BRICS se posiciona contra guerra tarifária

Grupo se posicionou favorável a transição energética e a reforma das instituições de governança global
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Reunião do grupo encerrou no Rio de Janeiro sem declaração conjunta. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

A reunião dos ministros das Relações Exteriores do Brics terminou nesta terça-feira (29) sem uma declaração conjunta do grupo. Segundo o chanceler brasileiro Mauro Vieira, houve consenso países membros e dos demais convidados em se opor à guerra tarifária global. Saiba mais na TVT News.

BRICS contra a guerra tarifária

“Eu gostaria de destacar o firme rechaço de todos à ressurgência do protecionismo comercial e ao uso de medidas não tarifárias sob pretextos ambientais. A reforma da OMC [Organização Mundial do Comércio] e a plena retomada de seu órgão de solução de controvérsias são essenciais na visão de todos”, disse Vieira.

Questionado se a disputa tarifária entre a China e os Estados Unidos poderia beneficiar o Brasil, o chanceler preferiu destacar o posicionamento do país de respeito às normas globais.

“Brasil e China têm uma relação muito importante. Temos 200 anos de relações com outros países, como a Argentina. O Brasil é um ator global. Procuramos sempre que haja relações baseadas no direito internacional e respeito às regras. E é isso que vamos continuar fazendo. Sempre prontos a conversar com todos”, afirmou.

O documento final do encontro no Rio de Janeiro foi assinado apenas pela presidência brasileira do Brics, como forma de dar mais peso à Cúpula de Líderes, que vai ocorrer em julho, disse o ministro Mauro Vieira. Ele reforçou que houve “compromissos e acordos” com os demais ministros.

“Decidimos fazer uma declaração da presidência, como ocorre regularmente em muitas reuniões, justamente para deixar um caminho aberto para negociarmos com muito cuidado e com muita precisão uma declaração que acontecerá no mês de julho, na ocasião da reunião dos chefes de estado,explicou Mauro Vieira.

Guerra tarifária começou com Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou no dia 2 de abril que o país passará a cobrar uma tarifa de 10% sobre todas as importações provenientes do Brasil. A medida faz parte de um pacote de guerra tarifária aplicado a diversas nações que cobram taxas sobre produtos norte-americanos.

Durante coletiva de imprensa na época, Trump explicou que as novas tarifas serão calculadas com base na alíquota imposta por cada país sobre produtos dos EUA. Segundo contas apresentadas por ele, os Estados Unidos aplicarão aproximadamente metade das tarifas que esses países cobram.

Então os EUA começou a travar uma guerra sem fim com a China, um dos países fundadores do BRICS. A China revidou dizendo que não iria ceder às necessidades impostas por Trump.

No momento, China taxa os EUA em 125%. Por sua vez, os EUA aplicam imposto de 245% ao produtos chineses.

Pautas prioritárias

O chanceler brasileiro destacou que o encontro no Rio de Janeiro foi marcado por forte engajamento político e a busca de uma agenda de soluções para o Brics e o Sul Global, especialmente no ano em que o Brasil sedia a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30).

A Indonésia participou pela primeira vez de uma reunião do grupo como membro efetivo, o que foi saudado como sinal da busca do grupo por maior diversidade, representatividade e justiça global.

Vieira discorreu sobre as diferentes manifestações em defesa do fortalecimento da Organização das Nações Unidas (ONU), principalmente do Conselho de Segurança. O grupo pede mais participação da Ásia, África e América Latina em todos os sistemas multilaterais, o que inclui também a OMC, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.

O chanceler alertou que sem uma arquitetura nova de cooperação global, desafios importantes não poderão ser enfrentados. Ele destacou as áreas da saúde, crise climática e governança da inteligência artificial.

Para isso, o BRICS defende o multilateralismo no qual estados soberanos cooperam para manter a paz e a segurança internacionais, promover o desenvolvimento sustentável e assegurar a promoção e proteção dos direitos humanos para todas as pessoas.

Segundo Mauro Vieira, são áreas em que o Brics pode ser protagonista e coordenar atitudes concretas.

Por Agência Brasil

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