Israel mata cinco jornalistas da Al Jazeera em Gaza

Ataque é “tentativa desesperada de silenciar as vozes que denunciam a ocupação" israelense, diz a emissora
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Anas al-Sharif era um dos correspondentes mais conhecidos da Al Jazeera. Foto: Al Jazeera/Reprodução

Neste domingo (10), o jornalista Anas al-Sharif, que se tornou um rosto conhecido na denúncia da barbárie cometida por Israel contra a Palestina, foi assassinado pelo exército israelense na Faixa de Gaza junto com quatro colegas da emissora de televisão Al Jazeera. Até o momento, pelo menos 242 profissionais de imprensa palestinos que já foram mortos em Gaza desde 7 de outubro de 2023, de acordo com a ONU. Saiba mais em TVT News.

O Escritório de Direitos Humanos da ONU chamou o episódio de “violação grave ao direito internacional humanitário”.  Em postagem no X, a agência declarou que “Israel deve respeitar e proteger todos os civis, incluindo jornalistas”.

Ataque de Israel contra a liberdade de imprensa

Os repórteres Anas al-Sharif e Mohammed Qraiqeh foram mortos junto com os cinegrafistas Ibrahim Al Thaher, Mohammed Nougal e Moamen Aliwa em uma ação militar direcionada de Israel. Os jornalistas estavam em uma tenda da Al Jazeera, perto da entrada do hospital Al-Shifa, em Gaza. Mohammed al Khaldi, que trabalhava como fotógrafo freelancer também foi vítima fatal do ataque.

As Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram que o ataque tinha Anas al-Sharif como alvo. Horas antes de ser morto, o repórter publicou um vídeo no X em que se escuta um bombardeio de míssil. “Já faz duas horas que a agressão israelense vem se intensificando na Cidade de Gaza”, escreveu o jornalista. Veja abaixo:

A Al Jazeera classificou o assassinato de sua equipe como “mais um flagrante ataque premeditado contra a liberdade de imprensa”. “A ordem para assassinar Anas al-Sharif, um dos jornalistas mais corajosos de Gaza, e seus colegas, é uma tentativa desesperada de silenciar vozes que expõem a iminente tomada e ocupação de Gaza”, continua o comunicado.

As FDI acusam, sem qualquer evidência concreta, Anas al-Sharif de liderar uma célula do grupo fundamentalista Hamas em Gaza. A acusação já foi desmentida pela Al Jazeera e pelo próprio repórter em vida. O Comitê de Proteção de Jornalistas (CPJ) condenou o ataque e disse que não há evidências para sustentar a acusação contra o jornalista.

As mesmas acusação de aliança com o Hamas e terrorismo já foram feitas contra outros funcionários da Al Jazeera. As alegações são um padrão da gestão de Netanyahu para justificar o extermínio da população palestina. As transmissões da emissora catari a partir de Israel são proibidas.

Em julho, o CPJ demonstrou preocupação com a segurança de al-Sharif e pediu proteção ao repórter, após ele ser classificado como terrorista pelo governo Netanyahu. Na ocasião, o profissional da Al Jazeera disse que as acusações “não eram apenas uma ameaça midiática ou destruição da imagem, mas sim uma ameaça real à vida”.

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) também repudiou o ataque e “a campanha de difamação promovida por autoridades israelenses contra jornalistas palestinos”. O movimento cria um ambiente permissivo para a violência e viola a liberdade de imprensa, afirma a FENAJ em comunicado.

Israel não permite a entrada de profissionais de imprensa estrangeiros em Gaza desde a sua investida mais recente contra o povo palestino em outubro de 2023. Os jornalistas locais que permanecem em Gaza noticiando diariamente os horrores da guerra são vítimas da fome, utilizada como arma de guerra por Israel, e testemunhas da destruição que ocorre há mais de 22 meses.

Em um comunicado conjunto, BBC, Reuters, Agence France-Press e Associated Press alertaram que seus jornalistas corriam risco de morrer de fome em Gaza em julho. O colapso das condições de sobrevivência com falta de comida, água potável e assistência médica não são apenas o tema das reportagens, mas a realidade de suas vidas pessoais em Gaza, onde sofrem com a crescente exaustão física e mental.

Israel mantém Gaza sitiada, controla a entrada de ajuda humanitária no território e atira contra civis que esperam por comida. Até o momento, mais de 60 mil palestinos foram mortos e mais de 138 mil ficaram feridos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.

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