Trump é inimigo da saúde global, diz Padilha

"O Trump é inimigo do SUS, é inimigo da Organização Mundial de Saúde", afirma o ministro
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"O que a minha filha de 10 anos de idade significa de risco para o Império?", questionou. Foto: Reprodução

Em entrevista coletiva concedida nesta terça-feira (20) a veículos da mídia independente, organizada pelo Barão de Itararé, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, traçou um panorama dos avanços da pasta e fez duras críticas à política externa dos Estados Unidos sob a liderança de Donald Trump. “Trump é inimigo da saúde global”, disse ele, ecoando como um alerta sobre os riscos que a postura do governo norte-americano representa para a soberania sanitária do Brasil e do mundo. Leia em TVT News.

Padilha, que é médico infectologista e especialista em saúde pública, não mediu palavras ao caracterizar o ex-presidente e atual candidato: “Se tem uma coisa que o Trump é, desde o começo do governo dele, é um inimigo da saúde global. O Trump é inimigo do SUS, é inimigo da Organização Mundial de Saúde, é inimigo dos fundos internacionais de produção de vacinas, é inimigo da vacina no próprio Estados Unidos”.

Como prova dessa hostilidade, o ministro citou o surto de sarampo que assola os EUA. “Eles estão tendo um surto de sarampo, maior surto de sarampo desse século acontecendo lá nos Estados Unidos, né? Nesse momento, nos Estados Unidos, no mês de julho, a gente tinha tido 7.200 casos de sarampo no continente americano, mais de 7.000 era no hemisfério norte”, detalhou, relacionando diretamente a situação ao movimento anti-vacina encorajado por Trump.

Ataque covarde à família

O tema ganhou contornos pessoais e dramáticos quando Padilha falou sobre as sanções aplicadas pelo governo Trump contra a sua família, em represália pela atuação na cooperação com Cuba, no âmbito do programa Mais Médicos. O ministro classificou a medida como um “ataque covarde” e uma tentativa clara de intimidação política.

“É um ataque político para ver se a gente baixa a cabeça. E nós não vamos nos intimidar nem baixar a cabeça, não vamos recuar em um centímetro no apoio ao Mais Médicos”, declarou com firmeza. O aspecto mais cruel destacado por Padilha foi o fato de a sanção ter atingido sua filha de 10 anos, que teve o visto de entrada nos EUA revogado.

“Eu perguntei: o que a minha filha de 10 anos de idade significa de risco para o império, para o governo americano, para não poder entrar nos Estados Unidos?”. Ele revelou que a menina tinha visto para visitar familiares – seu pai foi exilado nos EUA durante a ditadura e se casou com uma norte-americana, com quem teve outros filhos. “Eu tenho irmãos que são cidadãos norte-americanos, um deles mora nos Estados Unidos, tem uma sobrinha da mesma idade da minha filha que moram lá”.

Para Padilha, a ação contra sua família é simbólica de uma estratégia maior de achaque. “É um pouco uma ação de achaque de intimidação, de uma covardia absurda… Imagina o que eu posso fazer com o juiz de primeira instância, de segunda instância, com a empresa, com o parlamentar”.

Soberania, SUS e a reconstrução do Brasil

Em contraponto ao que chamou de “inimigo da saúde”, o ministro enumerou os avanços do governo Lula na área, que according to him, constroem um caminho oposto ao do governo Bolsonaro. “O governo do presidente Lula é muito melhor do que o governo Bolsonaro em todas as áreas de governo… mas se tem um campo onde nós vamos conseguir isolar a extrema direita, fazer o enfrentamento ao bolsonarismo, é no campo da área da saúde”.

Entre as principais conquistas, Padilha destacou:

  • Número Único do SUS pelo CPF: Apresentado como uma revolução no controle, planejamento e combate ao desperdício. “Vai criar uma possibilidade melhor de planejamento da relação entre União, estado e município” e consolidar o Brasil como um “terreno fértil para investigação científica”, dada sua diversidade genética e de perfis de doença.
  • Programa Agora Tem Especialistas: Uma mobilização pública e privada para reduzir o represamento de consultas e cirurgias eletivas gerado pela pandemia. Padilha citou casos simbólicos, como a primeira cirurgia de quadril realizada pelo programa e a adesão do mesmo hospital em Recife que atendeu o presidente Lula em 2010.
  • Campanhas de Vacinação: O ministro afirmou estar em curso uma “batalha para derrotar o negacionismo”. “2023 já foi melhor que 2022, 2024 foi melhor que 2023, 2025 já começou melhor”. Ele enfatizou a estratégia de vacinação nas escolas e conclamou os pais: “Os pais e mães atuais não podem negar os seus filhos um direito que os seus pais não lhe negaram”.

Ao final, Padilha sintetizou o projeto de nação que defende, em claro contraste com as ameaças externas: “A soberania é feita com S, saúde é com S, SUS é com S e Brasil é com S também”. A fala serve como um mantra da resistência sanitária e da defesa intransigente de um sistema público, universal e soberano, que o governo atual busca fortalecer contra todos os ataques, internos e externos.

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