Na noite de segunda-feira (22), a Prefeitura de Diadema, no ABC Paulista, mobilizou a tropa da Guarda Civil Municipal (GCM) para realizar o despejo das famílias da Ocupação Palestina Livre, localizada na Avenida Alda, região central da cidade. A ação, conduzida pela ROMU (força tática da GCM) teve início por volta das 18h, com bloqueio de acesso dos moradores às suas residências. Entenda mais em TVT News.
A operação ocorreu em desacordo com decisão judicial da juíza Natália Cristina Torres Antonio, que condicionava qualquer desocupação à comprovação, por parte da Prefeitura, do acolhimento integral das famílias. Isso inclui a inserção no programa de aluguel social, o cadastramento em políticas habitacionais e o acompanhamento pela assistência social.

Apesar da ordem judicial, o prefeito Taka Yamauchi (MDB) autorizou a ação sem a presença de oficial de justiça e sem comprovar o cumprimento das exigências legais. Testemunhas relataram uso excessivo de força por parte da GCM, incluindo bombas de efeito moral, balas de borracha, gás de pimenta e armamento letal. O secretário de segurança pública, Paulo Pinheiro da Silva, foi flagrado agredindo apoiadores da ocupação.
Durante o protesto pacífico contra o despejo, o trabalhador Bruno Ponta foi violentamente agredido, algemado e levado ao 3º Distrito Policial de Diadema.

Moradores da Ocupação Palestina livre de Diadema são agredidos e hostilizados
O imóvel ocupado, antigo hospital abandonado há mais de 15 anos, possui dívida superior a R$ 400 milhões e não tem vínculo com a administração municipal. A ocupação denuncia o déficit habitacional na cidade e integra a jornada nacional de lutas iniciada em 7 de setembro, que promoveu 18 ocupações em 15 estados sob o nome “Palestina Livre”.
Em vídeo divulgado nas redes sociais do deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), uma moradora da Ocupação relata que foi impedida de entrar em sua casa para retirar seus pertences.
Outro vídeo, publicado pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB-SP), mostra uma mulher que, ao sair para trabalhar, expressa incerteza sobre seu retorno: “Não sei se vou conseguir voltar pra casa.”
Em outras imagens cedidas para a TVT News, foi possível ver a violência exercida pelos agentes aos moradores. Atenção: algumas imagens são fortes!
A prefeitura de Diadema não se pronunciou até o momento.