O Grande ABC foi palco nesta terça-feira (23/9) do encontro “Os impactos do Tarifaço no Grande ABC”, que reuniu representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), lideranças políticas locais, empresários e membros da sociedade civil organizada para discutir os efeitos da alta de tarifas sobre a economia da região. O evento, realizado na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC), buscou avaliar os impactos das recentes mudanças tarifárias e definir estratégias para mitigar prejuízos ao desenvolvimento regional, em especial por meio do Plano Brasil Soberano. Confira mais em TVT News.
Participaram da mesa de abertura do evento o presidente em exercício do Consórcio Intermunicipal Grande ABC e prefeito de Ribeirão Pires, Guto Volpi; o prefeito de Rio Grande da Serra, Akira Auriani; o secretário-executivo do Consórcio ABC e presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, Aroaldo Silva; os diretores do BNDES Nelson Barbosa e Luciana Costa; o presidente do SMABC, Moisés Selerges; e o secretário de Desenvolvimento Econômico de São Bernardo, Rafael Demarchi.

Segundo estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), as exportações do Grande ABC para os Estados Unidos sofreram forte retração com a implementação da nova tarifa de 50% pelo governo americano. Em agosto de 2025, primeiro mês completo sob o novo modelo, o volume exportado caiu de US$ 61,6 milhões em agosto de 2024 para US$ 46,5 milhões, registrando uma perda de aproximadamente US$ 15 milhões, equivalente a 24,6% do valor anterior.
O impacto, segundo o estudo, variou entre os municípios da região, sendo mais severo em setores estratégicos. Em São Bernardo do Campo, a queda atingiu 67,6%; em Mauá, 66,9%; em Diadema, 50,5%; e em Ribeirão Pires, 32,2%. As perdas se concentraram principalmente na indústria metalúrgica, automotiva e de defesa, pilares da economia regional.
Caminhos para enfrentar a crise
Durante o encontro, foram discutidos encaminhamentos estratégicos para enfrentar a crise. Entre as principais medidas definidas, está a criação de uma Comissão Regional de Monitoramento dos Impactos na Produção e no Emprego, formada por gestores públicos, sindicatos e empresários, com objetivo de acompanhar de perto as consequências do tarifaço e propor soluções integradas.
Outra iniciativa apresentada foi a expansão da estratégia “Grande ABC para o Mundo”, voltada à diversificação de mercados e internacionalização das empresas locais. A ideia é reduzir a dependência das exportações para os Estados Unidos e abrir novas oportunidades comerciais para os produtos da região. A proposta também foi apresentada como forma de estreitar conexões internacionais e ampliar a competitividade das empresas locais.
“Hoje, em uma ação conjunta de diversos agentes do Grande ABC, demos um passo importante para transformar essa crise em oportunidade, fortalecendo a nossa economia regional e criando novas conexões internacionais”, destacou Guto Volpi.
Os representantes do BNDES detalharam linhas de apoio do Plano Brasil Soberano, programa do governo federal voltado à mitigação dos efeitos do tarifaço. Entre as medidas estão a oferta de liquidez imediata, facilitação do acesso a crédito e incentivo à adaptação e diversificação das empresas, garantindo sustentabilidade a longo prazo, emprego e renda da população. “O governo está implementando um programa de grande escala para mitigar os efeitos negativos das tarifas sobre as empresas brasileiras, com foco na proteção do emprego e no fortalecimento do desenvolvimento regional”, explicou Nelson Barbosa, diretor de Planejamento e Relações Institucionais do BNDES.

Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, contar com um banco público de fomento apoiando a indústria nacional é um verdadeiro alento — especialmente em um momento em que um país com recursos infinitos, como os Estados Unidos, promove ataques diretos a um país emergente que busca recuperar sua capacidade industrial.
Para Aroaldo Silva, secretário-executivo do Consórcio ABC e presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, “a importância do evento está em criar conexões com outros países e ampliar nossas oportunidades. É fundamental que a região aprofunde a cooperação com instituições como o BNDES e outros parceiros estratégicos para fortalecer o desenvolvimento econômico regional”.
O encontro reforçou o papel do Grande ABC como referência nacional na construção de políticas públicas integradas e sustentáveis, promovendo o diálogo entre governo, setor privado e sociedade civil para proteger empregos, estimular a competitividade e garantir justiça tarifária aos municípios da região.