O ator, diretor e ativista Robert Redford faleceu nesta terça-feira (16), aos 89 anos, em sua casa em Sundance, nas montanhas de Utah. A notícia foi confirmada por sua assessora, que informou que Redford morreu de forma pacífica durante o sono, cercado por sua família. A causa oficial da morte não foi divulgada. Relembre a trajetória e o legado de Robert Redford na TVT News.
Nascido como Charles Robert Redford Jr. em 1936, em Santa Monica, na Califórnia, em 1936, sua carreira se iniciou no teatro e na televisão, mas foi no cinema que se tornou uma estrela. O artista deixa um legado extenso: mais de 50 filmes, três estatuetas do Oscar, duas do Globo de Ouro e até a Medalha Presidencial da Liberdade a maior honraria civil dos Estados Unidos, entregue pelo então presidente Barack Obama, em 2016. Robert também foi o fundador do Sundance Institute, uma organização sem fins lucrativos que dá apoio e impulsiona cineastas independentes até hoje.
Casado com Lola Van Wagenen de 1958 a 1985, teve quatro filhos. Enfrentou a dolorosa perda de dois deles: Scott, na infância, e James, por câncer em 2020. Desde 2009, era casado com a artista alemã Sibylle Szaggars.
Destaques da carreira de Robert Redford
Redford conquistou o público em 1969 com Butch Cassidy and the Sundance Kid, ao lado de Paul Newman, em uma parceria que se tornou uma das mais icônicas da história de Hollywood. A dupla se reuniu em 1973 para o aclamado Golpe de Mestre, que rendeu a Redford sua única indicação ao Oscar de Melhor Ator.
Ao longo dos anos 70, estrelou uma série de clássicos que definiram gerações, como Nosso Amor de Ontem, Três Dias do Condor e o thriller político Todos os Homens do Presidente. Neste último, ele não apenas interpretou o repórter Bob Woodward, mas foi o produtor executivo, tendo trabalhado por mais de três anos para tirar o longa do papel.
Em 1980, Redford fez sua aclamada estreia na direção com Gente Como a Gente, um drama familiar que rendeu o Oscar de Melhor Diretor e o prêmio de Melhor Filme. Ele continuou a dirigir sucessos como Nada é Para Sempre e Quiz Show – A Verdade dos Bastidores.
Em 2002, ganhou um Oscar honorário pelo conjunto de sua obra. Redford também conquistou dois prêmios do Globo de Ouro, na categoria Revelação, em 1965, por Uma Cruz à Beira do Abismo e no Prêmio Cecil B. DeMille pelo conjunto da obra, entregue em 1994.

O legado do Sundance
Contudo, talvez o maior impacto de Redford no audiovisual americano seja a criação do Sundance Institute em 1981, uma organização sem fins lucrativos dedicada a apoiar cineastas independentes. O instituto assumiu o Festival de Cinema dos EUA em 1985, rebatizando-o de Sundance Film Festival.
Sob a liderança de Redford, o festival transformou-se na principal vitrine para o cinema independente, impulsionando as carreiras de diretores como Steven Soderbergh e Quentin Tarantino e mudando para sempre o panorama cinematográfico.
Robert adquiriu terras em Utah que se tornaram o Sundance Resort, a sede do Sundance Institute. No local, apenas no primeiro ano de funcionamento da organização, dez cineastas independentes foram convidados para rodar seus próprios filmes.
Ativismo de Robert Redford
Por trás de sua imagem de estrela, Redford era ainda um defensor do meio ambiente. O artista usou sua notoriedade para dar voz a causas que considerava cruciais, como a preservação da natureza e os direitos dos povos nativos americanos.
A paixão de Redford pela natureza começou cedo, enquanto trabalhava no Parque Nacional de Yosemite. Testemunhando a expansão descontrolada de Los Angeles, sua cidade natal, buscou refúgio em Utah, para onde se mudou em 1961.
Em 1970, Robert fez campanha contra uma rodovia de seis pistas em um cânion em Utah e, em 1975, se opôs contra à criação de uma usina de carvão no sul do estado.
Por três décadas, Redford atuou como curador do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais (Natural Resources Defense Council), utilizando sua plataforma para defender causas como a proteção do Refúgio Nacional de Vida Selvagem do Ártico, no Alasca, contra os interesses petrolíferos. Em outubro de 2020, Redford escreveu um artigo de opinião para a CNN, no qual expressou receios com a falta de preocupação política nas mudanças climáticas, mesmo diante de incêndios florestais que atingiram os EUA naquele ano.
Meryl Streep, que estrelou com Redford em Entre Dois Amores e Leões e Cordeiros, prestou homenagem por meio de comunicado. “Um dos melhores faleceu. Descanse em paz, meu querido amigo”, escreveu.
Grande amiga de Robert, Jane Fonda, se emocionou. “Não consigo parar de chorar. Ele significava muito para mim e era uma pessoa linda em todos os sentidos. Ele representava um país pelo qual precisamos continuar lutando”, afirmou.
A notícia da morte de Robert Redford trouxe também homenagens de colegas e admiradores. O autor Stephen King o descreveu como “parte de uma Hollywood nova e empolgante nos anos 70 e 80”.
A atriz Marlee Matlin creditou a ele o sucesso de seu filme vencedor do Oscar, “No Ritmo do Coração” (CODA). “Nosso filme chamou a atenção de todos por causa do Sundance. Sundance aconteceu por causa de Robert Redford. Um gênio se foi. RIP Robert”, lamentou.