Desigualdade cai no Brasil enquanto renda atinge recorde em 2024

Dados oficiais da Pnad revelam o menor índice de desigualdade no Brasil desde o início da série histórica. Renda das famílias também é recorde
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A desigualdade no Brasil chegou ao menor índice da série histórica. A razão entre o rendimento do 1% mais rico da população e os 40% mais pobres caiu para 36,2 vezes. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

A desigualdade no Brasil chegou ao menor índice da série histórica. A razão entre o rendimento do 1% mais rico da população e os 40% mais pobres caiu para 36,2 vezes. Em 2019, essa essa diferença era de 48,9. Já o rendimento mensal real domiciliar per capita no Brasil atingiu, em 2024, o maior valor da série histórica, iniciada em 2012: R$ 2.020. Entenda na TVT News.


O dado de rendimento representa um crescimento de 4,7% em relação a 2023 e de 19,1% frente a 2012, segundo os dados divulgados nesta quarta-feira (8) pelo IBGE, por meio do módulo “Rendimento de Todas as Fontes” da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua).

Também foi recorde a massa de rendimento mensal domiciliar per capita, que chegou a R$ 438,3 bilhões, um aumento real de 5,4% em relação a 2023 e de 15% frente a 2019, último ano antes da pandemia de Covid-19. O avanço é atribuído principalmente à retomada do mercado de trabalho e políticas do governo Lula, com crescimento do número de ocupados e do rendimento médio, que chegou a R$ 3.225 — maior valor da série.


“A melhora nos indicadores (desigualdade e renda) se deve, em grande parte, ao dinamismo do mercado de trabalho e ao crescimento mais acentuado da renda nos segmentos de menor rendimento”, analisa Gustavo Fontes, pesquisador do IBGE.


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Desigualdade em queda

Outro destaque foi o rendimento de todas as fontes — que inclui trabalho, aposentadorias, pensões, programas sociais, aluguéis, aplicações financeiras e outros — que também registrou seu maior patamar: R$ 3.057, com alta de 2,9% em comparação a 2023. O rendimento proveniente de programas sociais do governo chegou a R$ 836, também um recorde.

As desigualdades de renda apresentaram reduções significativas. O índice de Gini, que mede a concentração de renda (quanto mais próximo de 0, maior a igualdade), chegou a 0,506, o menor da série histórica. Em 2018, esse índice havia atingido o pico de 0,545. Além disso, a razão entre o rendimento do 1% mais rico da população e os 40% mais pobres caiu para 36,2 vezes, também o menor nível já registrado. Em 2019, essa diferença era de 48,9 vezes.

A pesquisa também revelou que o percentual de brasileiros com algum tipo de rendimento chegou a 66,1% da população (ou 143,4 milhões de pessoas), número também recorde desde o início da série.

Por região e desigualdade

O levantamento aponta desigualdades regionais persistentes. O Sul teve o maior rendimento mensal per capita (R$ 2.499), seguido pelo Sudeste (R$ 2.449) e pelo Centro-Oeste (R$ 2.427). O Nordeste permanece com o menor valor (R$ 1.319), com destaque negativo para o Maranhão (R$ 1.078), Ceará (R$ 1.210) e Amazonas (R$ 1.231). Já o Distrito Federal lidera o ranking nacional, com rendimento per capita de R$ 3.276.

A massa de rendimento segue concentrada na Região Sudeste, que representa quase metade do total nacional (R$ 217,4 bilhões). Sul e Nordeste aparecem em seguida, com cerca de R$ 77 bilhões cada.

Apesar disso, Nordeste (11,1%) e Sul (11,9%) foram as regiões que mais avançaram em massa de rendimento entre 2023 e 2024. Já o Norte teve uma leve queda (-1,0%) no rendimento médio.

Composição da renda

A maior parte da renda dos brasileiros ainda vem do trabalho, responsável por 74,9% do rendimento domiciliar per capita em 2024. Essa participação está em ascensão, mas ainda abaixo do pico de 76,9% registrado em 2014. Já os programas sociais representaram 3,8% do total — valor acima do período pré-pandemia, mas bem abaixo do pico de 5,9% em 2020.

Entre os rendimentos de outras fontes, a aposentadoria e pensão lideram, com média de R$ 2.528, apesar de queda na participação relativa (de 17,5% em 2023 para 16,8% em 2024). A categoria “outros rendimentos” — que inclui seguro-desemprego, bolsas de estudo e aplicações financeiras — teve o maior aumento percentual, crescendo 12% no ano.


Principais números e indicadores – PNAD Contínua 2024 (IBGE)

  • Rendimento mensal domiciliar per capita: R$ 2.020 (recorde da série, +4,7% em relação a 2023)
  • Massa de rendimento domiciliar per capita: R$ 438,3 bilhões (recorde, +5,4% em relação a 2023)
  • Rendimento médio de todas as fontes: R$ 3.057 (+2,9% em relação a 2023)
  • Rendimento médio do trabalho: R$ 3.225 (recorde da série)
  • Rendimento médio de programas sociais: R$ 836 (recorde da série)
  • População com algum rendimento: 143,4 milhões (66,1% da população)
  • Índice de Gini: 0,506 (menor da série desde 2012)
  • Razão entre 1% mais rico e 40% mais pobres: 36,2 vezes (menor da série)
  • Região com maior rendimento per capita: Distrito Federal (R$ 3.276)
  • Estado com menor rendimento per capita: Maranhão (R$ 1.078)
  • Participação do trabalho na renda domiciliar: 74,9%
  • Participação de programas sociais: 3,8%
  • Aposentadoria e pensão (média): R$ 2.528
  • Rendimento de “outras fontes” com maior aumento: +12% frente a 2023

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