Lula defende redução de emissões e exalta participação social na COP30

Em Belém, presidente apresentou balanço das negociações do evento
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Lula também abordou o desafio que foi levar a Conferência para uma cidade que não costuma sediar grandes eventos mundiais. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

O presidente Lula apresentou, nessa quinta-feira (19), em Belém, um balanço das negociações da COP30, que segue até sexta-feira (21). Lula defendeu que as lideranças globais assumam metas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e destacou o “Mapa do Caminho”, proposta brasileira que orienta ações e metas para diminuir o uso de combustíveis fósseis.

“É preciso que as pessoas tenham consciência que todo mundo tem que ter muita responsabilidade. E é por isso que nós colocamos a questão do Mapa do Caminho. Porque é preciso a gente mostrar para a sociedade que nós queremos, sem impor nada a ninguém, sem determinar o prazo, que cada país seja dono de determinar as coisas que ele pode fazer dentro do seu tempo, dentro das suas possibilidades.

Mas nós estamos falando sério. É preciso que a gente diminua as emissões de gases de efeito estufa”, ressaltou Lula. O Mapa do Caminho é uma proposta do Brasil na COP30, que define planos de ação e metas concretas para a redução do uso de combustíveis fósseis em todo o mundo.

Lula abordou o desafio que foi levar a Conferência para uma cidade que não costuma sediar grandes eventos mundiais.

“Eu, desde o início, não tinha dúvida que a gente ia fazer a melhor COP de todas as COPs que foram realizadas até agora”, disse. “Era muito importante para nós colocar a Amazônia como ela é, do jeito que ela é, na cabeça dos povos do mundo inteiro”, explicou. “Hoje as pessoas conhecem, que não só existe uma cidade chamada Belém, que é onde nasceu Jesus Cristo, mas que existe a Belém do Pará, do povo brasileiro, um povo extraordinariamente simpático, agradável e generoso”, completou.

COP do Povo

O presidente também ressaltou que a COP30 se diferenciou das demais conferências por ter tido ampla participação de diversos setores da sociedade.

“Todo mundo tem um papel na sociedade e essa COP foi um pouco isso. Por isso que ela foi feita em Belém. Aqui o povo participou mais. Esta aqui pode ser chamada a primeira COP do povo do mundo inteiro, porque aqui teve gente do mundo inteiro fazendo suas manifestações”, declarou.

Diálogos

Durante a apresentação do balanço, o presidente da Conferência, André Corrêa do Lago fez um resumo da agenda do dia.

“Foi um dia muito bom, no qual nós tivemos encontros com alguns dos grupos negociadores, conversamos sobre alguns dos temas mais complexos da negociação: adaptação, financiamento, o propósito do Mapa do Caminho. Tivemos também encontros com a sociedade civil, com o setor privado e com governos subnacionais, nos quais nós discutimos as imensas consequências da COP30, do ponto de vista econômico e de valorização de aspectos das consequências do combate à mudança do clima”, relatou Corrêa do Lago.

Aporte no TFF

 Já a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, ressaltou a evolução do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), lançado pelo Brasil. “Tivemos a alegria de saber que a Alemanha fez o anúncio do seu aporte. E esse aporte é da ordem de 1 bilhão de euros para o TFFF, graças a todo o esforço que vem sendo feito e numa demonstração de que, de fato, esse instrumento de financiamento global é muito bem desenhado, muito bem estruturado e começa a dar as respostas”, afirmou.

O TFFF cria um novo modelo de financiamento climático: países que preservam as florestas tropicais serão recompensados financeiramente por meio de um fundo de investimento global. Enquanto isso, os investidores recuperam os recursos investidos, com remuneração compatível com as taxas médias de mercado. Na prática, o fundo cria uma nova economia baseada na conservação, tornando a floresta em pé uma fonte de desenvolvimento social e econômico.

Confira outros destaques do balanço do presidente Lula em Belém:

Participação plural

 A participação do povo foi extraordinariamente bonita, ordeira e todos entregaram documento para nós. Estou muito feliz porque pela primeira vez na história das COP, 3.500 indígenas participaram. E porque as mulheres não são objeto nessa COP. As mulheres têm que ser tratadas como uma questão de gênero, merece ser tratada com respeito na participação plena, porque as mulheres não são cidadãs de segunda classe. E é preciso fazer com que nós dirigentes aprendamos isso. O mínimo de colaboração que a gente pode dar é tentar fazer inovação, inovação no nosso comportamento, na nossa visão de nova sociedade, no nosso comportamento, uma nova compreensão do que significa o ser humano nesse planeta.

Compromisso

 Todos os dirigentes do mundo têm que saber que cuidar do clima é cuidar da manutenção e da existência do planeta Terra, porque ainda não encontramos outro lugar para nós sobrevivermos. Cuidar do clima é saber que os países ricos precisam ajudar os países pobres, de que é preciso colocar dinheiro para que as pessoas que têm floresta em pé mantenham suas florestas em pé, para que as pessoas possam saber que mantendo a floresta em pé, ele pode ganhar mais do que derrubando as florestas. Manter a nossa água limpa é um compromisso de manter o planeta funcionando. Isto não é uma coisa abstrata.

Matriz diversa

 Se o combustível fóssil é uma coisa que emite muitos gases, nós precisamos começar a pensar como viver sem combustível fóssil e construir a forma de como viver. E falo isso com muita vontade, porque sou de um país que tem petróleo. Mas também sou de um país que mais utiliza etanol misturado à gasolina. Sou de um país que produz muito biodiesel e o nosso biodiesel já contém 15% de biodiesel misturado. Sou de um país que tem 87% da sua energia elétrica limpa — e eu quero que todos tenham.

Ajuda

E para isso, os países pobres têm que ser ajudados pelos países ricos. Os países ricos podem ajudar a transição energética africana, a produção de biocombustível, a produção de eólica e de solar. Não é apenas um pouco de dinheiro, é transferência de tecnologia, de conhecimento. É ajudar os países a dar um salto de qualidade.

Busca pelo consenso

Eu acho que a minha equipe que está negociando vai conseguir fazer as melhores negociações possíveis. A gente vai conseguir convencer, porque numa COP a gente não impõe nada. Tudo tem que ser por consenso, tudo tem que ser muito conversado. E nós respeitamos a soberania política, ideológica, territorial e cultural de cada país. Não queremos impor nada. Queremos apenas dizer: é possível. E se é possível, vamos tentar construir juntos. Por isso, eu estou feliz.

Com informações da Agência Gov*

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