No último domingo (21), o Rio de Janeiro foi palco de uma manifestação que misturou protesto político e memória cultural. Em meio à mobilização nacional contra o projeto de anistia aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro e contra a chamada PEC da Blindagem, a Praia de Copacabana reuniu cerca de 42 mil pessoas, segundo estimativas do Monitor do Debate Político da USP, para um ato que se transformou em um festival de clássicos de resistência à ditadura militar. Saiba mais na TVT News.
Ícones históricos da MPB, como Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Djavan e Paulinho da Viola, dividiram os holofotes com artistas da nova geração. As apresentações relembraram a tradição dos protestos musicais que marcaram o país desde os anos 1960, como a Passeata dos Cem Mil, em 1968.
O ponto alto foi a interpretação de “Cálice”, cantada por Chico Buarque e Gilberto Gil, símbolo maior da censura e da repressão durante o regime militar. Além desta, “Divino Maravilhoso”, “Apesar de Você” e “Desde que o samba é samba” também foram apresentas. Outras canções de Ivan Lins, Maria Gadú, Lenine e Marina Sena reforçaram a mensagem de resistência e atualidade das letras de protesto.
HISTÓRICO! Chico Buarque e @gilbertogil juntos cantando Cálice em Copacabana para uma multidão do POVO CONTRA A ANISTIA. Isso só pôde acontecer porque não teve golpe. E quem tentou vai para a cadeia! pic.twitter.com/sn3LHXzj30
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) September 21, 2025
Música: um elo entre presente e passado
O clima era de resistência e homenagem. Em discursos curtos entre as apresentações, artistas associaram o repertório ao contexto atual. Caetano Veloso declarou: “Sem anistia e com democracia. Este é o Brasil unido”, enquanto Gilberto Gil falou sobre “a resiliência do povo brasileiro diante das injustiças de ontem e de hoje”.
O guitarrista Frejat encerrou a tarde com um recado direto ao Congresso: “A manifestação nas ruas é o que mais assusta os poderosos. Essa PEC da Blindagem é a maior cara de pau da história”.
Atos em todo o Brasil reforçam luta
Embora o Rio tenha concentrado a maior carga simbólica, a mobilização se espalhou por pelo menos 33 cidades brasileiras. Em Salvador, Daniela Mercury e o ator Wagner Moura lideraram a multidão; em São Paulo, mais de 43 mil se reuniram na Avenida Paulista com uma enorme bandeira do Brasil para “reapropriar” o símbolo nacional. Outras capitais, como Brasília, Belo Horizonte e João Pessoa, também registraram atos com forte presença de artistas.

Veja como foram as apresentações
Caetano Veloso e Gilberto Gil cantam “Divino Maravilhoso”:
Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Djavan, Ivan Lins, Geraldo Azevedo, Paulinho da Viola, Lenine e Maria Gadú cantam “Apesar de Você”:
Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Djavan, Ivan Lins, Geraldo Azevedo, Paulinho da Viola, Lenine e Maria Gadú cantam “Vai Passar”:
Caetano Veloso discursa durante ato contra anistia e PEC da Blindagem: