Presidentes do Brasil e EUA conversaram por 30 minutos: na pauta, a química durante encontro na ONU e pedido do Brasil para revogar tarifaço. Imagem: Fotos de Reuter/Yuri Gripas e Marcelo Camargo/Agência Brasil
Palácio do Planalto divulgou nota sobre o telefonema entre os presidentes Lula e Donald Trump que aconteceu na manhã desta segunda (6). De acordo com o Palácio do Planalto, Trump ligou para Lula e ambos conversaram sobre as relações entre os dois países por 30 minutos. Leia em TVT News.
Quais os principais pontos da conversa entre Lula e Trump:
Em tom amistoso, os dois líderes conversaram por 30 minutos
Lula falou da oportunidade para a restauração das relações amigáveis de 201 anos
Lula também lembrou que o Brasil é um dos três países do G20 com quem os Estados Unidos mantêm superávit na balança de bens e serviços
Trump designou o secretário de Estado Marco Rubio para dar sequência às negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad
Lula e Trump acordaram encontrar-se pessoalmente em breve. Lula disse que pode ser na Cúpula da Asean, na Malásia
Os dois presidentes trocaram telefones para estabelecer via direta de comunicação
Presidentes postam sobre ligação nas redes sociais
Leia a postagem do presidente brasileiro sobre a ligação que ele recebeu de Trump
Recebi, nesta manhã (6/10), telefonema do presidente Trump. Conversamos por 30 minutos e relembramos a boa química que tivemos no encontro em Nova York por ocasião da Assembleia Geral da ONU.
Considero nosso contato direto como uma oportunidade para a restauração das relações…
Na rede social Truth, Trump disse que gostou da conversa e que os países se darão bem, juntos. Imagem: Reprodução Truth Social
O presidente Donald Trump, disse ter gostado da ligação que teve com o presidente brasileiro nesta segunda-feira (6)
Telefonema entre os presidentes Lula e Donald Trump
Leia a nota oficial do Palácio do Planalto sobre a ligação entre Lula e Trump.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu na manhã desta segunda-feira, 6 de outubro, telefonema do presidente Donald Trump, dos Estados Unidos. Em tom amistoso, os dois líderes conversaram por 30 minutos, quando relembraram a boa química que tiveram em Nova York por ocasião da Assembleia Geral da ONU. Os dois presidentes reiteraram a impressão positiva daquele encontro.
O presidente Lula descreveu o contato como uma oportunidade para a restauração das relações amigáveis de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente. Recordou que o Brasil é um dos três países do G20 com quem os Estados Unidos mantêm superávit na balança de bens e serviços. Solicitou a retirada da sobretaxa de 40% imposta a produtos nacionais e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras.
O presidente Trump designou o secretário de Estado Marco Rubio para dar sequência às negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ambos os líderes acordaram encontrar-se pessoalmente em breve. O presidente Lula aventou a possibilidade de encontro na Cúpula da Asean, na Malásia; reiterou convite a Trump para participar da COP30, em Belém (PA); e também se dispôs a viajar aos Estados Unidos.
Os dois presidentes trocaram telefones para estabelecer via direta de comunicação. Do lado brasileiro, a conversa foi acompanhada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, os ministros Mauro Vieira, Fernando Haddad, Sidônio Palmeira e o assessor especial Celso Amorim.
Como foi a ligação entre Lula e Trump
A ligação foi mantida em sigilo e foi negociada após o encontro na ONU, quando Trump disse que houve química entre os dois.
Para fontes na imprensa, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que a conversa entre os presidentes foi positiva do ponto de vista econômico.
A chamada entre Trump e Lula começou por volta das 10h da manhã. A notícia foi publicada primeiro pelo jornalista Túlio Amâncio da Band.
A expectativa é que a videochamada funcione como uma reunião antecipada de um encontro presencial na Malásia, durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático, que ocorre a partir de 26 de outubro e que o tarifaço entre na pauta.
Conversa de Trump e Lula nasceu após a Assembleia Geral da ONU
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou em seu discurso na 80ª Assembleia Geral da ONU, que se encontrou brevemente com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que ambos concordaram em manter uma reunião bilateral. O encontro, segundo Trump, durou cerca de 20 segundos, mas deixou uma impressão positiva para o líder norte-americano.
“Eu e Lula nos encontramos. Nos abraçamos. Concordamos em uma reunião na semana que vem. Falamos rapidamente, mas mal posso esperar. Estou feliz que o encontrei. Ele é um homem muito simpático. Gosto dele e ele gosta de mim. Só faço negócios com quem gosto. Mas tivemos uma ótima química”, declarou Trump, em entrevista à imprensa.
Trump assiste ao discurso de Lula na 80ª Assembleia Geral da ONU. Foto: ONU/Divulgação
A fala de Trump ocorre em meio a um contexto de tensões comerciais históricas entre os dois países. O presidente norte-americano voltou a defender tarifas contra o Brasil. O fato é que tais tarifas têm se mostrado prejudiciais aos cidadãos americanos, além de injustas no sentido jurídico e comercial internacional.
“O Brasil tem que pagar tarifas por interferir contra a liberdade de cidadãos americanos. Estão dizendo qual o problema de usar tarifas? O Brasil também tinha tarifas injustas contra os EUA e atacamos de volta. Sempre vou defender a soberania norte-americana”, afirmou.
Antes de Trump subir ao palco para o discurso, Lula falou de forma incisiva e acusou potências globais de imporem sanções unilaterais, atentarem contra a soberania de nações e promoverem uma “consolidação da desordem internacional”.
“O multilateralismo está diante de uma nova encruzilhada. Esta organização está em xeque. Assistimos a uma consolidação de desordem internacional marcada por seguidas concessões às políticas do poder”, afirmou o presidente. “Sanções arbitrárias e unilaterais estão se tornando regra.”
Em tom direto, Lula traçou um paralelo entre a crise do multilateralismo e o enfraquecimento das democracias, fenômeno que, segundo ele, tem se alastrado pelo mundo com o auxílio de milícias digitais, cultos à ignorância e ataques sistemáticos à imprensa.