O Brasil não tomou conhecimento da Bolívia e aplicou uma goleada de 6 a 0, na noite desta quarta-feira (16) no Estádio Gonzalo Pozo Ripalda, em Quito (Equador), para assumir a liderança do Grupo B da Copa América de futebol feminino. Saiba mais em TVT News.
Mais habituada aos 2.850 metros de altitude da cidade de Quito, a equipe comandada pelo técnico Arthur Elias dominou amplamente um time boliviano que mais se preocupou em defender para tentar segurar o ímpeto ofensivo das jogadoras brasileiras.
Neste cenário, o Brasil precisou de apenas 12 minutos para abrir o marcador. Em jogada de escanteio ensaiada, Fátima Dutra tocou rasteiro para Dudinha, que, da entrada da área, tentou o chute para o gol. A bola acabou dentro da área com Luany, que, com grande liberdade, teve liberdade para dominar e chutar para superar a goleira Erika Sánchez.
Com extrema facilidade a seleção brasileira chegou ao segundo aos 31 minutos, quando Kerolin encontrou Fátima dentro da área. A lateral chutou e a goleira boliviana deu rebote. A bola sobrou então dentro da área para Luany, que não perdoou.
O time verde e amarelo continuou empilhando oportunidades e, antes do intervalo, chegou ao terceiro, desta vez com a capitã Kerolin em cobrança de pênalti aos 36 minutos.
Na etapa final o técnico Arthur Elias rodou o time, colocando em campo peças como as atacantes Marta, Amanda Gutierres e Gio Garbelini, que começaram o confronto no banco de reservas.
Com reforço no ataque, o Brasil não demorou a chegar ao quarto gol. E ele veio aos 33 minutos em grande lance de Kerolin, que recebeu passe de Marta dentro da área, antes de bater com categoria para marcar um belo gol. Quatro minutos depois a atacante do Manchester City (Inglaterra) bateu de primeira para marcar o seu terceiro no confronto.
Já nos acréscimos Kerolin avançou com liberdade e levantou a bola na área para Amanda Gutierres marcar de cabeça e dar números finais ao confronto.
Agora o Brasil folga na próxima rodada, e volta a entrar em ação pela competição apenas na próxima terça-feira (22), quando mede forças com o Paraguai a partir das 21h (horário de Brasília).
Descaso da Conmebol
Apesar da vitória e da boa campanha, a Copa América não está sendo só flores, a Conmebol e a organização da competição foram os principais assuntos da coletiva pós-jogo.
Isso porque, antes mesmo da bola rolar, a Seleção Brasileira enfrentou uma série de obstáculos. As jogadoras foram obrigadas a realizar o aquecimento em uma sala apertada do estádio, sem estrutura adequada. Como se não bastasse o contra-tempo, o time ainda foi prejudicado pela arbitragem, que anulou dois gols e tomou decisões equivocadas ao longo da partida. Essas questões não puderam ser esclarecidas oficialmente, já que a competição não tem auxílio do árbitro de vídeo (VAR) e só contará com a tecnologia a partir das semifinais.
Diante de tantas adversidades, a jogadora Ary Borges classificou a situação como “ridícula” e comparou a estrutura à de torneios amadores. “Até na várzea é mais organizado”, afirmou a meia brasileira ao fim da partida.
Após a goleada, Ary aproveitou sua entrevista pós-jogo com a TV Globo para fazer críticas contundentes. A atleta não hesitou em questionar diretamente decisões tomadas antes e durante a partida, cobrando mais respeito e profissionalismo com o futebol feminino. Borges questionou diretamente o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez. “Gostaria de perguntar se ele conseguiria aquecer em 10 metros quadrados com cheiro de tinta. É desrespeitoso. Tivemos um exemplo na Copa América Masculina. Por que a feminina não tem o mesmo nível?”, desabafou.
O técnico Arthur Elias também manifestou preocupação com a logística do torneio:
“Não deveríamos ter que cobrar que os responsáveis pelo futebol façam o trabalho deles, assim como as jogadoras fazem em campo e eu faço ao máximo também. A questão do aquecimento me preocupa muito porque hoje, por exemplo, tivemos uma jogadora no final do aquecimento que sentiu uma possibilidade de um problema muscular”, destacou o técnico.
A falta de cuidado da Conmebol com a competição feminina escancara um problema estrutural que precisa ser enfrentado com urgência. O Brasil será sede da Copa do Mundo feminina de 2027 — a primeira vez que o torneio acontecerá na América do Sul, e em competições tão importantes, atletas ainda sofrem cobrando coisas básicas.