O Estado de São Paulo registrou três mortes e dez casos de intoxicação por metanol após ingestão de bebidas alcóolicas adulteradas em um período de 25 dias. O Centro de Vigilância Sanitária (CVS) confirmou as duas fatalidades no sábado (27), uma na capital e outra duas em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Ainda não se sabe como ocorreram as intoxicações. Saiba mais em TVT News.
Em São Paulo, um homem de 54 anos morreu em 15 de setembro, após apresentar sintomas no dia 9 do mesmo mês. Já em São Bernardo do Campo, um homem de 38 anos faleceu em 18 de setembro e outro de 45 anos, em 28 de setembro. As informações são da Secretaria de Segurança Pública e da Secretaria Municipal de Saúde.
Um caso de cegueira foi revelado no domingo (28). Uma jovem perdeu a visão após ingerir três caipirinhas no dia 19 de setembro em um bar, cujo nome não foi revelado pela polícia. Ainda internada, a mulher relatou que as bebidas não tinham nenhum gosto diferente.
Os casos de intoxicação ocorrem em cenas de consumo alcóolico, incluindo bares, e com diferentes tipos de bebida, como gin, whisky e vodka, afirma o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox). Em nota, o governo federal diz que o número de notificações é considerado fora do padrão para o curto período de tempo e também por desviar dos casos até hoje notificados de intoxicação por metanol.
As intoxicações nos últimos dois anos ocorrem em contexto de consumo de combustíveis. O que preocupa autoridades de saúde agora é que se trata de consumo acidental.
Há duas investigações em curso até o momento. O 2º Distrito Policial de São Bernardo do Campo instaurou um inquérito para investigar a morte que ocorreu na cidade, enquanto o 48º Distrito Policial, da Cidade Dutra, Zona Sul da capital paulista, investiga um caso de intoxicação em que não houve morte.
Segundo a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), o metanol utilizado para adulterar as bebidas alcóolicas pode ser o mesmo usado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para adulterar combustíveis.
A importação de metanol de modo fraudulento para adulterar combustíveis não é exclusividade do PCC, destaca a ABCF, mas a facção está no centro da maior operação contra o crime organizado da história realizada em setembro.
No sábado (27), o Ministério da Justiça e Segurança Pública emitiu uma recomendação urgente para estabelecimentos que comercializam bebidas. Entre as orientações aos bares, restaurantes, casas noturnas e mercados, estão a conferência de produtos e o fortalecimento da rastreabilidade.
O documento também destaca que preços anormalmente baixos, lacres tortos, erros grosseiros de impressão, odor semelhante a solventes e relatos de consumidores com sintomas devem ser tratados como suspeita de adulteração. A venda de produtos adulterados é crime previsto no Código Penal, com pena de prisão e multa.
O que é metanol
O metanol é uma substância líquida, inflamável e incolor que não pode ser destinada diretamente para consumo humano. É amplamente utilizado como solvente, na fabricação de combustíveis, plásticos, tintas e medicamentos. A substância tem grande potencial de intoxicação, e quando consumido pode levar à morte mesmo em doses pequenas.
Sintomas da ingestão de metanol em bebidas alcóolicas
Segundo a Associação Brasileira de Neuro-oftamologia (ABNO), os sintomas costumam aparecer entre 12 e 24 horas após o consumo. São eles:
- dor de cabeça
- náuseas
- vômitos
- dor abdominal
- confusão mental
- visão turva repentina ou cegueira
O pronto-socorro deve ser buscado imediatamente caso algum dos sintomas seja identificado. O diagnóstico deve ser feito a partir da história clínica do paciente e por exames de sangue e de imagem.
O tratamento é feito com uso de antídotos (como o etanol venoso), bicarbonato para corrigir a acidez no sangue, vitaminas (ácido fólico/folínico) e, nos casos mais graves, hemodiálise para remover o veneno.
Com informações de Agência Brasil.