Mercosul fecha acordo de livre comércio com bloco europeu EFTA

Acordo deve impulsionar exportação de commodities e baratear importações de medicamentos e chocolate suíço
mercosul-fecha-acordo-livre-comercio-bloco-efta-acordo-estava-sendo-negociado-desde-2017-foto-marcos-oliveira-agencia-senado-tvt-news
Acordo estava sendo negociado desde 2017. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

O Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) — integrada por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein —, anunciaram um acordo de livre comércio entre os dois blocos, durante a 66ª Cúpula do Mercosul, nesta quarta-feira (2). O acordo abrange um mercado de aproximadamente 300 milhões de consumidores e um PIB de cerca de US$ 4,39 trilhões. Saiba mais em TVT News.

O que muda com o acordo entre Mercosul e EFTA?

Apesar do fim das negociações entre Mercosul e EFTA, os termos precisam ser aprovados internamente pelos países envolvidos. No Brasil, a formalização depende de aprovação do Congresso, o que deve ocorrer ainda neste ano.

Quando o acordo entrar em vigor, o custo de produtos importados do países da EFTA será reduzido, já que o Brasil eliminará tarifas para 97% dos produtos de Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein. Entre os produtos barateados, estão medicamentos e chocolate suíço — que hoje paga 20% de imposto para entrar nos países do Mercosul.

O acordo deve aumentar a internacionalização dos países do Mercosul. Para produtos brasileiros, há oportunidades para ampliação de mercado nos países europeus. Isso inclui produtos agrícolas, como carnes bovina, de aves e suína, milho, farelo de soja, melaço de cana, mel, café torrado, álcool etílico, e diversas frutas e sucos. A EFTA eliminará 100% das tarifas de importação de produtos industriais e pesqueiros.

Em relação a Islândia e Liechtenstein, a totalidade das exportações brasileiras estará na lista de livre comércio. Já para Noruega e Suíça, os percentuais são de, respectivamente, 99,8% e 97,7%.

mercosul-fecha-acordo-livre-comercio-bloco-efta-argentina-brasil-paraguai-uruguai-fazem-parte-do-mercosul-foto-marcos-oliveira-agencia-senado-tvt-news
Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai fazem parte do Mercosul. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Estimativas indicam um impacto positivo de R$ 2,69 bilhões sobre o PIB brasileiro e um aumento de R$ 660 milhões no investimento para o ano de 2044, além de redução nos níveis de preços ao consumidor e aumento nos salários reais.

Também estima-se impacto de R$ 2,57 bilhões sobre as importações totais e de R$ 3,34 bilhões sobre as exportações totais, resultando em um saldo estimado de R$ 770 milhões para o Brasil, a partir do Acordo com a EFTA.

Pela primeira vez em um acordo comercial negociado pelo Brasil, há obrigações claras sobre utilização de matriz elétrica limpa na prestação de serviços. Prestadores internacionais de serviços digitais, por exemplo, só se beneficiarão do Acordo se a matriz elétrica de seu país utilizar ao menos 67% de energia limpa.

O que é a EFTA?

Criada em 1960, a EFTA é uma organização intergovernamental que reúne uma população de 15 milhões de habitantes, e possui um Produto Interno Bruto (PIB) somado de US$ 1,4 trilhão.

Em termos de PIB per capita, Liechtenstein é considerado o segundo país mais rico do mundo, com renda média anual de US$ 186 mil por pessoa. Já a Suíça é o quarto mais rico, em termos per capita (US$ 104,5 mil). Islândia e Noruega também aparecem nas primeiras posições de países com maiores rendas médias.

Os membros estão entre os maiores PIB per capita do mundo. A Suíça, por exemplo, é o décimo primeiro maior investidor estrangeiro direto no Brasil, com estoque de US$ 30,5 bilhões, e a Noruega é o principal doador do Fundo Amazônia, com contribuições da ordem de R$ 3,4 bilhões.

Histórico de negociações

As negociações para esse Acordo de Livre Comércio foram precedidas por um diálogo exploratório iniciado em março de 2015. O processo começou com uma primeira rodada realizada em junho de 2017, em Buenos Aires. No total, foram realizadas 14 rodadas.

Desde o início de 2025, o Mercosul e o países da EFTA se engajaram em um processo intenso de negociações com base nos avanços alcançados até agosto de 2019, com o objetivo de ajustar o acordo aos avanços relevantes desde então e de tornar o acordo mais adaptado aos desafios atuais. Essa fase final incluiu três rodadas presenciais de negociações em Buenos Aires, além de inúmeras reuniões virtuais.

Com informações de Agência Gov.

Assuntos Relacionados