, em julho de 2013, para a Jornada Mundial da Juventude, Francisco fez uma declaração bem-humorada que rapidamente caiu no gosto popular. Ao comentar sobre a histórica rivalidade entre Brasil e Argentina, ele brincou: “O papa é argentino e Deus é brasileiro”, e garantiu que a disputa já estava “totalmente superada”.
“O Papa é Argentino, é Deus é brasileiro”
— Irônicos da Baixada (@ironicosbaixada) April 21, 2025
Papa Francisco em 2013 durante sua visita ao Brasil 😔#PapaFrancisco #DescanseEmPaz pic.twitter.com/n1Tv92QWW0
3. “Com Deus a vida nunca morre”
Em 27 de março de 2020, no auge do medo causado pela pandemia de Covid-19, o Papa Francisco protagonizou uma das cenas mais marcantes de seu papado: sozinho na imensa e vazia Praça São Pedro, celebrou uma homilia histórica que emocionou o mundo.
Esse vídeo do Papa Francisco concedendo a bênção Urbi et Orbi,completamente sozinho na Praça de São Pedro, no Vaticano, no dia 27 de março de 2020, durante o momento mais crítico da pandemia de COVID-19, é um das mais emblemáticos da história. De arrepiar.pic.twitter.com/Pr6kva2bgT
— Sérgio Santos (@ZAMENZA) April 21, 2025
Na mensagem, ele relembrou a passagem bíblica em que os discípulos se apavoram durante uma tempestade enquanto Jesus dorme. Antes de acalmar o mar, Cristo questiona: “Por que temeis, homens de pouca fé?”.
Francisco destacou a fragilidade humana e a importância da fé em tempos de crise:
“A fé começa quando nos damos conta de que precisamos de salvação. Não somos autossuficientes; sozinhos, afundamos: precisamos do Senhor, como os antigos navegadores precisavam das estrelas.”
“Como os discípulos, experimentaremos que com Ele a bordo não haverá naufrágio. Porque esta é a força de Deus: transformar em bem tudo o que nos acontece, mesmo as coisas más. Ele traz serenidade às nossas tempestades, porque com Deus a vida nunca morre”, afirmou o papa em seu sermão.
4. “Isto não é comunismo, é puro Evangelho!”
O Papa Francisco afirmou que a preocupação com os pobres e a justiça social não é uma ideologia política, mas sim uma expressão genuína dos ensinamentos cristãos em uma homilia marcante que aconteceu já no fim de seu papado, em setembro de 2024.
“Mas não pode subtrair-se à centralidade dos pobres no Evangelho. E isto não é comunismo, é puro Evangelho! Não é o Papa, mas Jesus, que os coloca no centro, nesse lugar. É uma questão da nossa fé e não pode ser negociada. Se não aceitardes isto, não sois cristãos!”
5. “Os povos amazônicos originários nunca estiveram tão ameaçados em seus territórios como estão agora”
Em 19 de janeiro de 2018, durante um encontro com indígenas do Brasil, Peru e Bolívia, Francisco atuou em defesa dos Povos Originários e da Amazônia.
“Provavelmente os povos amazônicos originários nunca estiveram tão ameaçados em seus territórios como estão agora”, afirmou.
6. “Igreja deve pedir perdão a gays, mulheres e pobres”
Durante uma conversa com jornalistas em um voo, em junho de 2016, o Papa Francisco fez um dos pronunciamentos mais impactantes de seu pontificado. Ele afirmou que a Igreja Católica e os cristãos, de modo geral, deveriam pedir desculpas a diversos grupos historicamente marginalizados ou feridos pela instituição.
“Acho que a Igreja não deve apenas pedir desculpas … a uma pessoa gay a quem ofendeu, mas também deve pedir desculpas aos pobres, bem como às mulheres que foram exploradas, às crianças que foram exploradas por trabalho (forçado). Deve pedir desculpas por ter abençoado tantas armas “.
7. “Católicos não precisam se reproduzir como coelhos”
Em janeiro de 2025, o papa Francisco defendeu a “paternidade responsável” após ganhar repercussão o caso de uma mulher que engravidou do oitavo filho, após já ter passado por sete cesarianas.
Francisco disse que “algumas pessoas acreditam, e me desculpem a palavra, que para sermos bons católicos precisamos ser como coelhos. Não! Paternidade responsável”.
8. “Como eu gostaria de uma Igreja pobre… e para os pobres”
Desde sua eleição em março de 2013, o então cardeal Jorge Mario Bergoglio deixou claro que queria uma Igreja mais simples, voltada aos necessitados. Sua escolha pelo nome Francisco não foi por acaso — uma homenagem a São Francisco de Assis, símbolo de humildade, desapego material e compromisso com os pobres.
Na sua primeira coletiva de imprensa como pontífice, ele reforçou essa intenção:
“Francisco era um homem pobre. Como eu gostaria que a Igreja fosse pobre… e para os pobres”, declarou no Auditório Paulo VI, no Vaticano.
9. “O abuso infantil é uma doença”
O enfrentamento aos escândalos de abusos sexuais dentro da Igreja Católica foi um dos grandes desafios do pontificado de Francisco — assim como já havia sido para João Paulo II e Bento XVI. No entanto, o papa argentino procurou adotar uma postura mais firme, implementando reformas para prevenir novos casos e acelerar as reparações às vítimas.
Em fevereiro de 2017, em entrevista à revista La Civiltà Cattolica, Francisco voltou a tratar do tema de forma direta e contundente:
“O abuso infantil é uma doença. E precisamos nos esforçar mais para selecionar candidatos que queiram ser padres.”
A gravidade dos casos levou o papa a fazer um pedido público de desculpas. Em outubro de 2021, durante uma audiência papal, Francisco expressou sua dor e solidariedade às vítimas:
“Infelizmente, há um número considerável de vítimas. Gostaria de expressar minha tristeza e dor pelo trauma que sofreram.”
Ele também reconheceu a falha institucional da Igreja:
“Essa também é a minha vergonha, a nossa vergonha, a minha vergonha, pelo fracasso da Igreja por tanto tempo em colocá-los no centro de suas preocupações.”
Entre as medidas concretas adotadas, destaca-se a abolição do chamado “segredo pontifício” em 2019, permitindo que a Igreja compartilhe “queixas, testemunhos e documentos processuais” com autoridades civis nos casos de violência ou abuso sexual cometidos por clérigos — um avanço importante rumo à transparência e à justiça.
10. “Ontem, crianças foram bombardeadas. Isto não é uma guerra. É crueldade”
A guerra em Gaza, iniciada após o ataque do grupo Hamas ao sul de Israel em outubro de 2023 — e que já resultou em mais de 60 mil mortes — mobilizou diversos apelos do papa Francisco por paz e negociação.
Sensível às consequências do conflito, especialmente para os civis, o pontífice reiterou a importância de uma solução diplomática entre israelenses e palestinos. No entanto, as mortes de crianças, em especial na Faixa de Gaza, motivaram declarações ainda mais emocionadas.
“Ontem, crianças foram bombardeadas. Isto não é uma guerra. É crueldade”, afirmou o papa, em uma de suas intervenções mais marcantes sobre o tema.
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