Argentina: manifestação termina com mais de 80 feridos por policiais

Ato em prol do aumento das aposentadorias e a continuidade da moratória previdenciária teve missa de católicos e evangélicos
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A Gendarmaria disparou gás lacrimogêneo contra os manifestantes argentinos. Foto: Leandro Teysseire/pagina12

No Congresso Nacional da Argentina, aposentados e outros apoiadores manifestavam em defesa do aumento da aposentadoria e pela continuidade da moratória previdenciária nesta quarta-feira (21). O ato terminou com repressão policial que deixou 82 pessoas feridas e quatro pessoas presas foram presas, duas delas são jornalistas. Saiba mais na TVT News.

Registros da Comissão Provincial de Memória (CPM), divulgados na pagina12, divulgou que um dos feridos precisou ser hospitalizado por ter um corte na cabeça após ser ser violentado com cassetete de um policial da prefeitura de Buenos Aires.

Os dados também indiciam que a maior parte dos ferimentos denunciados pelos 82 manifestantes foram queimaduras faciais causadas por gases químicos.

Antes dos ataques, havia sido realizado uma missa ecumênica, na qual padres de igrejas católicas e evangélicas denunciaram a violência das forças de segurança.

“Não é possível que aposentados que buscam uma reivindicação justa continuem sendo atacados toda semana”, disse o padre Paco Olveira, que foi espancado nas duas últimas marchas, para o página12.

A manifestação desta quarta-feira (22) era para pressionar a discussão sobre os benefícios previdenciários programada para acontecer na Câmara dos Deputados da Argentina. Mas os deputados do partido A Liberdade Avança, de Javier Milei, e os seus aliados não compareceram na Assembleia.

A aposentadoria mínima na Argentina é de 279 mil pesos, aproximadamente R$ 1300, com um bônus de 70 mil pesos, equivalente R$ 338 — o bônus está congelado desde março do ano passado por decreto do presidente Javier Milei.

Os manifestantes querem um aumento único de 7,2% para compensar a inflação de janeiro de 2024, que o governo Milei não reconheceu.

A segunda questão era previsto abordar como o Estado vai lidar com as pessoas que atingiram a idade de aposentadoria, mas não cumpriram os 30 anos de contribuições exigidos por lei (moratória).

A coligação União pela Pátria pretendia estender a moratória que expirou em março passado por mais dois anos, a um custo fiscal de 0,08% ao ano; os demais blocos de oposição apoiaram a substituição da moratória por um sistema de contribuições proporcional.

Violência contra jornalistas

No total, quatro pessoas foram presas. O jornalista Tomás Cuesta foi liberado a pedido da promotora Malena Mercurial.

Outros três foram transferidos para a cadeia da Superintendência de Investigações Federais, forem eles: Leandro Nahuel Cruzado, Pablo Daniel Luna e o fotógrafo Javier Hugo Iglesias. Eles seguem detidos.

A fotojornalista Mariana Nadelcu teve sua câmera, que usava para registrar a repressão, quebrada.

Manifestação de aposentados na Argentina

A manifestação de aposentados acontece semanalmente nas quarta-feiras reivindicando o aumento na aposentadoria e a continuidade da moratória previdenciária.

Segundo a jornalista Carla Irupé, na Argentina, as manifestações são reprimidas fortemente pelas forças da Polícia Federal, a Gendarmaria Nacional, a Polícia Aeroportuária e a Prefeitura, todas liderada pela Ministra da Segurança, Patricia Bullrich.

“O que eles fazem é não permitir o protesto social, não permitem as pessoas se manifestar na rua. Mas, mesmo quando as pessoas ficam em paz, na Praça, eles [policiais] também não gostam”, explica Carla.

Em março, protesto ocorrido no dia 12 foi reprimido com gás lacrimogênio e balas de borracha e mais de 120 pessoas foram presas. O fotojornalista Pablo Nahuel Grillo, de 35 anos, foi atingido uma bomba de gás lacrimogênio na cabeça.

Desde o ano passado, os aposentados pedem ao Governo do Milei por melhores condições de renda. Na Argentina, a aposentadoria mínima é de 279 mil pesos, cerca de R$ 1.300, com um bônus de reforço de 70 mil pesos (R$ 338). Também protestam contra o fim da moratória de pensão, que o Governo congelou em março de 2024.

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