Escuta na tornozeleira e surto: o que Bolsonaro disse na audiência de custódia

Prisão preventiva do ex-presidente foi mantida
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Bolsonaro está preso em uma cela especial na Superintendência da Polícia Federal (PF). Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou em audiência de custódia no domingo (23) ter passado por uma “certa paranoia” que o levou a violar a tornozeleira eletrônica. Preso por risco de fuga, ele havia admitido no dia anterior ter usado ferro de solda para queimar o aparelho por “curiosidade”. Entenda as versões em TVT News.

A audiência de custódia na Superintendência Regional da Polícia Federal, em Brasília, manteve a prisão de Bolsonaro. Ao ser perguntado sobre a tentativa de violação da tornozeleira, o ex-presidente disse que ocorreu por uma “alucinação” provocada por medicamentos.

Bolsonaro alegou estar usando sertralina e pregabalina, medicamentos utilizados para tratar depressão, ansiedade e convulsões. A combinação dos remédios causam delírios apenas em casos raros. Em entrevista à juíza na audiência de custódia, o ex-presidente alegou estar com “alucinação” de que havia uma escuta na tornozeleira.

Confira o trecho da ata da audiência:

“Pela Juíza Auxiliar foi dito: Indagado acerca do equipamento de monitoramento eletrônico, o depoente respondeu que teve uma “certa paranoia” de sexta para sábado em razão de medicamentos que tem tomado receitados por médicos diferentes e que interagiram de forma inadequada (Pregabalina e Sertralina); que tem o sono “picado” e não dorme direito resolvendo, então, com um ferro de soldar, mexer na tornozeleira, pois tem curso de operação desse tipo de equipamento.

Afirmou o depoente que, por volta de meia-noite mexeu na tornozeleira, depois “caindo na razão” e cessando o uso da solda,ocasião em que comunicou os agentes de sua custódia; O depoente afirmou que estava acompanhado de sua filha, de seu irmão mais velho e um assessor na sua casa e nenhum deles viu a ação do depoente com a tornozeleira.

Afirmou que começou a mexer com a tornozeleira tarde da noite e parou por volta de meia-noite. Informou que as demais pessoas que estavam na casa dormiam e que ninguém percebeu qualquer movimentação. O depoente afirmou que estava com “alucinação” de que tinha alguma escuta na tornozeleira, tentando então abrir a tampa. O depoente afirmou que não se lembra de surto natureza em outra ocasião. O depoente afirmou que passou a tomar um dos remédios cerca de 4 (quatro) dias antes dos fatos que levaram à sua prisão”

Bolsonaro admite ter queimado a tornozeleira eletrônica com um ferro de solda

O ex-presidente, preso por risco de fuga da residência onde estava em prisão domiciliar, admitiu ter usado um ferro de solda para queimar a tornozeleira eletrônica que monitorava sua localização, por “curiosidade”. A fala feita no sábado (22) foi registrada em um vídeo divulgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O vídeo mostra o dispositivo ainda no tornozelo de Bolsonaro, mas com marcas de queimadura. O seguinte diálogo ocorreu:

  • Agente: “O senhor usou alguma coisa para queimar isso aqui?”
  • Bolsonaro: “Eu meti ferro quente aí. Curiosidade”.
  • Agente: “Que ferro foi, ferro de passar?”
  • Bolsonaro: “Não, ferro de soldar, de solda”
  • Agente: “Pulseira aparentemente intacta, mas o ‘case’ [a capa] violado. Que horas o senhor começou a fazer isso, seu Jair?”
  • Bolsonaro: “No final da tarde”.

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