Dia Mundial do Rock: o gênero que moldou gerações e as estrelas que brilharam no rock nacional

Celebre o 13 de julho com a TVT News. Relembre a história do rock nacional e as bandas e artistas que encantaram (e encantam!) os brasileiros por décadas
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Conheça o Dia Mundial do Rock e relembre as estrelas do rock nacional. Foto: Daniela Nader

A cada 13 de julho, o Brasil se veste de preto, aumenta o volume e celebra o Dia Mundial do Rock. No entanto, apesar do título grandioso, essa “mundialidade” é uma peculiaridade genuinamente brasileira, uma tradição que nasceu e floresceu nas rádios paulistanas no início dos anos 1990. Longe de ser uma data universalmente reconhecida, a comemoração nacional reflete a paixão e a forte identificação do público brasileiro com um gênero musical que transcende fronteiras e gerações. Por isso, para curtir a data, relembre ou conheça clássicos do rock nacional e algumas de suas obras memoráveis na TVT News.

O legado do Live Aid

A escolha da data remonta a um dos eventos mais emblemáticos da história da música: o Live Aid. Em 13 de julho de 1985, este megafestival beneficente, organizado por Bob Geldof e Harvey Goldsmith, uniu o mundo em prol do combate à fome na Etiópia. Transmitido pela BBC para uma audiência global de aproximadamente 1,5 bilhão de pessoas, o Live Aid reuniu lendas como Queen, Paul McCartney, David Bowie, U2, Mick Jagger, Elton John, Led Zeppelin, e muitos outros, consolidando-se como um marco cultural.

Foi durante o festival que o cantor e baterista britânico Phil Collins sugeriu que aquele dia fosse eternizado como o Dia Mundial do Rock. A ideia, contudo, só encontrou eco nas rádios rock de São Paulo, como a 89 FM e a 97 FM, que, de forma despretensiosa, começaram a difundir a data entre seus ouvintes, solidificando a tradição no Brasil.

Fora das terras brasileiras, a ausência de uma data específica para celebrar o rock é notável. Nos Estados Unidos, por exemplo, alguns entusiastas homenageiam o gênero em 9 de julho, em referência ao programa de televisão “American Bandstand”, fundamental para a popularização do rock. Especialistas chegam a propor datas alternativas, como 5 de julho (quando Elvis Presley gravou “That’s All Right” em 1954) ou 9 de fevereiro (dia do primeiro show dos Beatles nos EUA). No entanto, nenhuma dessas sugestões alcançou a abrangência e o reconhecimento que o 13 de julho conquistou no Brasil.

Rock: da contracultura à legião de fãs

Com raízes nos Estados Unidos, entre as décadas de 1940 e 1950, o rock é uma fusão poderosa de blues, rhythm and blues (R&B), gospel e country. Caracterizado pelo som potente da guitarra e as batidas marcantes da bateria, o gênero sempre foi associado à rebeldia, à transgressão e à atitude. Mais do que uma melodia, o rock abraça um estilo de vida que frequentemente inclui elementos como roupas pretas e uma postura marcante, tornando-se um símbolo da contracultura e da liberdade de expressão.

Nomes internacionais como Elvis Presley, Beatles e Queen são reverenciados, enquanto no Brasil, Raul Seixas e Rita Lee se destacam como ícones. A década de 1980 marcou um “boom” do rock nacional, impulsionado por bandas como Legião Urbana, Capital Inicial, Titãs, Barão Vermelho e Engenheiros do Hawaii, cujas músicas continuam a ressoar com força. O pesquisador Victor Ribeiro ressalta que o segredo do rock também reside no comportamento e na atitude de seus fãs e artistas, englobando vertentes como a atitude punk ou blues, visíveis em eventos como encontros de motociclistas. O rock continua a inspirar multidões com sua poesia, melodia e ritmo, representando uma paixão e um desejo de liberdade.

No Brasil, o 13 de julho é sinônimo de celebração. Casas de shows, bares, rádios e plataformas digitais promovem uma vasta programação especial, com apresentações de bandas cover, grupos autorais e outras atividades temáticas. É um momento de sintonia entre os fãs da música e da cultura do rock, que, a cada ano, reafirmam o legado e a vitalidade de um gênero que, mesmo com sua “mundialidade” particular, continua a mover corações e mentes em terras brasileiras.

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Foto: Reprodução

O rock no Brasil

As origens (1950 e 1960) 

O rock chegou ao Brasil na década de 1950, inicialmente se manifestando por meio de versões de sucessos internacionais, sob forte influência do rock norte-americano. Nos anos 60, o gênero ganhou uma identidade mais definida e popular com o movimento da Jovem Guarda. Artistas como Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa foram figuras centrais, caracterizando o rock dessa época com um estilo mais pop e alegre. Paralelamente, o cenário musical brasileiro começou a ver o surgimento das chamadas “bandas de garagem”.

A Jovem Guarda

O nome “Jovem Guarda” veio de um programa musical de televisão, exibido pela TV Record a partir de 22 de agosto de 1965. Com apresentação de Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa, o programa ia ao ar nas tardes de domingo e rapidamente se tornou um fenômeno de audiência. Era um espaço onde os jovens se viam representados, com artistas que cantavam sobre suas experiências, amores e anseios.

Os hits da época

  • Roberto Carlos: Quero Que Vá Tudo Pro Inferno, É Proibido Fumar e Eu Sou Terrível
  • Erasmo Carlos: Festa de Arromba, Vem Quente Que Eu Estou Fervendo e Minha Fama de Mau
  • Wanderléa: Ternura (Con Te Vuo Morire), Prova de Fogo e Pare o Casamento

A fase de experimentação (1970)

O final dos anos 60 e o início dos 70 marcaram um período de intensa experimentação e fusão sonora. O rock se entrelaçou com a Música Popular Brasileira (MPB) no influente movimento Tropicalista, com nomes como Os Mutantes e Caetano Veloso, que exploraram a mistura de ritmos e sonoridades diversas. A década de 70 também foi prolífica, revelando ícones como Raul Seixas e Secos & Molhados. Adicionalmente, houve um crescimento de bandas focadas no rock progressivo e psicodélico, e as primeiras manifestações do punk rock começaram a surgir no cenário underground.

Os Mutantes

Foram uma das bandas mais icônicas e inovadoras da música brasileira, reconhecidos mundialmente pela sua sonoridade experimental, psicadélica e pela fusão de rock com elementos da música brasileira. Formada em 1966 em São Paulo, a banda original contava com Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias. Mais tarde, Liminha e Dinho Leme completaram a formação clássica.

Raul Seixas

Nascido em Salvador, Bahia, Raul Seixas começou sua carreira nos anos 60, inicialmente como membro do grupo Os Panteras. Mas foi a partir do início dos anos 70 que ele ganhou notoriedade como produtor musical e, em seguida, como artista solo. Com sua originalidade, o Maluco Beleza misturava rock ’n’ roll com baião, blues e outros ritmos brasileiros, sempre com letras filosóficas, esotéricas, com críticas sociais e um toque de humor. 

Secos & Molhados

Formada por Ney Matogrosso, João Ricardo e Gérson Conrad, Secos & Molhados foi uma das bandas que inovaram e impactaram a música brasileira na década de 70. Com uma curta, mas meteórica trajetória, deixaram um legado de originalidade que reverbera até hoje. O som da banda fundia rock progressivo, MPB, samba, música folclórica e poesia, além da performance visual de Ney Matogrosso, que encantava o público com sua voz, maquiagem e figurinos extravagantes e andrógenos.

Rita Lee

A irreverente Rita Lee Jones foi uma das maiores artistas do país, sendo conhecida carinhosamente como a rainha do rock brasileiro. Sua carreira flertou com diversos gêneros musicais, passando pelo rock e o pop. Com seu cabelo vermelho e sua voz característica, Rita Lee marcou a história cultural do Brasil.

Em 1972, depois de sair dos Mutantes, Rita Lee formou a banda Tutti Frutti. Posteriormente, ao lado de seu companheiro de vida, Roberto de Carvalho, lançou mais de 100 canções que embalaram a vida dos brasileiros, sendo tocadas em rádios e até em telenovelas. 

Os hits da época

  • Os Mutantes: Panis et Circenses, Balada do louco e Ando Meio Desligado 
  • Raul Seixas: Metamorfose ambulante, Gita e Ouro de tolo
  • Secos & Molhados: Sangue Latino, O Vira e Rosa de Hiroshima
  • Rita Lee: Mania de Você, Baila Comigo e Flagra

Os punks do ABC (1970-1980)

O cenário punk do ABC Paulista (Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul) é um capítulo fundamental na história do punk no Brasil. O movimento surgiu em meados dos anos 70 e se solidificou nos anos 80, em um período de grande efervescência social e política no Brasil, marcado pelo novo sindicalismo e pela luta contra a ditadura militar.

Ao contrário de outras cenas punk que podiam ter um tom mais artístico ou estético, o punk do ABC Paulista tinha uma forte conexão com a classe trabalhadora e os movimentos operários. Essa ligação era natural, já que a região era um importante polo industrial e berço de grandes greves e mobilizações sindicais. As letras das bandas frequentemente denunciavam as condições de vida do trabalhador, a precarização do trabalho e as injustiças sociais, ecoando os anseios e as revoltas da juventude suburbana.

Havia uma radicalidade e uma postura “anti-establishment” muito marcantes. O movimento no ABC, por vezes, era visto como mais expressivo e radical do que o da capital paulista, e até mesmo existiam rivalidades entre as gangues punks do ABC e as da capital. O visual e a estética punk eram formas de chocar e contestar, enquanto as ideologias anarquistas eram frequentemente a base para a politização da cena.

Foto: Roberto Parizotti

Garotos Podres

Garotos Podres é uma das bandas mais emblemáticas do punk rock brasileiro, surgida em Mauá, ABC Paulista, no final de 1982. Conhecidos por suas letras polêmicas e politizadas, a banda se destacou no punk nacional nos anos 80.

A primeira apresentação dos Garotos Podres foi em 1983, em um evento beneficente para o fundo de greve dos metalúrgicos do ABC, já mostrando sua veia ativista. Em 1985, lançaram seu primeiro álbum, “Mais Podres do Que Nunca”, que se tornou um marco na cena independente brasileira. O disco vendeu cerca de 50 mil cópias, um número impressionante para a época, e consolidou a banda. Vale ressaltar que, devido à censura da Ditadura Militar, algumas músicas tiveram seus títulos alterados, como “Papai Noel Filho da Puta” que virou “Papai Noel Velho Batuta”, e “Maldita Polícia” que se tornou “Maldita Preguiça”.

Inocentes

É uma das bandas mais importantes e icônicas do punk rock brasileiro. Formada em agosto de 1981 na periferia de São Paulo, contava com Clemente Nascimento, Mauricio, Antônio Carlos Callegari e Marcelino Gonzales em seu conjunto original.

Liderada hoje pelo vocalista e guitarrista Clemente Nascimento, a banda Inocentes se destaca pela sonoridade direta, letras críticas e uma atitude que se mantém fiel aos princípios do punk. Suas canções abordam temas sociais e urbanos, refletindo as tensões e desigualdades do Brasil.

Os Inocentes desde o início, buscaram inspiração em bandas punks internacionais como Ramones, Buzzcocks e Sex Pistols. A banda ganhou destaque na cena underground paulistana e, em 1982, participou da histórica coletânea “Grito Suburbano”, ao lado de Cólera e Olho Seco, um marco fundamental para o punk nacional.

Ratos de Porão

Os Ratos de Porão são uma das bandas mais emblemáticas e duradouras do cenário punk brasileiro. Fundada em novembro de 1981, em meio ao crescente movimento punk paulista, a banda é conhecida por sua sonoridade agressiva e letras ácidas, que abordam temas sociais e políticos.

Inicialmente, o Ratos de Porão surgiu com um punk rock cru, influenciado por bandas como Ramones e Sex Pistols. No entanto, ao longo de sua carreira, a banda não se limitou a um único gênero, incorporando elementos de hardcore e, principalmente, thrash metal, culminando no que ficou conhecido como crossover thrash. Essa fusão de estilos os ajudou a conquistar um público mais amplo e se destacar, inclusive internacionalmente.

Os hits da época

  • Garotos Podres: Papai Noel Velho Batuta, Mancha e Garoto Podre
  • Inocentes: São Paulo, Pânico em SP e Cala a Boca
  • Ratos de Porão: Beber Até Morrer, Expresso da Escravidão e Alerta Antifascista

A explosão do rock brasileiro (1980) 

Considerada por muitos como a “década de ouro” do rock nacional, os anos 80 testemunharam uma verdadeira efervescência do gênero. Esse boom foi impulsionado significativamente pelo fim da ditadura militar, que abriu espaço para uma maior liberdade de expressão. Bandas como Legião Urbana, Titãs, Os Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Engenheiros do Hawaii, Capital Inicial, Blitz, RPM e Ira! dominaram as rádios e as paradas de sucesso, abordando uma ampla gama de temas sociais, políticos e existenciais. Um evento marcante desse período foi a primeira edição do Rock in Rio, em 1985. A cena do heavy metal brasileiro também ganhou reconhecimento mundial com o surgimento do Sepultura.

Barão Vermelho

A banda foi formada no Rio de Janeiro em 1981 por Guto Goffi e Maurício Barros. Logo se juntaram a eles Dé Palmeira e Roberto Frejat. A formação original e mais famosa se completou com a entrada de Cazuza nos vocais. O nome “Barão Vermelho” é uma alusão ao famoso aviador alemão da Primeira Guerra Mundial, Manfred von Richthofen.

O grande salto para o reconhecimento nacional veio em 1984 com o álbum “Maior Abandonado”, que emplacou sucessos como “Maior Abandonado”, “Por Que a Gente É Assim?” e “Bete Balanço”, que se tornou tema do filme de mesmo nome. Em 1985, a banda participou do primeiro Rock in Rio. 

Titãs

Com mais de 40 anos de história, Titãs se destaca como uma das bandas mais longevas do rock brasileiro. Mas tudo começou em 1982, com a união de amigos do Colégio Equipe, na capital paulista. A formação original contava com oito integrantes: Arnaldo Antunes, Branco Mello, Marcelo Fromer (que faleceu em 2001), Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto, Tony Bellotto e André Jung (substituído por Charles Gavin em 1985).

Essa formação “coletiva” de vocalistas e compositores permitiu que a banda explorasse uma rica diversidade de estilos e temáticas ao longo de sua discografia. Eles transitaram do pop rock e new wave dos primeiros álbuns para um som mais cru e crítico, chegando ao punk rock, grunge e MPB, sem perder a identidade.

Legião Urbana

Formada durante a efervescência do punk em Brasília, em 1982, era composta por Renato Russo, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá. A partir do segundo álbum, foi incluído Renato Rocha, que saiu em 1989. A banda conquistou uma legião de fãs com suas letras poéticas, inteligentes, muitas vezes melancólicas e com forte cunho social e político. 

Seu primeiro álbum, “Legião Urbana” (1985), foi um marco. Trouxe hits como “Será”, “Ainda é Cedo” e “Geração Coca-Cola”, que rapidamente se tornaram hinos da juventude da época, expressando desilusões e anseios de uma geração pós-ditadura.

Blitz

Fundada no Rio de Janeiro em 1981, a Blitz era composta por atores e músicas que faziam parte do cenário teatral carioca, com vocais de Evandro Mesquita, Fernanda Abreu e Márcia Bulcão, além de Ricardo Barreto, Guto Barros, Júnior Homrich e Zé Luís. 

A banda marcou o rock nacional com suas canções contagiantes e divertidas, se destacando por trazer um pop rock leve, bem-humorado e com forte influência do new wave, que conquistou o público. O título Blitz supostamente surgiu das constantes paradas policiais que os membros sofriam, ousadia que se refletiu em suas músicas.

Ira!

O Ira! surgiu em 1981, com Nasi, Edgard Scandurra e Ricardo Gaspa. Em 1985, André Jung, que havia saído do Titãs, se juntou à banda. As canções misturava punk, new wave e rock clássico, em letras recheadas de reflexões, poesia e crítica social. 

No início, o Ira! fez parte do movimento punk e pós-punk paulistano, construindo sua identidade em um cenário underground. Seu primeiro compacto, lançado em 1983, já trazia “Gritos na Multidão” e “Pobre Paulista”, músicas que viriam a ser clássicos.

Hits da época

  • Barão Vermelho: Pro Dia Nascer Feliz, Bete Balanço e Por Você
  • Titãs: Sonífera Ilha, Epitáfio, Miséria e Pra Dizer Adeus
  • Legião Urbana: Faroeste Caboclo, Tempo Perdido, Índios e Perfeição
  • Blitz: Você Não Soube Me Amar, A Dois Passos do Paraíso e Mais Uma de Amor (Geme Geme)
  • Ira!: Envelheço na cidade; Tarde vazia e O girassol

Novas vertentes do rock (1990) 

A década de 90 trouxe uma diversificação ainda maior de estilos para o rock nacional. Gêneros como o grunge e o rock alternativo exerceram forte influência sobre muitas bandas emergentes. O movimento manguebeat, liderado pela Nação Zumbi, introduziu uma sonoridade singular, mesclando o rock com ritmos nordestinos. Outras bandas de grande sucesso que surgiram nesse período incluem Skank, Jota Quest, Raimundos e Charlie Brown Jr. Os Mamonas Assassinas também alcançaram um sucesso estrondoso, cativando o público com seu humor e irreverência únicos.

Sepultura

Com origem em Belo Horizonte, ainda nos anos 80, Sepultura se formou com os irmãos Max e Igor Cavalera e Wagner Lamounier. Em 1987, Andreas Kisser se juntou à banda que levou a banda ao estrelato internacional. 

Mas foi na década de 90 que Sepultura se solidificou e teve seu período de maior sucesso comercial e artístico. A banda se destacou por mesclar o thrash e death metal com elementos de música brasileira e tribal, criando um som único e inovador que a diferenciou no cenário mundial do metal.

A saída de Max Cavalera em 1996, no auge da banda, foi um momento turbulento. No entanto, o Sepultura resistiu, com a entrada de Derrick Green nos vocais, e continuou a lançar álbuns e a fazer turnês globais, mantendo sua relevância e explorando novas direções musicais.

Pato Fu

Fundada em 1992, em Belo Horizonte (MG), a primeira formação do Pato Fu contava com Fernanda Takai, John Ulhoa e Ricardo Koctus. Ao longo dos anos, outros músicos como Xande Tamietti e Richard Neves integraram o grupo. 

Desde o seu primeiro álbum, o Pato Fu demonstrou uma sonoridade eclética unida à uma identidade visual marcante. As apresentações sempre foram criativas, trazendo figurinos temáticos e cenários em uma atmosfera lúdica. 

Raimundos

A banda foi formada por Rodolfo Abrantes e Digão, que eram vizinhos e tinham em comum a paixão por bandas punk como Ramones e Dead Kennedys. A essa base punk, eles adicionaram a influência do forró, especialmente do cantor Zenilton, cujas letras irreverentes e “sacanas” fascinavam Rodolfo. Com a entrada do baixista Canisso e, posteriormente, do baterista Fred, a formação clássica dos Raimundos se solidificou.

O som do Raimundos era marcado pela energia do punk, riffs de guitarra marcantes e letras que misturam humor, referências sexuais e cotidianas, muitas vezes com um sotaque nordestino e regionalismos. Essa mistura inusitada e autêntica conquistou rapidamente o público.

Mamonas Assassinas

Os Mamonas Assassinas foram um fenômeno da música brasileira, mesmo com uma carreira meteórica de pouco mais de 8 meses. Com um estilo único de rock cômico, misturando letras escrachadas e referências a diversos gêneros musicais como pop rock, heavy metal, forró, pagode e até música mexicana, eles conquistaram o país de forma avassaladora em 1995.

A banda era formada por Dinho, Bento Hinoto, Samuel Reoli, Júlio Rasec e Sérgio Reoli. Antes de se tornarem Mamonas Assassinas, eles eram a banda Utopia, que tentava um som mais sério, mas sem muito sucesso. Foi ao perceberem o potencial cômico de suas composições e performances que eles mudaram o perfil e adotaram a veia humorística que os consagraria.

O único álbum lançado em estúdio, “Mamonas Assassinas” (1995), foi um sucesso estrondoso, vendendo mais de 2,5 milhões de cópias em poucos meses, tornando-se um dos álbuns mais vendidos da história do Brasil. O sucesso foi tão grande que a banda chegou a fazer diversas apresentações por dia e participou dos principais programas de televisão da época

Charlie Brown Jr.

O Charlie Brown Jr. surgiu em Santos em 1992 e deixou um legado duradouro na música nacional. A banda, liderada pelo carismático Chorão (Alexandre Magno Abrão), misturava diversos ritmos como rock, reggae, rap, hardcore e skate punk, criando um som único e cativante. A formação original ainda contava com Champignon, Marcão Britto, Thiago Castanho e Renato Pelado. 

A banda se destacou por suas letras que falavam sobre o cotidiano, relacionamentos, críticas sociais e a cultura do skate, com uma linguagem direta e identificável. Chorão, além de vocalista, era o principal letrista e cofundador, sendo o único integrante a participar de todas as formações da banda. Sua personalidade forte e autêntica, somada à energia contagiante de suas performances, o transformou em um verdadeiro ídolo para diversas gerações.

O estilo e a atitude “faça você mesmo” da banda inspiraram muitos artistas e continuam a influenciar o cenário musical brasileiro, provando que o Charlie Brown Jr. é, e sempre será, um pilar importante do rock nacional.

Os hits da época

  • Sepultura: 
  • Pato Fu: 
  • Raimundos: 
  • Mamonas Assassinas: 
  • Charlie Brown Jr.

Manguebeat

O Manguebeat surgiu em Recife, Pernambuco, no início da década de 1990, como uma resposta à estagnação cultural e aos problemas sociais da cidade. Idealizado por Chico Science e Fred Zero Quatro (da banda Mundo Livre S/A), entre outros, o movimento se manifestou através do “Manifesto Caranguejos com Cérebro”. Esse manifesto propunha uma “antena parabólica enfiada na lama”, simbolizando a conexão entre a riqueza cultural local (a “lama” do mangue) e as inovações tecnológicas e influências globais (a “antena”).

O movimento buscava denunciar as desigualdades sociais e a pobreza de Pernambuco, ao mesmo tempo em que promovia uma renovação cultural, valorizando as raízes nordestinas e misturando-as com sons e ideias contemporâneas.

Chico Science & Nação Zumbi

Surgiu da união do grupo de pós-punk Loustal com o bloco de samba-reggae Lamento Negro. Essa fusão resultou em um som único e explosivo, que rapidamente chamou a atenção nacional e internacional. A banda foi precursora ao misturar ritmos regionais pernambucanos, como o maracatu e o coco, com elementos globais como o rock, hip hop, funk e música eletrônica.

Chico Science, com sua poesia visceral e performances enérgicas, se tornou o grande catalisador e símbolo do movimento. Ele era um “cidadão do mundo” que conseguia absorver diversas influências e transformá-las em algo autêntico e relevante.

Infelizmente, a trajetória de Chico Science foi interrompida precocemente em 1997, aos 30 anos, devido a um acidente de carro. Apesar de sua morte trágica, o legado que ele deixou com a Nação Zumbi é imenso e continua influenciando novas gerações de artistas. Após seu falecimento, a banda seguiu em frente como Nação Zumbi, com Jorge Du Peixe assumindo os vocais.

Mundo Livre S/A

Com Fred Zero Quatro à frente, foi a outra banda essencial para a concepção e desenvolvimento do Manguebeat. Seu som, também com fortes influências de rock e ritmos pernambucanos, complementava a proposta da Nação Zumbi, e o manifesto “Caranguejos com Cérebro”, escrito por Fred, é um dos documentos fundamentais do movimento. O grupo se destacou pela capacidade de fundir ritmos regionais pernambucanos com elementos de rock, pop, funk e música eletrônica, criando uma sonoridade única e vibrante. 

Os hits da época

  • Nação Zumbi: Um Sonho, Maracatu Atômico e A Praieira
  • Mundo Livre S/A: Meu Esquema, Melô das Musas e O Mistério do Samba

Novas gerações do rock no novo milênio (2000)

A partir dos anos 2000, uma nova safra de bandas surgiu, refletindo influências de estilos como o emo, indie rock e metalcore. Nomes como Dead Fish, Pitty, Fresno e NX Zero se destacaram nesse período. Um aspecto notável foi o fortalecimento do cenário independente, com muitas bandas buscando e desenvolvendo seus próprios caminhos de divulgação. Atualmente, o rock nacional segue em constante evolução, caracterizado por uma vasta gama de subgêneros e artistas que continuam a se destacar tanto no mainstream quanto no underground.

Dead Fish

O Dead Fish é uma das bandas mais respeitadas do hardcore brasileiro. Formada em Vitória, Espírito Santo, em 1991, por um grupo de amigos skatistas (Rodrigo Lima, Marcel Dadalto, Gustavo Buteri, Tiago Lima e Leandro Pretti) que, inicialmente, nem sabiam tocar, a banda rapidamente se destacou pela energia de suas apresentações e pelas letras engajadas e sociais, uma marca registrada que mantêm até hoje.

O som do Dead Fish é um hardcore melódico com influências punk e, por vezes, um toque de metal. Suas letras são conhecidas por abordar temas como críticas sociais e políticas, questões existenciais e pessoais, e a busca por autonomia e resistência. Ao longo de mais de três décadas, a banda se consolidou como uma voz importante no rock nacional, mantendo-se fiel às suas raízes independentes e à mensagem que transmite.

Pitty

Nascida em Salvador, Bahia, em 1977, Priscilla Novaes Leone, a Pitty, se destacou não apenas por sua voz potente e suas composições incisivas, mas também por sua atitude forte e sua postura feminista, que ressoam profundamente com seu público.

A carreira de Pitty começou a ganhar forma no cenário underground baiano, passando por bandas como Inkoma e Shes. No entanto, foi com sua carreira solo, iniciada no início dos anos 2000, que ela alcançou o estrelato. Seu estilo musical é uma fusão de hard rock, punk rock e grunge, com letras que abordam temas como empoderamento feminino, crítica social, angústia existencial e autoconhecimento. Sua música é caracterizada por riffs marcantes de guitarra, bateria poderosa e sua inconfundível performance vocal.

NX Zero

Criada em 2001, a NX Zero conquistou uma legião de fãs com seu som pop rock/emo e letras que falavam diretamente com a juventude. Formada em São Paulo, a banda era composta por Di Ferrero, Gee Rocha, Daniel Weksler, Caco Grandino e Fi Ricardo.

O som da NX Zero é caracterizado por melodias marcantes, refrões pegajosos e letras que abordam temas como amor, amizade, superação e a complexidade das relações adolescentes. Eles misturam elementos de pop rock, emo e hardcore melódico, o que os diferenciava do cenário musical brasileiro da época.

Os hits da época

  • Dead Fish: Queda Livre, Você e Bem-Vindo Ao Clube
  • Pitty: Equalize, Na Sua Estante e Me Adora
  • NX Zero: Cedo ou Tarde, Razões e Emoções e Ligação

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