Ministros de Lula vão a SP tratar de impasse sobre desocupação da Favela do Moinho

União suspendeu cessão da área após aumento da violência policial
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Polícia Militar tem presença ostensiva na Favela do Moinho. Foto: Governo de São Paulo

Em meio à tensão crescente em torno da expulsão de moradores da Favela do Moinho, no Centro de São Paulo, uma comissão de ministros do governo Lula visitará a região nesta quinta-feira (15). O objetivo é tratar do conflito e tentar resolver os impasses sobre a desocupação da área, que pretende ser transformada em um parque pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). Saiba mais em TVT News.

O grupo que viaja a São Paulo é composto por representantes da Secretaria-Geral da Presidência, dos ministérios da Gestão e Inovação, das Cidades e da Secretaria de Comunicação Social. A visita à Favela do Moinho ocorrerá sem representantes do governo estadual para conversar com moradores sobre a violência policial relatada nos últimos dias e como o processo de desocupação da área está sendo realizado.

A deputada estadual Ediane Maria (Psol) acompanha a comitiva de Lula na Favela do Moinho. Para a deputada, a ida dos ministros de Lula à região é um passo importante para resguardar os moradores de novas remoções e, principalmente, de agressões da polícia.

“Nestes últimos dias, os moradores foram expostos aos mais variados tipos de violações dos direitos humanos, desde a demolição de casas pela CDHU sem aviso prévio, até a barbárie provocada pela PM, violentando o povo daqui. O terreno é da União e Tarcísio precisa respeitar a orientação do Governo Federal”, diz a deputada.

Simultaneamente à visita na Favela do Moinho, o ministro das Cidades, Jader Filho, encontra o secretário estadual de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Marcelo Branco, no Palácio dos Bandeirantes.

Violência policial na Favela do Moinho

Nesta quarta-feira (14), a Polícia Militar (PM) mantinha cerco à Favela do Moinho. Durante a tarde, protestos dos moradores foram reprimidos com gás de pimenta e balas de borracha. A reportagem da TVT News esteve presente no local, apesar do acesso a imprensa ter sido bloqueado pelas forças de segurança.

Nos últimos dias, houve escalada da truculência policial, segundo moradores da Favela do Moinho. A região está no centro de um impasse entre a União, dona da área, e o governo estadual, que deseja a cessão do terreno ao Estado para a construção do Parque Urbano do Moinho.

A tensão foi agravada após a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) demolir casas na terça-feira (12) sem autorização da comunidade, de acordo com os residentes. Diante da escalada de violência na desocupação, a União paralisou o processo de cessão da área da Favela do Moinho no mesmo dia. “O governo federal não compactua com o uso de força policial contra a população”, diz o comunicado.

A remoção gradual das 831 famílias que residem na Favela do Moinho começou na madrugada de 22 de abril. Desde então, moradores organizam bloqueios na entrada da comunidade e manifestações contra o despejo.

A Favela do Moinho é a última de pé no Centro de São Paulo. O projeto do governador Tarcísio de Freitas é expulsar os moradores da região para transformá-la em um parque, mas nem todas as famílias concordam com a saída do local. O terreno é propriedade da União e depende de cessão do governo federal para que o plano siga.

A remoção da Favela do Moinho faz parte do projeto maior de “requalificação” do Centro com a mudança da sede administrativa do governo de São Paulo para o bairro de Campos Elíseos.

Deputada agredida

A deputada estadual Ediane Maria (PSOL-SP) denunciou nesta terça-feira (13), ter sido alvo de agressão por parte da Polícia Militar durante a ação de reintegração de posse na Favela do Moinho. A parlamentar relatou o uso de bombas e força excessiva por agentes da PM contra moradores da comunidade e contra sua própria equipe, mesmo após ter se identificado como autoridade.

“O Tarcísio quer tirar os moradores da favela do Moinho sem dar uma alternativa decente para as famílias”, declarou Ediane, em vídeo publicado nas redes sociais. “Ele precisa pisar aqui com respeito. É o território que construímos diariamente. A PM não respeita parlamentar, idoso e ninguém.”

Ediane afirmou que “ontem foi um show de horror” e classificou a ofensiva como uma “limpeza social” a serviço da especulação imobiliária.

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