"Trump se intrometeu em assunto interno do Brasil. O culpado são eles. Quem ideologizou e politizou foi ele. Tarcísio é um covarde". Foto: Instagram/Reproducao
O governador carioca bolsonarista de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), recuou de sua postura inicial de apoio incondicional ao ex-presidente Donald Trump após o anúncio da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A postura de Tarcísio contra o Brasil, contudo, segue alvo de críticas. Ex-governador e ministro Márcio França pede renúncia do bolsonarista. Entenda na TVT News.
Depois de sair em defesa do aliado político de extrema direita Jair Bolsonaro, hoje inelegível e réu por tentativa de golpe de Estado, Tarcísio passou a reconhecer o impacto negativo da medida para a economia paulista. “A gente precisa, obviamente, sentar na mesa, deixar de lado questões ideológicas e políticas, narrativas, e trabalhar. Precisamos estabelecer mesa de negociação”, afirmou o governador em evento na capital paulista.
Tarcísio é um covarde
Contudo, a fala de Tarcísio não encontra qualquer embasamento na realidade, como explica a colunista do jornal TVT News Primeira Edição, Laura Capriglione. “Trump se intrometeu em assunto interno do Brasil. O culpado são eles. Quem ideologizou e politizou foi ele. Tarcísio é um covarde. Mais um. Então a estratégia para esse degenerado é dizer que o culpado é a vítima”, disse.
A fala de Tarcísio é uma contradição evidente com suas declarações anteriores e com sua trajetória de alinhamento explícito ao ex-presidente norte-americano. Tarcísio chegou a gravar vídeos comemorando a vitória de Trump nas prévias republicanas e frequentemente aparece em público com o boné vermelho da campanha “Make America Great Again”.
Tarifa Bolsonaro
A guinada pragmática vem na esteira da repercussão negativa do chamado “tarifaço Bolsonaro”, que atinge em cheio setores estratégicos da economia paulista, como o agronegócio, o setor de aviação e a indústria de sucos.
“Até a extrema-direita vai ter que reconhecer que deu um enorme tiro no pé. Está prejudicando justamente São Paulo, aviões, suco de laranja… Tarcísio erra muito. Ou a pessoa é candidata à presidência ou é vassalo. Não há espaço no Brasil para vassalagem”, disparou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista à imprensa.
A tentativa de Tarcísio de descolar o episódio de motivações ideológicas foi duramente criticada por analistas políticos e integrantes da base governista. “Curioso ele dizer sobre deixar a ideologia de lado. Trump saiu em defesa do Bolsonaro. Ele que enfiou a política nisso”, afirmou Laura. “Trump se intrometeu em assunto interno do Brasil. (…) Tarcísio tinha que estar falando que não aceitará chantagem. Não vamos aceitar que estrangeiros mandem no Brasil”, completou.
A reação ocorre após o próprio Trump publicar em rede social uma carta endereçada ao presidente Lula, na qual afirma que Bolsonaro é vítima de uma “caça às bruxas” e que o processo contra ele “precisa ser encerrado imediatamente”, motivo declarado da imposição da tarifa.
Uma crise com DNA nacional
Para Fernando Haddad, não há dúvida de que a origem da crise tarifária está dentro do próprio Brasil. O ministro da Fazenda foi direto ao responsabilizar o bolsonarismo por ter “urdido esse ataque ao Brasil”.
“Essa ação só tem explicação porque foi gestada dentro do Brasil, pela extrema-direita. Foi um tipo de decisão política. A única explicação é de caráter político, não econômico. Essa tarifa é insustentável”, afirmou.
Com a pressão agora batendo às portas de São Paulo, maior economia do país, a postura dúbia de Tarcísio começa a cobrar seu preço. Entre o boné de Trump e o prejuízo das exportações paulistas, o governador tenta encontrar um meio-termo que evite o desgaste completo. “Foi um dia ruim que vamos ter que encontrar caminho de superar e esquecer para a boa relação entre dois povos que se gostam”, concluiu Haddad.
Impeachment de Tarcísio
O ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte e ex-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), pediu a renúncia de Tarcísio. Em vídeo publicado nas redes sociais, França criticou o apoio explícito de Tarcísio a Trump.
“Depois do erro grave cometido de fazer campanha para o americano e ele [Trump] estar prejudicando os produtores de São Paulo, de cana-de-açúcar, álcool… Tarcísio, não precisa fazer harakiri, só renunciar”, declarou o ministro.
França ironizou a situação ao fazer referência ao harakiri, ritual japonês de suicídio praticado por samurais como forma de reparação por erros ou desonra. “Sou um grande admirador da cultura oriental. Claro que hoje em dia não se exige mais isso. Basta renunciar à sua função”, afirmou.