O Dia da Juventude na COP30 começou com um encontro marcado pela diversidade e pela força das vozes infantis. A Jovem Campeã do Clima, Marcele Oliveira, conduziu uma roda de conversa com 30 crianças e jovens de vários países — entre eles Argentina, México, Egito, Índia, Tanzânia e Canadá — além de participantes de diferentes regiões do Brasil. A atividade ocorreu no Pavilhão de Crianças e Jovens e contou também com a presença de dois símbolos amplamente reconhecidos pelo público brasileiro: o Zé Gotinha, representante da saúde e da vacinação, e o Curupira, guardião das florestas e personagem-símbolo da COP30. Entenda na TVT News.
O encontro teve como propósito criar um espaço seguro e inclusivo para que crianças expressassem suas percepções e ideias sobre a crise climática, conectando-as diretamente a jovens lideranças e instituições. As falas mostraram maturidade, urgência e clareza quanto aos impactos que já sentem e ao papel que desejam exercer na construção das decisões climáticas.
As apresentações iniciais deram o tom do debate. José, 14 anos, embaixador ambiental da Prefeitura de Belém, explicou que utiliza desenhos, HQs, charges e animações para inspirar outras pessoas a refletir sobre o futuro do planeta. “Eu vim aqui para incentivar outras crianças e jovens a fazerem o que eu faço”, afirmou.
Ester, 15 anos, destacou o desejo de ampliar seus conhecimentos para aprimorar projetos ambientais em sua escola e comunidade. Sofia, também de 15 anos, disse representar o Colégio Magnum e reforçou que busca ampliar o espaço de fala dos jovens. Já Maria Isabeli, 15 anos, representante de um grupo de líderes estudantis do Rio Grande do Sul, enfatizou que estava ali para representar sua comunidade quilombola e defender o protagonismo juvenil nas decisões climáticas. A mais jovem entre as primeiras falas, Ayla, de 10 anos, veio de Benevides, cidade referência na primeira infância, e lembrou que “a infância é o presente que nós temos”.

Encontro da juventude na COP30
Ao conduzir o debate, Marcele Oliveira ressaltou a importância de reunir crianças de diferentes territórios — de quilombos, aldeias, favelas e periferias — que, apesar das distâncias geográficas, compartilham experiências semelhantes diante dos efeitos das mudanças climáticas. Ela instigou o grupo com uma pergunta dirigida às futuras salas de negociação: “Se vocês pudessem estar lá dentro, o que diriam?”
As respostas foram diretas. Juca, 14 anos, embaixador da Prefeitura de Belém, pediu que as crianças sejam efetivamente incluídas nos espaços de decisão: “Vocês têm contato com líderes mundiais, mas têm o nosso? Dos quilombolas, ribeirinhos e indígenas? Temos ideias que precisam ser ouvidas”.
João, 11 anos, afirmou que proporia a eliminação dos combustíveis fósseis do mercado. Na avaliação dele, existem alternativas com impactos menores ao planeta. Em seguida, questionou quando as ideias das crianças passarão a ser implementadas, e não apenas ouvidas. “Nós vamos viver as causas das mudanças climáticas. Precisamos ter essa voz”, disse.
O encontro terminou com a leitura de um manifesto por três jovens indígenas — Luna Manchineri, Yará Sateré Mawé e Vicente Baré. No texto, eles afirmam que as crianças indígenas são “a voz da Terra que nunca se calará” e pedem que adultos assumam compromissos reais com a proteção do clima. Reivindicam água limpa, rios livres de petróleo e respeito aos seres vivos. “Somos o presente e o agora”, declararam. “Escutem o nosso chamado: somos parte da solução.”
Inspirada em experiências de conferências anteriores — como a sessão “Vozes do Amanhã – Crianças na COP”, realizada na COP29 — a iniciativa conduzida pela Jovem Campeã do Clima busca ampliar o espaço das crianças nos debates e decisões sobre a crise climática. O encontro realizado em Belém reforça a defesa por uma participação mais efetiva das novas gerações, que deixam claro que não querem apenas ser ouvidas, mas assumir papel ativo na construção das soluções para o futuro.
A atividade foi organizada pelo time da Jovem Campeã do Clima em parceria com UNICEF, Instituto Alana, Save the Children, Center for Global Education, Plant-for-the-Planet, Presidência da COP30 e Secretaria Nacional da Juventude (SNJ).
