Em um ato de reivindicação, lideranças indígenas, ribeirinhas e quilombolas da Amazônia concluíram, nesta segunda-feira (10), a “Carta da Aliança dos Povos Guardiões da Amazônia”. O documento, que carrega as propostas e o conhecimento ancestral desses povos para o enfrentamento da crise climática, será entregue ao presidente-designado da COP30, André Corrêa do Lago, nesta terça-feira (11). Saiba mais na TVT News.
A finalização da carta marcou o ápice da expedição “Banzeiro da Esperança”, um percurso fluvial que transportou as lideranças entre Manaus (AM) e Belém (PA). A jornada serviu como um espaço vital para o debate e a consolidação de um posicionamento coletivo frente aos desafios ambientais.
Conhecimento ancestral na COP30
A mudança no título original de “Carta da Amazônia” para “Carta da Aliança dos Povos Guardiões da Amazônia” sublinha a intenção central do movimento: enfatizar a união entre os diferentes povos da floresta e reafirmar o papel central que eles desempenham na conservação e no combate às mudanças climáticas.
Durante a expedição, os debates foram intensos, focados nos impactos ambientais sofridos em seus territórios, nas ameaças aos seus modos de vida e nas estratégias sustentáveis de manejo que utilizam há séculos. A conclusão unânime foi a da insubstituível importância dos conhecimentos ancestrais e comunitários para a preservação da floresta.
A consolidação da carta foi um processo eminentemente colaborativo. Na noite de sexta-feira (7), os grupos iniciaram a construção do texto respondendo a cinco perguntas norteadoras propostas pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e pela Virada Sustentável.
As perguntas que guiaram a reflexão e a escrita foram:
- O que eu espero de resultado da COP30?
- O que me faz ter esperança?
- Como gostaria de ser visto pelo mundo?
- Como eu, guardião da floresta, sinto a crise climática no território?
- Como os nossos saberes são as respostas para a crise climática?
Conforme Enock Ventura, supervisor de projetos da FAS, a dinâmica foi organizada em estações de debate, onde cada grupo agregava sua vivência e suas propostas. “As perguntas serviam como um ponto de partida. […] No final, os próprios guardiões se reuniram para sintetizar tudo em texto. A carta é feita 100% a partir dos saberes deles”, ressaltou Ventura, destacando que o documento reflete a autenticidade e a profundidade do conhecimento dos povos da Amazônia.
O documento finalizado e lido coletivamente nesta segunda-feira (10) representa, portanto, um mandato direto e legítimo da sociedade tradicional da Amazônia para ser apresentado no mais alto fórum de debates climáticos, visando influenciar as decisões da COP30.
