Protestos por moradia são reprimidos pela PM em São Paulo

A Favela do Areião, na Zona Oeste de São Paulo, e as ocupações Jorge Hereda e Terra Prometida, na Zona Leste, se manifestam contra despejos
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As manifestações antecedem o protesto de 11 de junho por moradia digna e fim dos despejos. Foto: Benedito Barbosa/Arquivo pessoal

Na manhã desta segunda-feira (26), as ocupações Jorge Hereda e Terra Prometida, organizadas pela ULCM e filiadas à União dos Movimentos de Moradia (UMM), bloquearam as avenidas Ruo das Pedras e Aricanduva, na Zona Leste da capital paulista. O protesto denuncia as ameaças de despejo que pairam sobre essas comunidades e exige respeito ao direito fundamental à moradia. Saiba mais em TVT News.

As manifestações, que também contaram com apoio de outras comunidades ameaçadas, como a Favela do Areião na Zona Oeste, fazem parte de uma articulação mais ampla da campanha Despejo Zero, que desde a pandemia tem buscado garantir a permanência das famílias em suas casas. Os manifestantes alertam: com o fim das medidas emergenciais, o cerco está de volta — e mais cruel.

Moradores da favela do Areião, na zona Oeste de São Paulo, também protestaram por moradia e contra despejos na manhã desta segunda, por volta das 5h30. Um grupo de 100 moradores formou barricadas na marginal Pinheiros, na altura do Cebolão, e ateou fogo em objetos nos trilhos de trem das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda. Em ambos os protestos, houve repressão com bombas de gás da Polícia Militar e moradores feridos.

Comunidades ameaçadas de despejo fazem protestos por moradia digna

Nesta segunda-feira (26), um grupo de 500 moradores da ocupação Jorge Hereda realizou um protesto na Avenida Aricanduva, na altura do Parque do Carmo, por volta das 7h30. Na mesma região, na Avenida Rio das Pedras, moradores da ocupação Terra Prometida também se manifestaram por moradia. As famílias seguravam cartazes que mencionavam “despejo zero já” e “reapropriação já”.

O protesto pacífico foi reprimido pela Polícia Militar com bombas de gás lacrimogêneo. O avanço da força militar contra os moradores também ocorreu na manifestação da favela do Areião, na zona Oeste de São Paulo.

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A Ocupação Terra Prometida, em Aricanduva, foi formada há aproximadamente quatro anos. Foto: Benedito Barbosa/Arquivo pessoal

“Estamos na Avenida Aricanduva completamente fechada pelas ocupações. Duas ocupações com reintegração de posse. O povo está na luta por moradia e contra o despejo. Aproveitamos para convidar todos para o dia 11 de junho nas ruas, no centro, contra os despejos. Viva as ocupações, vamos à luta”, declarou Dito, advogado da União dos Movimentos de Moradia.

O cenário da habitação popular em São Paulo é complexo: centenas de ocupações e favelas vivem sob constante ameaça de remoção, enquanto os programas de regularização fundiária e os projetos de moradia avançam a passos lentos — quando avançam.

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A Ocupação Jorge Hereda foi formada durante a pandemia de covid-19 e hoje abriga cerca de 800 famílias. Foto: Benedito Barbosa/Arquivo pessoal

Campanha Despejo Zero

Entre burocracias, falta de vontade política e a ação violenta de especuladores, quem sofre é a população pobre e periférica. Refugiados urbanos, desempregados, trabalhadores informais e mães solo constroem seus lares onde o Estado não chega — e por isso, são constantemente criminalizados.

Durante a pandemia de COVID-19, a campanha Despejo Zero representou uma vitória temporária. Mas com o fim da trégua, o Judiciário, a polícia, o poder público e os interesses do capital imobiliário voltaram a operar em conjunto para empurrar milhares para as ruas.

Para denunciar e trazer a público a falta de política habitacional, a violência das forças de segurança e a criminalização da luta pela moradia, a Campanha Despejo Zero realizará um protesto em 11 de junho, às 14h. O ato sairá às ruas do Centro de São Paulo para denunciar os despejos.

*Com colaboração de Gabriel Valery

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