O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), virou alvo de uma representação protocolada no Ministério Público paulista por suspeita de improbidade administrativa. O pedido de investigação foi apresentado pelo deputado estadual Paulo Fiorilo (PT-SP), que acusa o chefe do Executivo paulista de usar recursos públicos para custear uma viagem a Brasília, nos dias 2 e 3 de setembro, em que teria atuado para articular um projeto de anistia aos golpistas de 8 de janeiro, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro. Leia em TVT News.
Segundo a denúncia, Tarcísio cumpriu apenas uma agenda oficial na capital federal, mas utilizou a estrutura do governo paulista para bancar deslocamentos e diárias em meio a compromissos políticos de interesse particular. “O problema é o que ele foi fazer em Brasília durante dois dias com recursos públicos, tramando contra a punição dos golpistas, entre eles o presidente inelegível que ele apoia. O governador não foi tratar de empréstimos, não foi discutir projetos de interesse de São Paulo. Foi para articular a continuidade do golpe”, afirmou Fiorilo em entrevista à repórter Girrana Rodrigues, no Jornal TVT News Primeira Edição.
A representação protocolada pelo parlamentar pede que o MP responsabilize Tarcísio por improbidade administrativa e determine a devolução integral de valores gastos com a viagem. O documento também solicita que o governador seja condenado por afrontar princípios constitucionais, como a separação de Poderes. “Nós queremos que o Ministério Público apure a possibilidade da improbidade e também o uso dos instrumentos estaduais para esse tipo de atitude, que não tem absolutamente nada a ver com o papel de um governador”, ressaltou Fiorilo.
Para o deputado, a conduta de Tarcísio é ainda mais grave diante dos problemas enfrentados pelo estado. “Vivemos um momento difícil em São Paulo. Temos denúncia de corrupção na Secretaria da Fazenda, de mais de 1 bilhão de reais, e operações envolvendo postos de gasolina ligados à arrecadação de ICMS. Enquanto isso, o governador resolveu gastar dois dias em Brasília e depois um em São Paulo articulando contra o Supremo”, criticou.
O parlamentar também destacou que o governador tem ampliado os ataques à Justiça, o que configura, em sua avaliação, ameaça ao regime democrático. “Aliás, o governador tem aumentado o tom. Tem criticado o Supremo, chamado de ditadura de Poderes, o que nós achamos inadmissível. Ele se comprometeu a respeitar a Constituição e não é isso que está acontecendo”, disse.
Além da denúncia apresentada ao MP, a bancada do PT na Assembleia Legislativa discute ingressar com um pedido de impeachment contra Tarcísio. A medida, segundo Fiorilo, teria como base os ataques à Constituição e o uso político do cargo. “O MP vai analisar e decidir se instaura ou não o procedimento. Se a decisão monocrática for de não instaurar, nós vamos recorrer ao Conselho do MP. Paralelamente, a bancada deve protocolar um pedido de impeachment, mas essa discussão será feita na nossa reunião”, explicou.

Para o petista, a viagem do governador deixa claro que a prioridade de Tarcísio é defender Bolsonaro, e não os interesses da população paulista. “O governador sai de São Paulo, utiliza recurso público para pressionar o presidente da Câmara e articular com partidos a anistia. Enquanto isso, São Paulo sofre os impactos do tarifaço imposto pelo governo Trump e ele não está preocupado. O que preocupa Tarcísio é salvar a pele do amigo Bolsonaro e manter vivo o projeto de torná-lo candidato à Presidência”, afirmou.
O pedido de investigação agora depende da análise do Ministério Público, que decidirá se abre ou não procedimento formal contra o governador. Fiorilo adiantou que, caso o MP arquive a denúncia, recorrerá para que o órgão colegiado se manifeste. Além disso, o parlamentar pretende acionar o Tribunal de Contas do Estado para que verifique possíveis irregularidades no uso de recursos públicos.
Com a ofensiva, Tarcísio se vê no centro de mais uma crise política que pode abalar sua gestão. Para a oposição, o episódio escancara a confusão entre funções públicas e interesses eleitorais. “Estamos questionando no MP se houve improbidade, se houve uso indevido da máquina e se houve desrespeito à Constituição. O governador comete crimes no uso do cargo público, que ao nosso ver o impedem de continuar à frente do governo do Estado”, concluiu Fiorilo.